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quinta-feira, 27 de março de 2014

O padrão de beleza ditado por famosos: "Corpo se torna mercadoria para consumo".



Psicanalista dá sua opinião sobre a influência que a busca pela perfeição das celebridades gera nos anônimos

Anitta após cirurgias: 'Agora não tenho mais defeito'. Foto: Reprodução/Globo
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"Agora não tenho mais defeito". Foi com essa frase que Anitta definiu sua nova aparência durante entrevista para o "Fantástico", da Globo, após uma recauchutagem geral. A cantora de funk corrigiu uma cirurgia mal-sucedida no nariz e aproveitou para diminuí-lo. Reduziu também o tamanho dos seios, que continuaram crescendo após a colocação de prótese de silicone aos 18 anos, e aproveitou que já estava lá para tirar alguns pneuzinhos. A três dias de completar 20 anos (em 30 de março), ela teve a ousadia de prometer que não vai mais se submeter a nenhuma intervenção cirúrgica. Não seria uma promessa prematura?
De qualquer maneira, se não cumprir, não será a única. Em busca da perfeição, muitos famosos entram na faca e recorrem a tratamentos estéticos sem limite. Na maioria das vezes, perseguem um modelo idealizado que não existe. "A busca pela perfeição física tem se transformado em exigência social para o sucesso. A obrigatoriedade da beleza é um mecanismo mórbido para tentar superar as naturais frustrações humanas", afirma o psicanalista Jacob Pinheiro Goldberg.
Reprodução/Instagram
Luciano Camargo posta, com frequência, imagens no Instagram em momentos de malhação: inspiração para os seguidores
Ele diz acreditar que, independentemente dos desejos das celebridades em corrigir o que consideram defeitos (e sempre surge um novo), existe uma pressão da sociedade para que elas estejam sempre perfeitas.
"Cada vez mais as celebridades têm sido organizadas de acordo com o aplauso fácil das tietes. O indivíduo não é mais célebre por mérito e conteúdos, mas por aparência e por espetáculo. O que vale não é mais o desempenho. É o show. E neste show, o corpo se transforma em uma mercadoria a ser vendida para o consumo", afirma o psicanalista, que completa: "Existe uma pressão interiorizada, que em geral vem de carências íntimas, e uma pressão externa, que vem da mediocridade dos tietes. A tietagem hoje é um flagelo na sociedade brasileira."
Banalização
O cirurgião plástico Douglas Jorge, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, aponta para a banalização das intervenções exclusivamente estéticas. "Quando a pessoa deseja alguma mudança, não importa a região do corpo, geralmente é por influência externa. O padrão europeu do nariz fino, ou o padrão americano da mama volumosa, por exemplo, são induzidos pelas revistas, pelas celebridades e por tudo o que nos cerca", diz Jorge, que já se recusou a operar dezenas de pacientes.
"As intervenções estéticas podem ser úteis e benéficas para muitas pessoas que entendem a verdadeira necessidade. Mas o que vemos é que a cirurgia plástica está vulgarizada e banalizada", continua Jorge.
Das TVs para as ruas
Além de movimentar o mercado da beleza, as celebridades também se tornam inspiração para anônimos. Jamie Sherrill, co-fundadora da Beauty Park Medical Spa, em Santa Mônica, na Califórnia, explicou em entrevista ao jornal britânico "Daily Mail", que as cirurgias plásticas inspiradas em celebridades são cada vez mais comuns.
Por isso ela diz ter o costume de deixar claro aos pacientes que eles não ficarão iguais às celebridades depois que entrarem na faca. "É óbvio que não posso fazer sósias de celebridades. Se alguém vem aqui e quer os lábios de Angelina Jolie, posso fazer com que eles se pareçam mais com aquele estilo, mas não reproduzir o mesmo."
A eterna busca dos famosos pela utópica perfeição mexe com a cabeça de fãs e, segundo Goldberg, "costuma desencadear nos anônimos mais influenciáveis um complexo de inferioridade. Um sentimento de autoestima prejudicado. E uma tentativa de imitação dessa celebridade."
Na contramão do padrão de beleza, Jorge gosta de citar o caso do ator Joaquim Phoenix. "Ele tem lábio leporino mas preferiu conviver com isso a operar. Operar ou não operar compreende riscos, até porque não há precisão matemática do resultado. Uma cirurgia pode ser bem-sucedida para o médico e não agradar o paciente quando ele espera um resultado se comparando a outra pessoa", alerta o cirurgião.
Facebook/Reprodução
Jacob Goldberg, psicanalista: ''A tietagem hoje é um flagelo na sociedade brasileira'
Inspirações para a perfeição
Às vezes, as inspirações não são caso de cirurgia. Um exemplo é o cantor sertanejoLuciano Camargo que - apesar de admitir ter se submetido a lipoaspiração duas vezes - acaba de perder 20 quilos apenas com dieta e aulas de muay thai. E, como uma exceção, Luciano diz não sentir pressão de fãs, do showbiz ou da mídia para se manter em forma.
"Não ligo quando falam do meu peso. Acho que os fãs não reparam tanto em mim a ponto de quererem que eu fique assim ou assado. Mas posto muitas fotos enquanto estou treinando e muita gente diz que se sente influenciada quando me vê", diz o cantor.
Além de Luciano, Giovanna Antonelli,Fernanda Paes Leme e Giovanna Ewbank, entre outros famosos, aproveitam o Instagram para mostrar seus treinos físicos diários e acabam mesmo inspirando seguidores.
Qual o limite na busca para a perfeição?
Goldberg diz acreditar que existe um limite para que a busca de famosos ou anônimos pela perfeição não se torne prejudicial à saúde. "O limite é o contato com a realidade. Existem pessoas que navegam na fantasia acreditando que podem modelar seu corpo e aparência de acordo com estereótipos da televisão ou de revistas. Muitas vezes em cima de ilusão porque a própria celebridade que aparece na tela não é assim quando sai de cena e vive na realidade. Uma coisa é o artista na TV, outra coisa é esse mesmo artista no banheiro da sua casa."
Fernanda Lima, considerada símbolo de beleza, concorda com o psicanalista. "Capa de revista é uma coisa, realidade é outra. Quando faço capa de revista, no próprio computador do fotógrafo ele já vai mexendo, mudando. Quando você vê, vira uma coisa que não é aquilo. É impressionante", afirmou ela em seu programa na Globo, "Amor e Sexo".
* Colaborou: Patrícia Moraes.

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