Incêndio destruiu prédio de 24 andares na capital inglesa. Pelo menos 12 pessoas morreram e 78 ficaram feridas, afirma polícia.
Testemunhas do incêndio que matou pelo menos 12 pessoas e feriu 78 em Londres relataram que crianças foram jogadas da Grenfell Tower nesta quarta-feira (14).
Duas testemunhas da tragédia contaram à CNN que várias pessoas se atiraram do edifício, em uma tentativa desesperada de fugir das chamas, que se alastraram rapidamente pelo edifício de 24 andares.
"Há muitos corpos de crianças e adultos no chão, há muita gente que não conseguiu escapar", contou uma delas à emissora americana.
Um bebê foi salvo após ter sido lançado por uma mulher desde o nono ou décimo andar, explicou uma moradora, Samira Lamrani, à Press Association.
Lamrani, que estava fora do edifício de 120 apartamentos, situado no bairro de Kensington, relatou como, desde a rua, podia ver "gente nas janelas batendo freneticamente e gritando".
"Em uma das janelas, no nono ou décimo andar, havia uma mulher fazendo sinais, explicando que ia jogar seu bebê e pedia que alguém o segurasse", contou, citada pela agência EFE.
A mesma testemunha narrou como as pessoas que estavam nas imediações do bloco de apartamentos tratavam de "tranquilizar" as pessoas que gritavam pelas janelas.
"Podia ver a morte nos seus olhares", sustentou, antes de acrescentar que "os gritos, especialmente das crianças "ficarão gravados durante muito tempo".
Outra testemunha da tragédia, uma residente do edifício chamado Zara, detalhou como viu também outra mulher lançar seu filho, de cerca de cinco anos, desde uma janela do quinto "ou sexto andar".
"Acredito que o menino tenha alguns ossos quebrados, mas que está bem", manifestou.
Uma mulher perdeu dois de seus seis filhos ao tentar fugir do prédio, segundo uma testemunha ouvida pela Reuters.
'Não Pule!'
Paul Munakr, que vive no 7º andar, conseguiu escapar. "Quando estava descendo as escadas, havia bombeiros, realmente incríveis que estavam subindo, para o fogo, tentando tirar o maior número possível de pessoas do prédio", disse à BBC.
Ele foi alertado do incêndio não pelo alarme, mas por pessoas que gritavam da rua: "não pule, não pule!".
"Não sei ao certo se pessoas pularam do prédio para escapar do fogo, mas a principal coisa com este incidente é o fato de os alarmes de incêndio não terem tocado", contou à BBC.
Indêndio
Cerca de 200 bombeiros, a polícia e os serviços de ambulâncias foram mobilizados. Por volta de 5h, quatro após o início do fogo, as chamas foram controladas, mas ainda era possível ver focos de incêndio em alguns andares mais altos.
Os bombeiros foram chamados por volta da 1h15 local (21h15 de terça, em Brasília) para apagar o incêndio no edifício.
De acordo com a Reuters, a brigada de incêndio deve ficar pelo menos mais 24 horas no local, para conter totalmente o incêndio. De acordo com o Comissãrio da Brigada de Incêndios, Dany Cotton, alguns bombeiros tiveram feriamentos leves durante o resgate.
O incêndio é um dos maiores registrados em Londres. "Nunca vi nada parecido com esse incêndio em 29 anos de trabalho", declarou o chefe da Brigada de Incêndio de Londres.
De acordo com o jornal "The Guardian", já havia preocupação a respeito de um incêndio no prédio em 2012, quando um vistoria constatou que o equipamento contra incêndios não era revisado há anos. Em 2016, um grupo de residentes também tinha alertado sobre a única saída de emergência, advertindo que, se ela fosse bloqueada, as pessoas não poderiam deixar o imóvel.
Ainda segundo o períodico britânico, o prédio construído em 1974 passou por uma reforma que custou 10 milhões de libras e foi concluída em maio de 2016. Os responsáveis pela obra divulgaram um comunicado que afirmam que todos os padrões de segurança foram seguidos rigidamente.
Invesigações focam nos revestimentos do prédio
Os ativistas para o direito a moradia londrinos definiram esse incêndio uma tragédia, resultado de uma "combinação de cortes orçamentais do governo, má administração da autoridade local e desprezo absoluto para os inquilinos e para as casas em que eles vivem".
A investigação sobre a causa do incêndio provavelmente se concentrará sobre os painéis de revestimento fixados no exterior do edifício, que segundo as primeiras analises contribuíram para a propagação do fogo.
Alguns especialistas já indicaram que o revestimento fixado ao prédio durante a reforma do ano passado pode ter sido a responsável pela velocidade com que ele se propagou.
O Dr. Jim Glocking, diretor técnico da Associação da Proteção de Incêndios (FPA, na sigla em inglês), salientou como o revestimento de isolamento parte externa dos blocos da torre não precisava ser à prova de fogo.
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