Procuradoria entende que episódio de tentativa de compra do silêncio de Nestor Cerveró interessava só ao ex-senador, e não ao ex-presidente
O Ministério Público Federal encaminhou à Justiça Federal em Brasília recomendação para absolver o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de acusações surgidas a partir da delação do ex-senador Delcídio do Amaral (ex-PT) . O processo diz respeito a episódio de tentativa de compra do silêncio do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró e tem como réus, além de Lula e Delcídio, o banqueiro André Esteves; o pecuarista José Carlos Bumlai e seu filho, Maurício de Barros; o advogado Edson Ribeiro Filho e o ex-chefe de gabinete de Delcídio Diogo Ferreira Rodrigues.
O MPF alega nas alegações finais encaminhadas ao juiz Ricardo Augusto Soares Leite, da 10ª Vara Federal em Brasília, que, diferentemente do afirmado por Delcídio, os esforços para impedir o fechamento de um acordo de delação premiada por parte do ex-diretor da Área Internacional da Petrobras não interessava a Lula , mas sim ao próprio ex-senador.
“Para o procurador, ao contrário do que afirmou Delcídio do Amaral – tanto na colaboração quanto no depoimento dado à Justiça –, o pretendido silêncio de Cerveró, que à época cumpria prisão preventiva, não foi encomendado ou interessava a Lula, mas sim ao próprio senador”, diz nota do MPF, que também pediu a absolvição de André Esteves .
Por conta das informações consideradas falsas prestadas pelo ex-senador, o procurador da República Ivan Cláudio Marx recomenda ainda que a Justiça suspenda os benefícios concedidos a Delcídio por conta de seu acordo de colaboração.
Em novembro do ano passado, o próprio Cerveró havia declarado à Justiça que as investidas de Delcídio em impedi-lo de delatar tinham interesse próprio. O ex-líder do governo no Senado, no entanto, garantiu em sua delação que o plano para calar Nestor Cerveró era de interesse do ex-presidente e do dono do banco BTG Pactual.
A narrativa de Delcídio
Lula é citado 186 vezes no termo de delação do ex-senador e é apontado por Delcídio como "mandante dos pagamentos à familia Cerveró". O esquema relatado pelo ex-senador dava conta de que Lula teria pedido sua ajuda para repassar dinheiro de José Carlos Bumlai à família do ex-diretor da Petrobras a fim de evitar que o pecuarista fosse delatado por Cerveró.
Delcídio, desse modo, teria recebido R$ 50 mil das mãos do filho de Bumlai, Maurício de Barros, e escalado seu assessor Diogo Ferreira para levar a quantia ao advogado Edson Ribeiro, que representava Cerveró. A descoberta do esquema levou o então senador a ser preso no fim de 2015, em Brasília.
Além de pedir a absolvição de Lula e de André Esteves, a Procuradoria recomendoou em suas alegações a condenação dos demais réus da ação penal por obstrução de Justiça e patrocínio infiel, que é quando o advogado atua para prejudicar o cliente.
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