Desde 2007, lei transfere a capital baiana para o Recôncavo Baiano.
G1 visitou locais importantes para a organização da luta pela independência.
Nesta quinta-feira (25), a Bahia não terá como capital a cidade de Salvador, e sim Cachoeira, que fica no Recôncavo Baiano. A medida visa reconhecer a importância do município nas batalhas travadas pela conquista da independência do Brasil, que tiveram início no dia 25 de junho de 1822. Foi em Cachoeira que se iniciou o movimento que culminou da proclamação de Dom Pedro I como imperador.
Acompanhado de um guia turístico da cidade, o G1 circulou por alguns locais onde ocorreram fatos determinantes para o 2 de julho, data da independência do Brasil na Bahia. [Assista ao vídeo acima]
Segundo o guia turístico Davi Rodrigues, na casa de número 23, que até hoje existe na praça Milton Afonso, aconteciam as reuniões entre senhores de engenho, membros de irmandades e congregações, em geral, para planejar a libertação. Muitos deles tinham deixado Salvador, dominada pelos portugueses, para se estabelecer no recôncavo.
"Junto a eles estavam também as classes trabalhadoras, como vendedores e escravos. Todos estavam relativamente unidos com este mesmo objetivo", destaca.
No dia 25 de junho de 1822, após uma das reuniões, eles saíram em direção à Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário, onde já eram aguardados por uma multidão que apoiava a luta. Lá, foi celebrada a tradicional missa do "Te Deum", que até hoje acontece na mesma data em memória ao fato. "Nesse momento, a igreja demonstrou o seu apoio ao movimento", afirma Davi.
Posteriormente, todos seguiram para o centro, onde está a atual Praça da Aclamação. Na ocasião, o engenheiro Antonio Rebouças, um dos líderes do movimento, aclamou Dom Pedro I como "Defensor Perpétuo e Constitucional do Brasil", ou príncipe regente. Isso despertou a ira do general Inácio Luís Madeira de Melo, que ocupava o cargo de "Governador das Armas", mesmo sob protestos, pois havia sido destituído um brasileiro da função para colocá-lo no lugar.
Ele, então, atacou a cidade de Cachoeira com canhões e logo nos primeiros momentos conseguiu matar o comandante das tropas cachoeiranas, o soldado Manoel Soledade, conhecido como "Tambor Soledade".
A partir daí, começou efetivamente o embate. Brasileiros usavam armas improvisadas para abater as tropas lusitanas. A batalha em Cachoeira durou três dias, quando os brasileiros conseguiram dominar a embarcação de Madeira de Melo. "Assim, foi composto o Conselho Interino de Governo, órgão que substituía a Junta de Governo, que se encontrava em Salvador e sob o domínio português, o que o povo não aceitava", conta Davi.
Baianos de várias partes se dirigiram até Cachoeira e se apresentaram como voluntários no Exército, que chegou a reunir 13 mil combatentes, entre os quais a famosa Maria Quitéria. De lá, as tropas marcharam para fazer o cerco a Salvador, que também teve dias de guerra pela independência, especialmente na região de Pirajá. Os combates acabaram no dia 2 de julho de 1823, quando os brasileiros conseguiram abater as tropas portuguesas.
Cachoeira, a Heróica, assim denominada pela lei nº 43, de 13 de Março de 1837, em virtude dos seus feitos, foi a Sede do Governo Provisório do Brasil durante a guerra da Independência em 1822 e, novamente, em 1837, quando ocorreu o levante da Sabinada na Bahia.
Atualmente, com pouco mais de 40 mil habitantes, a cidade não tem mais a mesma importância econômica para a Bahia, porém guarda um patrimônio arquitetônico riquíssimo e a história de um povo que deu a própria vida pela independência do Brasil.
Davi destaca, ainda, que embora Cachoeira estivesse no centro das atenções, outros municípios do recôncavo, como Saubara e Santo Amaro, tiveram papel decisivo no enfrentamento.
Governo
A transferência da capital baiana para Cachoeira acontece pelo oitavo ano consecutivo, com base na lei 10.695/07. O governador Rui Costa cancelou a participação nas comemorações este ano em razão do nascimento da filha Malu na madrugada desta quinta-feira.
A transferência da capital baiana para Cachoeira acontece pelo oitavo ano consecutivo, com base na lei 10.695/07. O governador Rui Costa cancelou a participação nas comemorações este ano em razão do nascimento da filha Malu na madrugada desta quinta-feira.
Na prorgamação, Cachoeira terá hasteamento dos pavilhões do Brasil, Bahia e Cachoeira e sessão solene na Câmara Municipal, desfile militar e cívico, além da tradicional missa do Te Deum.
Além disso, neste dia 25 será aberta a Rota da Independência, uma ação que vai percorrer os municípios de Cachoeira, São Félix, Santo Amaro, Maragogipe e São Francisco do Conde, todos no recôncavo, a fim de levar aos locais aulas públicas, palestras e apresentações até 22 de julho.
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