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Apesar de ter sido afastado de seu mandato na Casa, Eduardo Cunha segue tendo enorme influência entre os parlamentares
A disputa pela liderança do governo na Câmara colocou em lados opostos o grupo do presidente da República em exercício, Michel Temer (PMDB), e do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afastado do comando da Casa por decisão do Supremo Tribunal Federal.
No páreo pela condução das discussões e votações dos projetos do novo governo no plenário está o líder do PSC, André Moura (SE), e o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ). O primeiro é ligado a Cunha e representa o grupo de partidos conhecidos como centrão, integrado também por PR, PP, PSD e PTB. Já Maia conta com o patrocínio de Moreira Franco, braço direito de Temer e atualmente responsável pelo Programa de Parceria de Investimentos do governo.
O embate revela também uma disputa por quem deve dar as cartas na Casa na gestão Temer. Isso porque Maia representa o grupo de legendas que fizeram oposição ao governo Dilma, como DEM, PSDB e PPS, as quais, cada qual a seu tempo, se posicionaram a favor do afastamento de Cunha da presidência da Câmara. Moura pertence ao centrão, é apadrinhado pelo parlamentar afastado e pretende manter o protagonismo na Casa na atual legislatura.
A disputa entre os dois grupos tem desagradado aos ministros palacianos e será motivo de discussão com o presidente em exercício ao longo desta semana. A avaliação é de que não dá para a liderança de governo virar alvo de disputa dentro da base de Temer logo na sequência de ele assumir a Presidência da República.
Apesar do descontentamento com a discórdia, dentro do Palácio do Planalto, Maia é visto como o nome mais cotado para assumir a liderança do governo, principalmente porque ajudaria a desvincular, em parte, as imagens de Temer e Cunha.
No entanto, como Temer tampouco quer se indispor com Cunha, que ainda mantém grande influência na Câmara, uma das alternativas estudadas para evitar desgastes iniciais na base aliada é dividir as atribuições entre os dois deputados.
Nesse sentido, Moura ficaria como primeiro vice-líder do governo e atuaria mais na costura dos acordos e articulação nos bastidores para a votação das propostas de interesse. Já Maia desempenharia uma função de embate ideológico e enfrentamento da oposição na tribuna da Casa.
Dentro da disputa pelo comando da liderança também há um componente regional em razão de Cunha e Moreira Franco terem um histórico de desentendimento na condução do PMDB fluminense.
Liderança do PMDBAlém do desentendimento para definir com quem ficará a condução das votações do novo governo, Temer também tem no horizonte um embate dentro da própria bancada do PMDB da Câmara. Com a indicação do deputado Leonardo Picciani (RJ) para o Ministério dos Esportes, disputam a liderança do partido os deputados Leonardo Quintão (MG) e Baleia Rossi (SP).
Segundo Quintão, que ocupa a vice-liderança, "a grande maioria" da bancada tem se posicionado a favor de um acordo para que não seja realizada eleição para ele continuar no cargo. O deputado mineiro considera que o processo pode dividir o partido e prejudicar o início do mandato do governo de Temer.
"Sem PMDB em sintonia não teremos condições de aprovar matérias na Casa", afirma o parlamentar. Em tom mais ameno, Baleia Rossi alega que vai propor um encontro nesta com Quintão e trabalhar por um acordo. "O importante, agora, é a unidade da bancada, é buscarmos um entendimento para evitar uma disputa desnecessária."
A reportagem apurou que Rossi, presidente estadual do PMDB de São Paulo e ligado a Temer, é considerado dentro do Palácio do Planalto o nome mais cotado para assumir a liderança do governo na Câmara.
Veja quem compõe a tropa de choque de Temer:
Eliseu Padilha (PMDB-RS), que assume agora como ministro-chefe da Casa Civil, já foi ministro da Secretaria de Aviação Civil (governo Dilma) e dos Transportes (governo FHC). Foto: Pedro França/Agência Senado - 6.5.15
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