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Nos próximos dias, Gabriel Medina pode sagrar-se o primeiro brasileiro campeão mundial de surfe da história. Mas dificilmente será o último. O sucesso recente dos brasileiros no WCT está inspirando as novas gerações e muitas crianças estão iniciando precocemente na modalidade com o apoio dos pais, algo raro até poucos anos.
Yan Söndahl é uma delas. E lá vem ele caminhando o mais rápido que suas curtas pernas permitem pelas areias de Banzai Beach. Longos cabelos loiros ao vento, pranchinha debaixo do braço e olhos vidrados nas ondas que quebram por ali, refletindo a ansiedade típica de uma criança de dez anos prestes a iniciar sua brincadeira favorita.
Ele não tem nem um metro e meio e já surfa a temida Pipeline. Mas a pedida do dia é Off the Wall, para encher de rasgadas estilosas as ondas pequenas que colocaram o Pipe Masters em compasso de espera. Medo?
"Aqui hoje está sem coral. Toda a bancada de coral e de pedra está coberta com areia. E na Indonésia não tem isso, né. E eu comecei a surfar no coral lá. Então, sei lá, eu tenho uma confiança, já que eu só me machuquei umas cinco vezes", conta o pequeno surfista com uma naturalidade incrível e até cômica.
A viagem para a Indonésia no ano passado mudou a vida de Yan. Lá, meio por acaso, conheceu seu maior ídolo no esporte: Gabriel Medina. "Eu comecei a ser amigo dele lá na Indonésia, ano passado em Keramas, no WCT que teve lá. A gente chegou no mesmo hotel que ele estava e a gente nem sabia. Daí o Gabriel veio perto da gente e começamos a conversar com ele. Brincamos na piscina que tinha lá e ele virou meu amigo", relembra animado.
Além do líder do ranking mundial, Yan conheceu um dos melhores amigos de Medina, Jonathan Paiva, que assim como um dia fez com Gabriel, acabou "adotando" Yan.
"O Jô foi quem começou a treinar o Medina quando ele começou a surfar. Aí como o Jô é meu amigo ele está me treinado agora também", conta o Yanzinho para explicar sua evolução no último ano.
Nascido em Balneário Camboriú, mas criado em Curitiba e São Francisco do Sul, Yan mudou-se recentemente com o pai para a praia de Maresias, no litoral norte de São Paulo, para se desenvolver no surfe e ficar mais próximo dos novos amigos. Essa não foi a primeira escolha que Carlos Sondahl fez em prol do futuro do filho no esporte.
Piloto de motocross, uma vez teve que escolher entre pagar a inscrição em um campeonato ou dar ao pequeno Yan a vaga em uma competição de surfe. Ali, a paixão de Yan que se iniciou aos 4 anos com o skate na capital paranaense e passou pelas aulas de surfe em São Francisco do Sul para suprir a falta de pistas, ganhou o primeiro apoio necessário para se tornar mais séria.
Hoje, Yanzinho participa de diversos campeonatos de base e viaja em busca das melhores ondas. Seguindo os passos do ídolo Medina, ele espera alcançar seu maior sonho:
"O meu sonho é disputar o WCT, é o melhor campeonato que eu já vi e é o que eu gosto de fazer."
Por enquanto, ele assiste vidrado aos melhores surfistas do mundo em ação para depois imitá-los na água. Mas no Pipe Masters, teve que escolher entre seus dois maiores ídolos no surfe. "Gabriel Medina e Mick Fanning, o primeiro e o segundo (risos). Só que eu estou torcendo mais pro Gabriel. Brasileiro tem que torcer pro Brasil, né."
A cada nova pergunta o garotinho bem articulado vai ficando gradualmente monossilábico. O mar está melhorando e ele não vê a hora de cair na água. Não tem problema. Com esse talento, outras tantas entrevistas virão.
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