White Island tem atividade permanente e cratera com lago de ácido sulfúrico.
Última erupção foi em 2013; fumaça e enxofre cristalizado dominam paisagem.
Ao longo do filme Interstelar, os personagens de Matthew McConaughey e Anne Hathaway desembarcam em dois planetas inóspitos buscando um novo lar para os humanos. Rochas, cores diferentes, fumaça pelo ar – a sensação de se estar fora da Terra é a mesma que passa pela cabeça do turista ao desembarcar na White Island, único vulcão permanentemente ativo da Nova Zelândia, no Pacífico Sul, com rochas amareladas cobertas de enxofre e um lago verde fosforescente de ácido sulfúrico.
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O vulcão – que para os nativos maoris neozelandeses se chama Whakaari – fica a 50 km da costa da ilha norte do país. O passeio feito pelo G1 saiu de Rotorua (a cerca de 60 km do litoral), e começou com uma viagem de helicóptero de 30 minutos. No caminho, é possível ver os gêiseres e lagos borbulhantes comuns em Rotorua, além de antigas áreas vulcânicas que com suas erupções há milhares de anos moldaram a geografia da região.
Apesar de ser um dos vulcões ativos de mais fácil acesso no mundo – basta ter dinheiro para bancar a viagem de helicóptero ou encarar algumas horas de barco – a White Island é também uma das áreas de mais intensa atividade geotermal do país, o que não é pouco para a Nova Zelândia, que tem vulcões e gêiseres espalhados por boa parte de seu território.
Durante a viagem de helicóptero, a primeira visão da ilha é apenas a de uma nuvem de fumaça branca – o que originou seu nome, “Ilha Branca” em português. Quando a aeronave se aproxima, a primeira visão é de uma ilha rochosa comum, com um paredão montanhoso. Segundos depois, quando o helicóptero começa a circulá-la, é impossível conter o sorriso no rosto conforme sua beleza se revela.
No pouso, a sensação é de se estar na lua, ou em um planeta inóspito parecido com a Terra. Virtualmente não há vegetação na ilha, apenas rochas e muitos gases saindo de todos os orifícios surgidos no solo e nos paredões de pedra. A cratera principal ainda fica um pouco distante, mas a fumaça branca constante que sai dela dá um ar místico ao local.
Formação
A ilha é relativamente pequena: tem cerca de dois quilômetros de diâmetro e uma altitude máxima de 321 metros – 70% dela fica debaixo d’água. Acredita-se que o vulcão tenha cerca de 200 mil anos de idade, mas a parte visível tem sua forma atual há 16 mil anos. Ele foi descoberto em 1769, mas apenas no fim do século XIX iniciaram as tentativas de exploração.
A ilha é relativamente pequena: tem cerca de dois quilômetros de diâmetro e uma altitude máxima de 321 metros – 70% dela fica debaixo d’água. Acredita-se que o vulcão tenha cerca de 200 mil anos de idade, mas a parte visível tem sua forma atual há 16 mil anos. Ele foi descoberto em 1769, mas apenas no fim do século XIX iniciaram as tentativas de exploração.
Diferentemente do imaginário comum de um vulcão, na White Island a cratera principal não ocupa quase toda a ilha. Parte da borda do vulcão cedeu, permitindo o acesso de barco e a chegada ao lago caminhando, sem ser necessário escalar nenhuma montanha. Por isso, o passeio pode ser feito por crianças e idosos, desde que tenham disposição para caminhadas leves.
A cratera fica em uma área mais central, e há muito espaço para exploração de pesquisadores e turistas, que passam por alguns caminhos pré-definidos pelo guia mas também têm certa liberdade para caminhar por perto, sempre tomando cuidado com os buracos e pequenos lagos de água borbulhante que surgem pelo caminho e usando calçados fechados.
É quase impossível fixar o olhar em algum ponto que não esteja expelindo a fumaça branca – que nada mais é do que enxofre. Por isso, além de capacete, os visitantes recebem na chegada uma máscara de respiração, que deve ser colocada sobre o nariz e a boca quando o cheiro fica mais forte devido a uma atividade maior ou mudança dos ventos. Durante a visita do G1, que durou cerca de duas horas, foi preciso fazer isso três vezes – uma delas na beira da cratera principal.
A geografia do vulcão está sempre se alterando. Um pequeno buraco soltando fumaça tinha se formado apenas uma semana antes da visita. Outro, ao lado, com uma água cinza borbulhante, havia surgindo um mês antes e crescido com o passar dos dias.
Paisagem amarela e exploração comercial
Após ser expelido em forma de fumaça, o enxofre se cristaliza na superfície, criando cristais de um amarelo vibrante que chamam a atenção e montam uma bela paisagem em dias de céu azul. Ele também já foi explorado comercialmente na ilha, e os destroços de uma fábrica abandonada ainda estão presentes no local – o único sinal visível de interferência humana.
Após ser expelido em forma de fumaça, o enxofre se cristaliza na superfície, criando cristais de um amarelo vibrante que chamam a atenção e montam uma bela paisagem em dias de céu azul. Ele também já foi explorado comercialmente na ilha, e os destroços de uma fábrica abandonada ainda estão presentes no local – o único sinal visível de interferência humana.
Em 1914, 10 pessoas que trabalharam na fábrica morreram após uma erupção, que jogou pedras sobre a estrutura – as histórias contadas até hoje dizem que apenas um gato que viva com os trabalhadores sobreviveu. Em 1923, uma nova fábrica foi construída, operando por 10 anos, até que a empresa responsável faliu e os trabalhares, sem receber salário, abandonaram a estrutura.
Décadas depois, em 1988, um ciclone que passou pela região gerou fortes ondas que devastaram a estrutura, destruindo-a. Atualmente, apenas os metros superiores das paredes ainda podem ser vistos – as cinzas e outros materiais expelidos pelo vulcão ao longo dos anos foram soterrando-a aos poucos.
Área particular
O vulcão não pertence ao governo, mas a uma família de Auckland. O primeiro dono, George Buttle, era advogado da empresa que operava a fábrica de enxofre e trabalhou no processo de falência. Em 1936, ele comprou a ilha por uma quantia considerada irrisória na época, não divulgada oficialmente.
O vulcão não pertence ao governo, mas a uma família de Auckland. O primeiro dono, George Buttle, era advogado da empresa que operava a fábrica de enxofre e trabalhou no processo de falência. Em 1936, ele comprou a ilha por uma quantia considerada irrisória na época, não divulgada oficialmente.
Até hoje a área permanece com a família de Buttle, permite que pesquisadores monitorem a área e façam estudos – câmeras estão espalhadas pela ilha, assim como diversos equipamentos de medição geológica. Apenas duas empresas de helicóptero e uma de barco são autorizadas a levar pessoas até o local, o que restringe o número de turistas diariamente – colaborando para sua preservação e seu ar de mistério e exclusividade.
A segurança é outro fator a ser levado em consideração – toda a Nova Zelândia fica em uma área de intensa atividade geológica, que é mais intensa perto de um vulcão ativo. Em 2014 foram registrados 350 terremotos na região, a maior parte deles bem fracos.
A última erupção aconteceu em outubro de 2013, quando cinzas e rochas foram expelidas pela cratera principal. Não havia ninguém no vulcão, e a atividade foi captada pelas câmeras de monitoramento.
Segundo os guias, é possível prever a atividade do vulcão por meio da movimentação do lago da cratera principal. Antes de ocorrer uma erupção, o nível do lago de ácido sulfúrico varia bastante, subindo e descendo. Caso isso ocorra, normalmente há tempo suficiente para retirar as possíveis pessoas que estiverem no local.
A intensa atividade vulcânica – o magma, camada de rochas derretidas que fica sob a crosta terrestre, é muito raso por ali – também afeta o ecossistema do Oceano Pacífico nas proximidades. Os gases e materiais orgânicos expelidos nas erupções atingem as águas no litoral da ilha, atraindo milhares e peixes, e como consequência, aves em busca de alimento. A ilha é casa de uma colônia de cerca de 3 mil alcatrazes australianos.
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