Apenas 4% acreditam em potencial, diz pesquisa da ABRH, Isocial e Catho.
Pós-graduado, profissional com deficiência acabou trabalhando em limpeza.
Marcia Costa trabalha há seis anos na Light. Noscorredores da empresa, há sinalizações em braillepara que ela e outros funcionários deficientesvisuais saibam onde estão localizadas suas mesas(Foto: Cristiane Cardoso / G1)A pesquisa revelou ainda que 65% dos gestores possuem resistência em entrevistar e/ou contratar pessoas com deficiência. Para a ABRH, é “outro dado preocupante”. E 93% dos que responderam a análise afirmaram que gestores devem se informar mais para entrevistar e gerenciar este profissional, “revelando que ainda existem muitas barreiras a serem derrubadas e muito trabalho a ser feito com os gestores”.“Acredito que ainda há muito a investir em termos de conhecimento e desenvolvimento de habilidades e atitudes de gestores, em todos os níveis nas organizações, e seus empregados em geral, pois o desconforto causado às PcD [pessoas com deficiência] é decorrente da evidência do preconceito e discriminação por essas pessoas – o público interno, somado ao público externo, os clientes dessas organizações”, afirmou Jorgete Lemos, diretora de Diversidade da ABRH Nacional. Quantidade de empregos – pessoas com deficiênciaEstado EmpregadosRR 1.742AC 541AM 4.996RR 414PA 5.374AP 637TO 1.019MA 4.107PI 2.626CE 13.719RN 4.895PB 4.091PE 12.608AL 2.946SE 2.324BA 14.125MG 37.266ES 7.674RJ 29.049SP 111.295PR 23.904SC 18.796RS 28.203MS 3.132MT 3.509GO 8.770DF 10.976Total 358.738Dados da Rais 2013 mais Caged 2014, até setembroPara a assistente de compras Marcia Marisa Costa, de 45 anos, que trabalha há seis anos na Light – empresa privada de geração, comercialização e distribuição de energia do Rio de Janeiro –, a falta de convívio com pessoas com deficiência potencializa o preconceito de que há limitações do profissional para executar as atividades necessárias para o cargo pretendido.“Não tem outro nome. O preconceito é fruto da falta de conhecimento. As pessoas não entendem como uma pessoa com deficiência visual pode desempenhar determinadas funções. Para você, é claro que a questão é o preconceito, mas isso não é dito, não é verbalizado. Você não tem como fazer nada. Você consegue observar que a pessoa está insegura com você. A gente observa em entrevistas, e depois nunca mais reencontra essa pessoa”, desabafou.Para que esse distanciamento seja contornado, Marcia, que também já trabalhou em ONGs desenvolvendo livros para deficientes visuais como ela, acredita que “o contato é muito importante”. “Essas iniciativas que muitas empresas têm de pegar o deficiente que esteja bem posicionado profissionalmente e levar para dar palestras, eu tenho visto bons resultados. Isso tem ajudado”, garantiu. Junto à Marcia, há outros 192 funcionários na Light com algum tipo de necessidade especial.“A gente não foi acostumado a conviver com pessoas com deficiência. Não estudou em escolas com elas. É raro. Você tem um cadeirante, uma pessoa deficiência auditiva, visual. Isso já tem desde muito tempo. E isso se reflete no universo das empresas. Ela não é produtiva? Ela vai atrapalha? É uma pessoa que não posso contar?”, ponderou Patrícia Pacheco, diretora de Responsabilidade Social da ABRH-RJ.Buscando um universo corporativo em que essas dúvidas não existam, a diretora ressaltou a importância do RH em sensibilizar gestores e equipes para “essa nova relação”, uma vez que muitos nunca tiveram contatos com pessoas com limitação física, segundo Patrícia.“Às vezes não é culpa das pessoas, é porque não aprenderam a lidar com aquela situação. Se quer saber como lidar com a deficiência, pergunte à pessoa como ela quer ser tratada. Pergunta a ela se ela precisa de ajuda para abrir a porta, porque o que a gente não pergunta, fica na suposição e isso parte mais de uma suposição do que de uma situação real”, concluiu.Busca por profissionaisA pesquisa revelou ainda que cerca de 80% dos entrevistados consideram que a busca por profissionais com deficiência é mais difícil em comparação com aqueles sem deficiência. “A questão está situada no âmbito comportamental/atitudinal, e por isso, é um processo lento envolvendo realinhamento de valores”, completou Jorgete, que acrescentou ainda que a limitação da busca desses profissionais a ONGs também prejudica a inclusão das PcDs.
Christian exibe todos os diplomas e certificadosque possui diferentes tipos de cursos quejá realizou (Foto: Cristiane Cardoso / G1)“A grande dependência das empresas pelas indicações denota falta de um banco de currículos qualificado. Já a elevada busca por PcDs nas ONGs demonstra que a deficiência ainda está muito institucionalizada. A percepção de que uma pessoa com deficiência está vinculada a uma associação é grande, o que é uma visão equivocada”, analisou a ABRH.46 milhões de pessoas com deficiênciaSegundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) e Relação Anual de Informações Sociais (Rais), do Ministério do Trabalho e Emprego, havia no Brasil 358.738 pessoas com deficiência contratadas até setembro de 2014. O Ano de 2013 registrou 357.797 profissionais. Segundo dados do Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no Brasil há, no entanto, cerca de 46 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência, 24% da população. Reação do gestor ao ser apresentado a candidato PcDEm % dos entrevistados95635Apresenta resistência para entrevistarEntrevista mas têm resistência para contratarNão apresenta resistência e contrata0502575Fonte: ABRHDe acordo com as Estatística de Gênero do instituto – análise dos resultados do Censo 2010, divulgados em outubro – a participação da população economicamente ativa mostra diferenças entre homens e mulheres, que possuem menor participação. Segundo o IBGE, homens e mulheres de 16 a 64 anos com deficiências no grau severo ou mental/intelectual participam menos do mercado de trabalho.Entre os respondentes da pesquisa da ABRH, 59% é formado por mulheres, 45% possuem pós-graduaçao em curso ou completo. Serviços é o setor que se destaca entre as empresas dos respondentes e 49% são gerentes, coordenadores e diretores.Lei 8213/91A lei determina que empresas de 100 funcionários ou mais incluam de 2% a 5% dos seus cargos com beneficiários reabilitados ou pessoas portadoras de deficiências habilitadas na seguinte proporção: até 200 empregados, 2%; de 201 a 500 empregados, 3%; de 501 a 1000 empregados, 4%; e de 1001 em diante, 5%.
Principais dificuldades no recrutamento e seleção de pessoas com deficiência segundo pesquisa (Foto: Reprodução / ABRH)
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