Em papo com Galvão Bueno no Esporte Espetacular, ele revelou que vai se preparar para ser diretor de futebol apesar de ter recebido propostas para jogar no São Paulo e no Milan
Por Marcel Merguizo, São Paulo, SP
Kaká chegou ao palco que o projetou para o mundo com uma camisa na qual se lia apenas uma palavra: futebol. E é neste mesmo futebol que o consagrou que ele vai permanecer. Agora, porém, não mais como jogador profissional. Kaká se aposentou (clique no vídeo e veja a entrevista completa).
No Morumbi, em uma noite fria, o que o fez vestir um agasalho, o melhor jogador do mundo de 2007 revelou a Galvão Bueno que a camisa do Orlando City, dos Estados Unidos, foi a última que ostentou como atleta. Além da seleção brasileira, pela qual jogou três Copas e ganhou a de 2002, como meia-atacante ele também atuou por São Paulo, Milan, Real Madrid e Orlando.
Aos 35 anos e exatamente dez após ganhar o prêmio máximo dado a um jogador pela Fifa, Kaká fez o anúncio.
- A minha palavra final é que o ciclo da minha carreira como jogador profissional se encerra aqui.
Com os olhos marejados, sentado em frente à última Bola de Ouro e do último troféu de melhor do mundo da Fifa recebido por um brasileiro (depois só Messi e Cristiano Ronaldo os receberam), Kaká explicou a Galvão como tomou a decisão.
- Eu precisava de um tempo para pensar e tomar uma decisão muito tranquila, muito calma e muito consciente do que eu gostaria para minha vida profissional. Aí eu pedi para algumas pessoas muito próximas, meus pais, meu irmão, minha namorada e a esposa do meu irmão, são cinco pessoas, pedi para que a gente fizesse um período de orações. E estudando, vendo o que acontecia nesse momento, propostas. Eu fui para a Europa para ver alguns jogos, sentir a emoção do jogo ali, onde o futebol realmente tem seu ponto máximo. E muito consciente eu cheguei à conclusão que é o momento de encerrar a minha carreira como jogador profissional.
Além do São Paulo, clube no qual começou a carreira profissional em 2001, Kaká também recebeu proposta para seguir jogando e, depois, se tornar dirigente do Milan, time pelo qual atuava quando foi eleito melhor do mundo em 2007. E a Itália está entre os possíveis destinos do, agora, ex-jogador que deseja se tornar dirigente.
- Chega a nova etapa da preparação. Agora vou me preparar para continuar no futebol e ter uma outra função, mas não vai ser mais como um jogador profissional, atleta. Eu gostaria de participar do clube de uma forma mais... um manager, um diretor esportivo, alguém que fica entre o campo e o clube. Eu me preparei muito para ser jogador profissional e quero me preparar para essa nova função, quero ver e enxergar um pouco de fora. O fato de ter tido êxitos como jogador profissional não significa que vou ser um bom diretor ou não. Então quero me preparar para isso daqui em diante, estudar, acompanhar, estar mais próximo de alguns clubes, principalmente aquele onde eu joguei. O Milan recentemente fez essa proposta para que eu tivesse ali no dia a dia do clube. São coisa que vou começar a me preparar, e daqui para frente ir me aproximando de uma outra função no futebol.
Em meio a camisas e chuteiras de períodos marcantes de sua carreira, Kaká revisitou toda sua trajetória no futebol, assistiu a gols memoráveis e recordou histórias no bate-papo com Galvão. Então, em uma homenagem final, os refletores se acenderam para o craque.
Depois da gravação, já madrugada adentro, Kaká permaneceu no gramado, com sorriso largo no rosto, ainda tirou fotos pessoais e brincou de bola no Morumbi. Desta vez, entretanto, sem a pressão de quem brilhou naquele e em outros campos. Divertiu-se. Com a mesma alegria de quem horas antes passou pelos corredores do estádio são-paulino, viu fotos em sua homenagem na parede que dá acesso ao vestiário e subiu com calma os degraus do túnel de acesso ao campo, Kaká partiu para casa. Aposentado. E feliz.
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