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quarta-feira, 28 de junho de 2017

Quem é o policial que comandou ação com helicóptero na Venezuela

Oscar Pérez já produziu e protagonizou um filme onde interpretou um policial.

Óscar Pérez em vídeo publicado em sua conta no Instagram (Foto: Reprodução/ Instagram/ Óscar Pérez)Óscar Pérez em vídeo publicado em sua conta no Instagram (Foto: Reprodução/ Instagram/ Óscar Pérez)
Óscar Pérez em vídeo publicado em sua conta no Instagram (Foto: Reprodução/ Instagram/ Óscar Pérez)
 (Foto: Editoria de Arte/G1) (Foto: Editoria de Arte/G1)
(Foto: Editoria de Arte/G1)
Oscar Pérez, policial e ator amador de 36 anos, protagonizou na Venezuela uma história de cinema: difundiu vídeos nos quais convoca a rebelião contra o presidente Nicolás Maduro e sobrevoou Caracas em um helicóptero que, segundo o governo, lançou granadas contra a Suprema Corte.
Escoltado por quatro personagens mascarados e armados, Pérez, o único com o rosto descoberto, pede a "todos os venezuelanos que se unam às Forças Armadas e recuperem nossa amada Venezuela".
Em cinco vídeos divulgados no Instagram, Pérez exige de Maduro sua renúncia imediata. Ao mesmo tempo, fotos e vídeos do helicóptero em pleno voo invadiram as redes sociais.
"Queridos irmãos, falamos com vocês em representação do Estado, somos uma coalizão de funcionários militares, policiais e civis, em busca de equilíbrio e contra este governo transitório e criminal. Não pertencemos, nem temos tendências políticas e de partido. Somos nacionalistas, patriotas e institucionalistas", declarou Pérez no vídeo publicado no Instagram, salientando como ele e seus companheiros são "guerreiros de Deus ao serviço do povo".
O helicóptero, da polícia forense, carregava uma faixa que dizia "350 Liberdade", uma referência ao artigo constitucional invocado pela oposição para uma desobediência civil ao governo de Maduro.
Imagens de arquivo mostram piloto e helicóptero usado em ação na Venezuela
Pouco depois, Maduro denunciou um "ataque terrorista" que, segundo ele, estaria ligado à CIA, à Embaixada dos Estados Unidos e a um plano de golpe de Estado. O paradeiro de Pérez é desconhecido.
Um comunicado da presidência indica que Pérez e seus colegas lançaram quatro granadas contra o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) e fizeram 15 disparos contra a sede do ministério do Interior, sem causar feridos.
"Um indivíduo atacou com armas a República", expressou o ministro da Informação, Ernesto Villegas.
Esta não foi a primeira vez que os venezuelanos viram o rosto de Oscar Pérez.

'Morte Suspensa'

Segundo o jornal venezuelano “El Nacional”, o agente protagonizou em 2015 o filme "Muerte suspendida" ('Morte Suspensa', em tradução livre), baseado no famoso sequestro de um comerciante português em Caracas em 2012. Além de atuar, o policial coproduziu o longa.
Cena do filme ‘Muerte suspendida’, de 2015 no qual Oscar Pérez (esquerda) atuou e coproduziu (Foto: HO/OR producciones cine y TV/AFP)Cena do filme ‘Muerte suspendida’, de 2015 no qual Oscar Pérez (esquerda) atuou e coproduziu (Foto: HO/OR producciones cine y TV/AFP)
Cena do filme ‘Muerte suspendida’, de 2015 no qual Oscar Pérez (esquerda) atuou e coproduziu (Foto: HO/OR producciones cine y TV/AFP)
Segundo entrevista concedida na época à imprensa local, escutar um menino dizer que queria ser "bandido para ter dinheiro, mulheres e o respeito do bairro" o levou a fazer o filme.
Pérez chefiava as operações aéreas da Brigada de Ações Especiais do Corpo de Investigações Forenses, Penais e Criminais (CICPC) e tem 16 anos de carreira na instituição.
"Sou piloto de helicóptero, mergulhador e paraquedista livre. Também sou pai, companheiro e ator (...) Sou um homem que sai de casa sem saber se voltarei para casa porque a morte é parte da evolução", declarou ao jornal "Panorama" antes da estreia do filme.
Também foi instrutor canino, treinando cachorros para detectar drogas e explosivos.
Oscar Pérez em cena do filme ‘Muerte suspendida’, de 2015 (Foto: HO/OR producciones cine y TV/AFP)Oscar Pérez em cena do filme ‘Muerte suspendida’, de 2015 (Foto: HO/OR producciones cine y TV/AFP)
Oscar Pérez em cena do filme ‘Muerte suspendida’, de 2015 (Foto: HO/OR producciones cine y TV/AFP)

Tropa de elite

O CICPC, o equivalente venezuelano da polícia federal brasileira, foi criado em 2001 durante o governo de Hugo Chávez e é a principal agência de investigação criminal da Venezuela.
Conforme descrito em seu site, o CICPC é responsável por "medidas destinadas a descoberta e coleta de evidências de crimes, identificação dos autores, participantes e vítimas" para coadjuvar a posterior aplicação da justiça pelos órgãos competentes.
O comandante da unidade, Miguel Ángel Plaza Rodríguez, a descreve à BBC como uma "tropa de elite" que fornece apoio tático aos outros órgãos de segurança pública venezuelanos.

Um espetáculo

Os opositores de Maduro questionam a versão oficial. "Algumas pessoas dizem que é uma montagem, outras, que foi real", disse Julio Borges, presidente do Parlamento, controlado pela oposição, ao jornal "El Universal".
E seu passado como ator tem despertado suspeitas.
"Queremos que, uma vez terminada a exibição, tenham um momento de reflexão. Que se deem conta que há um futuro, que podem ser cidadãos produtivos e bons, que a mensagem que a televisão transmite de que os bandidos triunfam não é verdade", disse Perez, dirigindo-se aos jovens, para promover seu filme. Hoje, para alguns, Perez é um homem "em pé-de-guerra". Para outros, é a estrela de um novo "espetáculo".

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