Suspeita é de que pescadores mataram aves em ilha no sul do país para usar carne como isca em caça de crustáceo.
A Justiça chilena investiga a denúncia de que milhares de pinguins foram mortos "a pauladas e machadadas" por pescadores em uma ilhota no sul do país.
Investigações preliminares e o depoimento de um pescador que teria participado da matança sugerem que os animais foram mortos para que sua carne fosse usada como isca na pesca de um crustáceo típico da região.
De acordo com a polícia e com a ONG Fundación Orca Chile, o número de pinguins mortos poderia superar os dois mil.
O caso ocorreu na ilhota de Leguas, ao extremo sul da ilha de Chiloé, na Região dos Lagos, no sul do país.
"Recebemos a denúncia por parte de um dos pescadores que participou, mas se arrependeu e resolveu contar o que houve", disse à BBC Brasil em entrevista por telefone Víctor Casanova, da Brigada Investigadora de Delitos contra o Meio Ambiente e o Patrimônio Cultural (Bidema) da polícia chilena.
A ilhota Leguas fica em um lugar de difícil acesso e as dificuldades climáticas impediram o andamento das investigações. Casanova só conseguiu chegar ao local na terceira tentativa, com um barco da Marinha, onde fotografou e recolheu vestígios de sangue das aves. Estes foram encaminhados ao Ministério Público, que agora comanda as investigações.
A ilhota é habitada por pinguins e não tem moradores ou atividade turística, apesar de a Região dos Lagos ser conhecida pela forte presença de turistas.
Os pinguins de Magalhães estariam sendo usados como isca na pesca de jaibas (um tipo de crustáceo). A testemunha que revelou o caso confessou à polícia ter matado quarenta pinguins somente numa viagem e afirmou que eles foram "destruídos para virar carniça usada em armadilhas para jaibas" .
"O problema é que a legislação é frágil e prevê apenas multas para estes crimes terríveis. Nós precisamos de legislação mais rigorosa para impedir que os pinguins sofram estes ataques", disse por telefone Francisco Henríquez, da ONG Orca Chile.
Segundo Henríquez, as denúncias incluíram ainda a morte de lobos-marinhos que também poderiam ter sido transformados em isca para a pesca na região.
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