Tremor de magnitude 6.9 nesta terça matou mais de 500 na China.
Em janeiro, mais de 200 mil pessoas morreram em terremoto no Haiti.
O ano de 2010 pode ficar marcado por um recorde trágico: aquele em que mais pessoas morreram vítimas de terremotos. Apenas nos quatro primeiros meses, as vítimas de tremores já somam 223.542, segundo o Centro de Pesquisas Geológicas dos EUA (USGS na sigla em inglês), que monitora terremotos em todas as regiões do globo.
O número é inferior apenas a 2004, quando 227.898 morreram após o tremor de magnitude 9.1 que atingiu a costa de Sumatra, na Indonésia, e foi seguido por um tsunami que atingiu 13 países no Oceano Índico.
Ano | Local | Magnitude | Número de mortos | Total de mortos no ano |
2010 | Haiti | 7.0 | 222.570 | 223.542 |
2009 | Sumatra, Indonésia | 7.5 | 1.117 | 1.787 |
2008 | Sichuan, China | 7.9 | 87.587 | 88.011 |
2007 | Pisco, Peru | 8.0 | 514 | 709 |
2006 | Java, Indonesia | 6.3 | 5.749 | 6.605 |
2005 | Paquistão | 7.6 | 80.361 | 82.364 |
2004 | Costa de Sumatra, Indonésia | 9.1 | 227.898 | 228.802 |
2003 | Irã | 6.6 | 31.000 | 33.819 |
2002 | Afeganistão | 6.1 | 1.000 | 1.685 |
2001 | Índia | 7.7 | 20.023 | 21.357 |
2000 | Sumatra, Indonésia | 7.9 | 103 | 231 |
*Fonte: USGS (Centro de Pesquisas Geológicas dos EUA)
Embora o governo do Haiti tenha divulgado um número de mortos superior ao provocado pelo tsunami de 2004, o USGS considera o número de mortes confirmadas pela Coordenação de Direitos Humanos das Nações Unidas.
Nesta terça (13), um forte terremoto de 6,9 graus de magnitude atingiu a província de Qinghai, na China, deixando ao menos 589 mortos e cerca de 10 mil feridos. Foi o terceiro maior do ano em número de vítimas, segundo o centro americano, mas de efeito menos danoso se comparado ao abalo que devastou o Haiti em 12 de janeiro – matando mais de 223 mil pessoas.
Para o pesquisador de terremotos João Willy Corrêa Rosa, sismólogo da UnB (Universidade de Brasília), o tremor teve efeito reduzido se levada em conta a população da China – onde vivem mais de 25% da população mundial – e a região, “uma das mais sísmicas”. “A região fica no encontro da placa da Índia com a da Ásia, a mesma que causou a formação [da cordilheira] do Himalaia”.
O grande número de mortos por terremotos até agora também não indicam uma atividade sísmica acima da média em 2010, segundo o sismólogo. “Não há atividade acima da média. Terremotos como o do Chile [de 8.8 de magnitude] ocorrem uma vez a cada dez anos. Já um como este do Tibete ou o do Haiti ocorrem dez por ano”, diz.
A explicação, afirma o sismólogo, é que o número de mortos não é determinado pela magnitude do tremor e, sim, por fatores como a profundidade (quanto mais superficiais, maiores podem ser os danos) e a proximidade de áreas mais habitadas.
“O terremoto do Haiti, apesar de grande, não foi dos maiores. O terremoto do Chile teve 30 vezes mais energia liberada que o do Haiti ou este no Tibete. No caso haitiano, houve a infelicidade de o epicentro estar embaixo da maior cidade [Porto Príncipe]. Além de ser um país pobre, com casas mal construídas, o que ocasionou as centenas de milhares de mortos”, afirma.
Previsão
Já no caso do terremoto na Indonésia em 2004 – o maior em número de mortos e afetados – colaborou o fato de que a costa do Oceano Índico, à época, ainda não tinha um sistema de alerta de tsunami.
“O tsunami é um fenômeno que nós conseguimos prever que vai haver, mas não ocorre cada vez que tem um terremoto no mar. Tem que haver condições específicas. O de 2004 aconteceu num local que não tinha rede de alerta instalado, o que pegou a população desprevenida.”
Segundo João Willy Corrêa Rosa, embora a tecnologia disponível desde então permita monitorar áreas com maior risco de terremoto e os tsunami, que são conseqüência dos tremores, ainda não é possível prever os abalos.
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