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domingo, 26 de abril de 2015

Moradores de vilas se unem para impedir prefeitura de SP de retirar seus portões

Determinação do Ministério Público exige retirada de portões de todas as ruas da capital paulista, inclusive vias sem saída; promotor diz que fechamento desses locais é inconstitucional

Uma determinação do Ministério Público do Estado de São Paulo tem aborrecido muito os moradores das famosas "vilinhas" da capital paulista – residências localizadas em ruas sem saída e com portões na entrada. Aparentes oásis de tranquilidade por permitirem manter as casas abertas, sem muros ou grades, essas áreas estão sendo obrigadas pela Prefeitura a retirar os portões de acesso para liberar o acesso a elas.
Rua sem saída tem portão retirado nesta semana, na Vila Mariana, em imagem postada por usuário
Facebook/Reprodução
Rua sem saída tem portão retirado nesta semana, na Vila Mariana, em imagem postada por usuário
O debate em torno do tema é antigo, mas só recentemente promotores começaram a de fato pressionar. No final do ano passado, a Lei Municipal 15.002/2009 e o Decreto 51.541/10, que permitiam o fechamento de ruas da cidade – se fossem vias sem saída, de profundidade e largura específicas –, foram julgados inconstitucionais pelo MP e pelo Tribunal de Justiça de São Paulo.
Assim, foi determinada a retirada imediata de todos os portões das aproximadamente 470 ruas fechadas detectadas pela Prefeitura, o que gerou comoção de moradores para impedir a aplicação da norma. De acordo com a determinação, a passagem de veículos de não moradores pode até ser proibida, mas, em relação aos pedestres, a entrada jamais deve ser desobstruída.
"Estamos à mercê da bandidagem. Infelizmente, é mais uma determinação que favorece apenas os bandidos", diz o publicitário Eduardo Koch, 37 anos, residente de uma dessas áreas no bairro da Vila Mariana. Ele é fundador de uma comunidade com o objetivo de pressionar a prefeitura paulistana a criar uma nova lei para que as chamadas vilas permaneçam protegidas como atualmente.
"É puramente uma questão de segurança. A vila onde moro só teve o portão instalado em 1992, depois da ocorrência de um roubo seguido de estupro. E, após a instalação, nunca mais aconteceu nada parecido. Queremos segurança, mas o governo não nos dá isso. Então temos de buscar por nós mesmos."
A opinião é compartilhada por muitos dos residentes dessas vilas. Vice-presidente da Associação dos Moradores de Ibiraporã – vila no Jardim Londrina, bairro na zona oeste paulistana –, o gerente comercial Aguinaldo Rogerio Oliveira, de 48 anos, não se conforma com a generalização da determinação judicial. Para ele, é correta a retirada de portões de vias que sejam ligadas a outras, mas existem diversas exceções na cidade, caso das ruas sem saída onde há apenas casas residenciais.
"Nosso portão está legalmente constituído, de acordo com a legislação. A lei não pode ser retroativa, mas as subprefeituras estão agindo indiscrimidamente, exigindo que retirem os portões de todas as ruas", critica Oliveira. "Nosso portão não está atrapalhando nenhuma passagem. E o fechamento da rua é exclusivamente por questão de segurança, não por luxo", complementa.
Criança brinca em rua sem saída cujo acesso é protegido por um portão, na Vila Mariana
Facebook/Reprodução
Criança brinca em rua sem saída cujo acesso é protegido por um portão, na Vila Mariana
"Fechamento de ruas é inconstitucional"
Promotor responsável pelo caso no Ministério Público, José Carlos de Freitas não aceita o argumento relacionado à segurança alegado por moradores. Segundo ele, não se pode justificar o fechamento de uma via pública com base na violência da cidade, já que a falta de segurança é uma realidade a todos os cidadãos de São Paulo. Freitas enviou o caso para ser julgado também pelo Supremo Tribunal Federal.
"A insegurança dessas pessoas é a mesma de qualquer um com casa voltada para a rua. A diferença é que elas estão confinadas em seus fortes. Se formos fechar as ruas pela segurança, esqueça os carros, os ônibus, porque ninguém mais circula em São Paulo. A violência urbana não é um privilégio dessas vilas", diz o promotor. Ele afirma que a lei é inconstitucional porque "não se pode disciplinar o trânsito de pedestres na cidade".
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O argumento é visto como irrisório por José Police Neto. Vereador de São Paulo pelo PSD, ele afirma que a Lei Municipal 15.002/2009 só foi julgada inconstitucional por ter sido sancionada por um vereador em lugar do prefeito, algo proibido de acordo com a Constituição Federal. 
Junto aos moradores das vilas paulistanas, o legislador começa a pressionar o prefeito Haddad a elaborar uma nova norma que volte a tornar legal a instalação de portões em ruas sem saída, limitadas a imóveis residenciais. "O ideal seria que todas as vilas, condomínios e afins fossem abertos. Mas, em uma cidade com 11 milhões de pessoas e com instituições que não conseguem prover a segurança, isso simplesmente não é possível". 
Por ora, no entanto, os portões seguem sendo aos poucos retirados de todas as vias da cidade. 
    Leia tudo sobre: ruas sem saída • vilas • ministério público

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