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domingo, 30 de agosto de 2015

Bebês, 7 perguntas e respostas sobre o refluxo gastroesofágico em bebês

Cintia Baio
Do UOL, em São Paulo
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    O fato do bebê regurgitar após a mamada não quer dizer que ele tem uma doença
    O fato do bebê regurgitar após a mamada não quer dizer que ele tem uma doença

Basta que o ciclo de mamar e, logo em seguida, regurgitar se repita por algumas vezes para os pais pensarem que o bebê está com refluxo. Mas é preciso entender que a volta do leite é algo comum nos bebês —cerca de 50% deles vomitam mais de três vezes por dia— e, na maioria das vezes, não é considerado uma doença, mas, sim, uma condição fisiológica da criança que tende a passar com o tempo.
"Se o vômito não vem acompanhado de dores, perda de peso, dificuldade para dormir e choro constante, trata-se do que chamamos de refluxo gastroesofágico fisiológico. Uma condição transitória que não é caracterizada como doença", explica Cristina Helena Targa Ferreira, presidente do Departamento de Gatroenterologia da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria).
A seguir, especialistas respondem a sete perguntas sobre o assunto:

1 - Por que é comum o bebê vomitar?

A alimentação predominantemente líquida e a posição deitada na maior parte do tempo são alguns dos fatores que colaboram para a regurgitação. O fato de o esfíncter inferior do esôfago, uma válvula que impede o retorno do conteúdo do estômago para o primeiro órgão, ainda não estar bem desenvolvido também contribui para a volta do leite.

2 - Quando o refluxo deixa de ser uma condição normal e passa a ser tratada como doença?

Os médicos passam a investigar se o refluxo fisiológico evoluiu para a doença do refluxo gastroesofágico quando o bebê apresenta outros sintomas além da regurgitação, como choro constante, irritabilidade, baixo ganho de peso e recusa de alimentos. "Mas o choro também é uma queixa comum em crianças sem a doença, sendo muitas vezes apenas parte do processo de adaptação ao ambiente fora do útero. A perda de peso também pode ter outras causas", diz Elizabet Vilar Guimarães, gastropediatra e professora da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).

3 - Até que idade é comum o bebê ter refluxo?

O refluxo gastroesofágico fisiológico –que não é considerado doença— pode ocorrer desde o nascimento e ir aumentando a frequência até os cinco meses. Nessa idade, existem bebês que regurgitam após todas as mamadas. A partir do quinto ou sexto mês, as regurgitações vão diminuindo e tendem a desaparecer quando a criança completa um ano. "À medida que ela permanece mais tempo em pé, o sistema digestivo evolui e ela passa a comer mais alimentos sólidos, o que faz com que o refluxo tenda a diminuir", afirma a presidente do Departamento de Gatroenterologia da SBP.

4 - Refluxo pode ser evitado?

Não há uma maneira de evitar o refluxo, mas, sim, minimizá-lo. Para isso, os especialistas dão algumas dicas como:

- Não alimentar o bebê deitado;
- Após a mamada, deixá-lo no colo, ereto, de 20 a 30 minutos. A medida favorece o esvaziamento gástrico, diminuindo a quantidade de leite no estômago; 
- Evitar a troca de fralda logo após as mamadas;
- Evitar que o bebê permaneça em ambientes com fumantes;
- Fracionar as mamadas, ou seja, oferecer leite mais vezes, porém em quantidades menores;
- Elevar a cabeceira do berço até formar um ângulo de 30 graus.

5 - Existem exames que identificam a doença do refluxo?

Os médicos dizem que não existe um exame específico que indique a doença do refluxo. Portanto, a avaliação clínica é a mais indicada para constatar o problema. "Se houver necessidade de investigar, a avaliação solicitada vai depender dos sintomas apresentados pelo bebê", diz Ana Cristina Fontenele Soares, pediatria e gastroenterologista do Hospital Infantil Sabará, em São Paulo. Entre os exames podem ser solicitados a pHmetria esofágica (feita por meio da introdução de uma sonda na narina da criança) e a endoscopia digestiva alta. "Quando se quer afastar alterações anatômicas ou se tem um quadro de pneumonias de repetição, são solicitados outros exames mais específicos", afirma Ana Cristina.

6 - Existem remédios para a doença do refluxo?

Segundo a gastropediatra Ana Cristina, não existe uma medicação que possa fazer o bebê parar de regurgitar. "Os remédios indicados vão atuar em outros sintomas, como a irritabilidade, a dor e a recusa alimentar, que são decorrentes da doença do refluxo gastroesofágico", afirma.

7 - Refluxo pode causar outras doenças, como pneumonia, tosse ou sinusite?

A doença do refluxo gastroesofágico pode estar relacionada a algumas doenças, como a asma grave e persistente e em adultos, com a tosse crônica. Quanto a outras doenças como pneumonia, sinusite, chiado no peito e tosse não existe um consenso de que possam estar relacionadas com o refluxo gastroesofágico.
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Nem sempre que as crianças reclamam de dor ou sofrem algum mal-estar, como febre e diarreia, é necessário ir ao hospital ou consultório do pediatra. Os especialistas recomendam que os pais busquem investigar a origem do quadro, observem a evolução dos sintomas e tomem medidas simples, porém eficazes, para ajudar os filhos melhorarem | Consultoria: Camila Richieri Gomes, professora de pediatria da Faculdade de Medicina do Centro Universitário São Camilo, em São Paulo; Maria Zilda Aquino, pediatra do Hospital Sírio-Libanês, também na capital paulista, e Evandro Roberto Baldacci, professor do Departamento de Pediatria da USP | Por Maria Laura Albuquerque | Do UOL, em São Paulo Getty Images

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