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sábado, 29 de agosto de 2015

Uma festa à altura da diva Maria Bethânia no TCA

Em show com cenário belíssimo de Bia Lessa, Maria Bethânia canta clássicos, inéditas e até uma música em francês
Roberto Midlej (roberto.midlej@redebahia.com.br)
Atualizado em 28/08/2015 12:38:05
  
Com a devida justiça a uma das maiores cantoras do país - se não a maior -, não faltam celebrações aos 50 anos de carreira de Maria Bethânia: em junho, foi a homenageada no Prêmio da Música Brasileira; no mesmo mês, ela ganhou uma festa no Centro de Tradições Nordestinas do Rio. Em julho, ainda na mesma cidade, foi tema da exposição Maria de Todos Nós, ainda em cartaz. No palco, claro, não poderia faltar festejo e a Bahia recebe sua diva hoje e amanhã no TCA. 
(Foto: Alexandre Moreira/ Divulgação)
“Minha mãe sempre comemorou as vitórias e eu aprendi com ela. Desde os 10 anos de carreira, quando festejei no Rio, passei a comemorar com espetáculos especiais a cada cinco anos”, diz Bethânia, com a serenidade habitual, mas muito feliz. Com direção e cenografia de Bia Lessa e coordenação musical de Guto Graça Mello, o show  Abraçar e Agradecer estreou no Rio, passou por outras cinco capitais e já foi gravado para ser lançado em DVD.
No repertório, além dos clássicos que marcaram as cinco décadas da santo-amarense, como Gita (Raul Seixas) e Rosa dos Ventos (Chico Buarque), estão composições feitas  para o show, como Viver na Fazenda e Voz de Mágoa, de Dori Caymmi e Paulo César Pinheiro. “Dori e Paulinho hoje compõem com a generosidade e a fartura que Caetano fazia para as cantoras brasileiras”, diz, referindo-se ao irmão, de quem canta O Quereres e A Tua Presença Morena. 
O show traz as habituais intervenções de textos escolhidos por Bethânia, que desta vez recita Wally Salomão (1943-2003), Fernando Pessoa (1888- 1935), Clarice Lispector (1920-1977) e Carmen L. Oliveira. Os privilegiados que conseguiram o ingresso terão direito a uma rara experiência: ouvir um texto escrito pela própria Bethânia, que não costuma expor suas criações. “Queimo, literalmente, tudo que escrevo porque queimar eterniza e o lume é uma renovação. Mas desta vez eu queria falar no show algo meu”.
Outro momento especial será ouvir Bethânia cantando em uma língua estrangeira: a clássica Non, Je Ne Regrette Rien, que se popularizou com a francesa Edith Piaf (1915- 1963) e, em 2001, ganhou versão de Cássia Eller (1962-2001). Foi a brasileira que motivou a inclusão da música no repertório, diz Bethânia: “Se houve uma grande perda recente da música brasileira, essa com certeza foi Cássia”. Ao cantar em francês, Bethânia diz que não se preocupa em pronunciar perfeitamente as palavras: “Canto em francês com sotaque baiano. Como disse Guimarães Rosa, quem não tem sotaque não tem caráter”.
Bethânia diz que ouve pouca coisa de fora e parou nas grandes divas, como Piaf, Billie Holiday (1915- 1959) e Ella Fitzgerald (1917- 1996). Mas, longe de ser conservadora, assume que está aberta ao pop e ao rock: “Depois dessas divas, ouvi muito Janis Joplin. E, mais recentemente, Amy Winehouse. Voz linda, grande cantora!”. 
Serviço: Teatro Castro Alves (Campo Grande). Hoje e amanhã, às 21h. Ingresso: R$ 100/R$ 50 (A a Z4); R$ 50/R$ 25 (Z5 a Z11) - ESGOTADOS.

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