Em discurso televisionado sobre a anexação da província, Putin diz que o resultado do referendo é 'extremamente convincente'
Em um emocionado discurso televisionado de 40 minutos, o presidente russo, Vladimir Putin, afirmou nesta terça-feira que "no coração e na mente das pessoas, a Crimeia sempre foi parte integral da Rússia". A afirmação foi feita logo depois de ter anexado a região com uma canetada, descrevendo a medida como uma correção de injustiças passadas e uma resposta necessária ao que classificou de inserção ocidental nos interesses vitais russos.
Em seu discurso perante as duas Casas do Parlamento em Moscou, Putin desconsiderou as críticas ocidentais sobre o referendo realizado na Crimeia no domingo — no qual os residentes da estratégica península do Mar Negro de lavada aprovaram a secessão da Ucrânia e a anexação pela Rússia — como uma manifestação dos padrões duplos do Ocidente.
Para Putin, os direitos da população de etnia russa da Crimeia haviam sido deixados de lado pelo governo ucraniano, e o referendo esteve de acordo com o direito internacional e reflete a autonomia e autodeterminação da região.
Para apoiar sua afirmação, ele apontou o movimento de independência de Kosovo da Sérvia — apoiado pelo Ocidente e que sofria oposição da Rússia —, dizendo que a secessão da Crimeia em relação à Ucrânia repete a própria secessão da Ucrânia e da União Soviética em 1991.
Ele negou as acusações ocidentais de que a Rússia invadiu a Crimea antes do referendo, dizendo que as tropas russas foram enviados para respeitando os termos do tratado do país com a Ucrânia, que permite à Rússia ter até 25 mil tropas na base da Frota do Mar Negro na Crimeia.
"Não acreditem naqueles que tentam assustar vocês com a Rússia e que gritam que outras regiões virão depois da Crimeia", disse Putin. "Não queremos uma partição da Ucrânia, nós não precisamos disso."
Ele também acusou as nações ocidentais de encorajar a deposição do presidente ucraniano Viktor Yanukovych, que fugiu de Kiev para buscar asilo político na Rússia em fevereiro.
Crimeia
Depois do discurso perante os legisladores e as autoridades, Putin e autoridades da Crimeia assinaram um tratado para que a região faça parte da Rússia. O movimento acontece um dia após o presidente russo assinar uma lei reconhecendo a região crimeia da Ucrânia como um Estado soberano.
Veja fotos da presença russa na Crimeia:
Putin advertiu que estaria pronto para usar "todos os meios" para proteger os falantes de russo no leste da Ucrânia. Recentemente, a Rússia posicionando as suas forças ao longo da fronteira entre os dois países, aumentando os temores de uma invasão.
A Crimeia fazia parte da Rússia desde o século 18, até que o líder soviético Nikita Khrushchev a transferiu para a Ucrânia, em 1954. Os russos e a maioria da população de etnia russa na Crimea veem a anexação como forma de corrigir um insulto histórico. A turbulência na Ucrânia começou em novembro com uma onda de protestos contra Yanukovych e se acelerou após sua fuga para a Rússia no final de fevereiro.
Sanções
O referendo de domingo na Crimeia teve aprovação de mais de 96% dos eleitores. O resultado foi contestado pelos EUA e União Europeia, que impuseram sanções a autoridades russas e ucranianas ligadas à crise na Crimeia.
“A comunidade internacional vai continuar unida em oposição à violação da legislação ucraniana e de sua integridade territorial, e caso a intervenção militar russa na Ucrânia continue, só vai aprofundar o isolamento diplomático da Rússia”, disse Obama na segunda (17).
O ministro das Relações Exteriores da França, Laurent Fabius, disse à rádio Europe-1 nesta terça que líderes do G8 “decidiram suspender a participação russa, e prevê-se que todos os outros países, os sete países líderes, se reunirão sem a Rússia". Os outros sete membros do grupo já haviam suspendido os preparativos para a cúpula do G8 que a Rússia estava programando para sediar, em junho, em Sochi.
Parlamentares russos responderam nesta terça com sarcasmo às sanções ocidentais impostas contra autoridades envolvidas nos procedimentos para anexar a Crimeia, pedindo aos Estados Unidos e à União Europeia que imponham as mesmas penalidades a centenas de membros do Parlamento.
Uma declaração adotada por unanimidade pela Duma Federal, a câmara baixa do Parlamento, afirmou: "Nós propomos ao sr. Obama e aos...euroburocratas que incluam todos os deputados da Duma Federal que votaram a favor desta resolução na lista de cidadãos russos afetados pelas sanções dos EUA e da UE".
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