Os locais para concentração das obras foram escolhidos de acordo com a demanda, segundo Bellintanni
A doméstica Janice Bispo Conceição, 30 anos, comemorou quando conseguiu, no ano passado, ser sorteada para conseguir uma vaga no Centro de Educação Infantil do bairro de Jardim Cajazeiras para as duas filhas, as gêmeas Julia e Jade, 3 anos. “Eu gastava R$250 em uma creche particular, não tinha mais condições de pagar, é um dinheiro que agora vai para alimentação e educação delas”, conta.
Há dois anos, a autônoma Santos, 28, precisou dormir na porta da escola durante uma madrugada para garantir a vaga de Esther e Estela, 2 anos, no Centro Municipal de Educação em Fazenda Coutos 3. “Era a maior dificuldade”. Amanda e Ananda, também dois anos, já têm a vaga garantida, mas não é só por isso que a mãe delas, a cuidadora de idosos Ana Claudia Barbosa, respira aliviada.
 |
|---|
Cristina Santos com as filhas gêmeas Esther e Estela (Foto: Marina Silva)
|
Nesta quinta-feira (6), a prefeitura anunciou a duplicação do número de vagas na educaçãoinfantil da rede municipal, que passa de cerca de mil para 40 mil vagas. “Eu tenho outra menina, de sete meses, Ana Julia, já fiquei tranquila agora que vai ter vaga para ela também e eu vou poder voltar a trabalhar”, comemora.
Com a iniciativa, R$100 milhões serão investido na construção e reformas dessas unidades, 60% desse valor corresponde a contrapartida dada pelos shoppings de Salvador por conta da autorização dada pela prefeitura para o início da cobrança dos estacionamentos nos estabelecimentos, após decisão judicial.
Gestora do CMEI Maria da Conceição Costa, no Jardim Cruzeiro, Vera Lúcia Ferreira conta que o número de vagas ofertadas em bairros populares como no que atua sempre são insuficientes. “A gente matricula de acordo com a escolha do sorteio eletrônico, mas muitas mães ficam de foram, muitas nos procuram. Como uma entusiasta da educação eu fico feliz de ver esse avanço que foi apresentado hoje”, afirmou.
 |
|---|
ACM Neto falou das novidades (Foto: Mauro Akin Nassor)
|
Histórico
O prefeito contou que a educação infantil em Salvador começou a ser ofertado há 80 anos, com a inauguração do Centro Municipal de Educação Infantil Baronesa de Sauípe, na Ribeira. De lá para cá, estima a prefeitura que foram criadas 20 mil vagas na educação municipal. “Vamos dobrar esse número em apenas dois anos”, comparou o prefeito.
O prefeito contou que a educação infantil em Salvador começou a ser ofertado há 80 anos, com a inauguração do Centro Municipal de Educação Infantil Baronesa de Sauípe, na Ribeira. De lá para cá, estima a prefeitura que foram criadas 20 mil vagas na educação municipal. “Vamos dobrar esse número em apenas dois anos”, comparou o prefeito.
Em seu discurso no evento, Bellintani comparou a atual situação das vagas no município como a brincadeira das danças das cadeiras, onde ficavam muitas crianças de fora com a insuficiência de vagas.
“Se tivéssemos hoje 40 mil vagas teríamos um atendimento pleno das crianças que já buscam a rede municipal, isso não quer dizer que com esse mesmo 40 mil a gente terá (esse atendimento pleno), mas quanto mais a creche se aproxima da comunidade a demanda vai crescendo”, afirma o secretário. Segundo ele, um levantamento técnico feito pela secretaria apontou para a necessidade de 70 a 80 mil vagas. “Isso considera que os pais vão trocar uma unidade da rede particular por uma creche da prefeitura ou tirar os filhos do cuidado que já têm hoje com os parentes ou com um vizinho”, acredita.
O prefeito ACM Neto ressaltou os impactos da ampliação em outras questões “Em termos de políticas sociais uma das coisas mais importantes que temos é oferecer vagas em creches e pré-escolas para as nossas crianças. Essa iniciativa de dobrar o número de vagas não tem só impacto na educação, dá, por exemplo, a possibilidade que a mãe e o pai possam buscar o seu emprego”, afirmou o prefeito ACM Neto.
Bairros
Os locais para concentração das obras foram escolhidos de acordo com a demanda, segundo Bellintanni. “Foram observadas não só as nossas listas de espera que tínhamos, mas também casamos isso com as informações do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) no que se refere a crianças de zero a cinco anos que não são atendidas por creches ou pré-escolas. É uma escolha sobretudo técnica”, explicou o titular da Smed.
Bairros
Os locais para concentração das obras foram escolhidos de acordo com a demanda, segundo Bellintanni. “Foram observadas não só as nossas listas de espera que tínhamos, mas também casamos isso com as informações do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) no que se refere a crianças de zero a cinco anos que não são atendidas por creches ou pré-escolas. É uma escolha sobretudo técnica”, explicou o titular da Smed.
Formato
Todas as unidades serão chamadas de Creche e Pré-escola Primeiro Passo. Segundo a prefeitura se trata de um modelo compacto de unidade educacional que é apresentado como solução para resolver a dificuldade atual de haver terrenos disponíveis e com características que facilitem a instalação e permanência das atividades acadêmicas.
Todas as unidades serão chamadas de Creche e Pré-escola Primeiro Passo. Segundo a prefeitura se trata de um modelo compacto de unidade educacional que é apresentado como solução para resolver a dificuldade atual de haver terrenos disponíveis e com características que facilitem a instalação e permanência das atividades acadêmicas.
Cada uma das novas unidades vão custar R$2 milhões e geram cerca de 400 vagas. Em média, a prefeitura calcula que uma nova vaga custará R$ 5,5 mil, sem incluir os gastos com os equipamentos das unidades.
Até o final do próximo ano, 31 unidades serão construídas e outras dez locações de imóveis vão ser reformadas para se adequarem ao novo modelo. Segundo Bellintani, cerca de 150 novas salas de aula serão construídas em unidades já existentes.
“No programa de creche do governo Federal temos unidades com quadra de esporte com tamanho especial, sala de vídeo, de dança, biblioteca... Isso custaria R$23 mil por vaga. A gente fez um estudo mais compacto à realidade de Salvador, com cozinha, sala de diretores e professores, banheiro e salas de aula com dimensões previstas pela legislação federal, mas que não têm quadras de esportes, por exemplo”, detalha Bellintani.
Segundo ele o “direito de brincar” será garantido por espaços em áreas abertas como jardins e pequenos parques. “Temos um recurso limitado e o nosso objetivo é construir o maior número de vagas dentro das comunidades, deixar de construir uma quadra para construir uma sala na nossa opinião é algo positivo. O que a gente não quer é que crianças fiquem de fora”, afirma o secretário.
Os terrenos que vão receber as novas escolas já começaram o processo de serem terraplanados, o que deve facilitar o início das obras nos próximos 60 dias, segundo a expectativa da Smed.
 |
|---|
Secretário Bellintani detalhou vagas (Foto: Mauro Akin Nassor)
|
Primeiro Passo
Lançado há mais de um ano, o programa Primeiro Passo - que oferece um auxílio de R$ 50 por mês para crianças de 0 a 5 anos em condição de vulnerabilidade social que estão fora da rede municipal de educação – não deve ser descontinuado com a abertura das mais de 20 mil novas vagas. “A gente não tem pressa para reduzir a transferência para o primeiro passo, que está sendo muito bem avaliado e está atingindo o objetivo. Ele vai ser necessário por um grande período, já que não estamos garantindo que as vagas vão contemplar a todos”, afirmou Bellintani.
Lançado há mais de um ano, o programa Primeiro Passo - que oferece um auxílio de R$ 50 por mês para crianças de 0 a 5 anos em condição de vulnerabilidade social que estão fora da rede municipal de educação – não deve ser descontinuado com a abertura das mais de 20 mil novas vagas. “A gente não tem pressa para reduzir a transferência para o primeiro passo, que está sendo muito bem avaliado e está atingindo o objetivo. Ele vai ser necessário por um grande período, já que não estamos garantindo que as vagas vão contemplar a todos”, afirmou Bellintani.
Os casos serão, no entanto, reavaliados de acordo com a matricula na rede. “Um exemplo: nas ilhas a gente gera agora 800 vagas, inclusive em Bom Jesus do Passos e Paramana, certamente as famílias que estão nessas comunidades recebendo o primeiro passo deixarão de receber, mas a Ilha de Maré a gente não está ampliando vagas e permanecem no programa”.
O prefeito ACM Neto afirmou que a duplicação do número de vagas é um segundo passo do programa. “Desde quando lançamos dissemos que o Primeiro Passo não seria linha de chegada, mas de partida . Uma ação emergencial”, lembrou.
Críticas ao Governo Federal
Segundo o prefeito ACM Neto, as dificuldades de implantação do programa de creche do governo federal, o Proinfância, exigiu da prefeitura a necessidade de assumir o déficit de vagas e investir, com recursos próprios na ampliação das salas de aula voltadas para creche e pré-escola. “O programa das creches do governo federal não conseguiu, em todo Brasil, atingir nem 10% do que esperado”, criticou o prefeito. Segundo o prefeito, as exigências feitas pelo o governo federal inviabilizam a execução do programa nos municípios. Segundo Bellintani, há 41 obras deste programa paradas em Salvador por falta de repasse.
Segundo o prefeito ACM Neto, as dificuldades de implantação do programa de creche do governo federal, o Proinfância, exigiu da prefeitura a necessidade de assumir o déficit de vagas e investir, com recursos próprios na ampliação das salas de aula voltadas para creche e pré-escola. “O programa das creches do governo federal não conseguiu, em todo Brasil, atingir nem 10% do que esperado”, criticou o prefeito. Segundo o prefeito, as exigências feitas pelo o governo federal inviabilizam a execução do programa nos municípios. Segundo Bellintani, há 41 obras deste programa paradas em Salvador por falta de repasse.
A falta de espaços para construção das creches foi também uma dificuldade. “A escolha dos terrenos feita pelo governo que me antecedeu foi inconsequente e sem resultados práticos, tivemos que partir do zero e a prefeitura teve que assumir a responsabilidade com recursos do município, devido ao insucesso do programa das creches do governo federal”, afirmou o prefeito. Segundo o prefeito, dos 140 terrenos levantados para a construção de unidades através do programa federal, apenas cinco eram realmente viáveis. Entre os desclassificados estariam áreas provadas, Áreas de Proteção Ambiental (Apa) e conjuntos habitacionais já estabelecidos. “A pátria educadora está se construindo de verdade na primeira capital do Brasil”, ironizou Bellintani.
Segundo o secretário, assumir a pasta da educação mudou sua perspectiva. Antes, como estudioso e empresário da área da educação apostava no ensino superior. Agora, vê que o grande erro dos pais é descuidar da educação infantil. “Estamos o tempo todo preocupados com os problemas do Fies, do Prouni, do Ciências Sem Fronteiras, que são questões legítimos, mas a grande carência está na educação básica”, avaliou.
Procurada, a Fundação Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) informou que está levantando a situação de Salvador no programa e que responderá hoje.
Nenhum comentário:
Postar um comentário