Irmã de jovem morto pelo próprio pai narra histórico de ameaças: "Nunca imaginei chegar a esse ponto"

Segundo a vendedora, o rapaz e o pai brigavam constantemente, além de trocarem ameaças de morte

Kivia Souza e Yne Manuella (redacao@correio24horas.com.br)

24/07/2015 15:18:00Atualizado em 24/07/2015 16:54:54

  

(Foto: Reprodução)

A relação entre Renildo de Jesus dos Santos, 24 anos, e o pai José Lourenço dos Santos sempre foi marcada por brigas e ameaças, mas o crime que aconteceu na noite desta quinta-feira (23) surpreendeu toda a família.

Na quinta, depois de passar o dia na rua com a mulher, o aposentado pegou um machado e golpeou o filho caçula duas vezes na cabeça dentro da sua própria casa. O crime aconteceu por volta das 19h, no bairro Urbis 4, em São Sebastião do Passé, Região Metropolitana de Salvador.

"Eles passaram os dias resolvendo coisas na rua. Quando chegaram ele estava deitado vendo televisão. Minha mãe foi para os fundos da casa e depois só ouviu o grito. Não teve discussão. Acho que foi premeditado", contou a vendedora Renata de Jesus, 32 anos, irmã mais velha de Renildo.

Uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) chegou a ir até a casa da família, mas o rapaz já estava morto. Uma viatura da 10ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM/Candeias) também esteve no local, mas não localizou o suspeito.

Segundo a vendedora, o rapaz e o pai brigavam constantemente, além de trocarem ameaças de morte. "Eles nunca se deram bem. Era desaforado e não respeitava a autoridade de meu pai. Mas nunca imaginei que fosse chegar a esse ponto", disse.

Agressões constantesRenildo estava desempregado, morava na casa dos pais e já chegou a ficar preso depois de agredir o idoso. Segundo Renata, a situação entre os dois piorou há dois anos quando, durante uma discussão, o irmão arremessou uma cadeira contra José Lourenço. O aposentado ficou ferido na boca e decidiu prestar queixa contra o filho. 

Em maio deste ano, Renildo foi julgado e condenado, mas após intervenção dos irmãos, conseguiu o recurso para cumprir a pena em liberdade e pagar cestas básicas. No dia seguinte após sentença, o rapaz voltou a agredir o pai com uma pedrada e foi preso.

Ainda de acordo com a irmã da vítima, ele foi solto no dia 22 de junho, passou alguns dias na casa de um amigo em Aracaju (SE), mas acabou voltando para a casa dos pais. Foi quando recomeçaram as discussões que culminaram no crime de ontem.

Foragido
O corpo de Renildo foi encaminhado para o Instituto Médico Legal Médico de Legal (IML) em Salvador. O sepultamento está marcado para a tarde desta sexta (24) no Cemitério Municipal de São Sebastião do Passé.

De acordo com a delegada Joana Angélica, titular a Delegacia de São Sebastião do Passé, familiares confirmaram que José Lourenço bebia com frequência e tinha comportamento explosivo.

"Existiam conflitos familiares que estavam sendo apreciados aqui pela delegacia. Ele nutria um ódio inexplicável pelo filho. Segundo a mãe da vítima, a raiva começou antes mesmo dele nascer. O conflito durou toda a infância e adolescência, inclusive com os outros filhos", relatou a delegada.

Ainda de acordo com a delegada, o aposentado estava morando em outra casa para evitar novos conflitos com o filho, mas costumava aparecer na casa de surpresa. No imóvel onde aconteceu o crime, moravam a mãe da vítima, Renildo, a companheira dele e a filha de 2 anos.

Até a tarde desta sexta-feira (24), José Lourenço não havia sido localizado. Segundo a polícia, ele fugiu levando a arma do crime. "Ontem ele acompanhou a esposa até a residência e aguardava ela se vestir para levá-la até a igreja. A mulher da vítima foi ao quarto e quando ouviu o grito da sogra flagrou ele com o machado na mão", disse a delegada.

"Estou ouvindo os familiares pois quero ter elementos além dessa morte violenta para instaurar um inquérito com sustentação para enviar à Justiça", concluiu a delegada.