Formandos fizeram fotos em duas situações: seminus e trocando beijos.
Após críticas, colégio diz que fotos foram deturpadas e expuseram alunos.
Duas fotografias produzidas em anos e contextos diferentes levaram o Colégio Santa Cruz, da Zona Oeste de São Paulo, a ser criticado por suposto incentivo à ideologia de gênero na sala de aula. De acordo com nota da direção divulgada na quinta-feira (25), as fotos circularam nas redes sociais descontextualizadas.
A primeira imagem, feita por formandos do ensino médio de 2014, mostra estudantes sem camisa ou de sutiã na sala de aula. Segundo o colégio, a imagem foi feita sem o consentimento da direção.
A segunda imagem mostra estudantes em um pátio, simulando a troca de beijos com colegas do mesmo sexo e do sexo oposto. Em nota oficial publicada na sexta-feira (25), o diretor geral do colégio, Fábio Luiz Marinho Aidar Jr., disse que a foto dos estudantes no pátio é parte de um trabalho fotogrático produzido para debater a construção da identidade e refletir "sobre as relações homoafetivas".
Aidar Jr. disse considerar as acusações "graves" e que está "buscando as garantias legais para preservar nossos professores e estudantes de acusações injustas".
A escola diz ter tomado conhecimento, por meio de pais, estudantes e professores, de que as fotos produzidas pelos estudantes começaram a ser disseminadas pelas redes sociais com textos que "distorcem episódios que teriam acontecido" e "afetam a imagem do Colégio".
"Em uma das imagens, aparece uma sala de 3º ano do ensino médio com alunos e alunas simulando participar de uma aula em trajes inadequados. (...) A outra imagem mostra, nos jardins da escola, uma aluna do Ensino Médio, reflexiva, rodeada por um grupo de colegas, aos pares, beijando-se: mais uma vez trata-se de uma simulação, idealizada por alunos que intencionavam provocar reflexão sobre as relações homoafetivas", descreve o diretor.
Ensaios fotográficos
Segundo Marinho Aidar Jr., "o registro integrou um trabalho de ensaios fotográficos que tematizavam a construção da identidade. Os educadores do Colégio discutiram com os alunos os temas por eles escolhidos e a adequação de expor as fotos produzidas".
Segundo Marinho Aidar Jr., "o registro integrou um trabalho de ensaios fotográficos que tematizavam a construção da identidade. Os educadores do Colégio discutiram com os alunos os temas por eles escolhidos e a adequação de expor as fotos produzidas".
No Facebook e no Twitter, porém, as fotos acabaram sendo compartilhadas por pessoas contrárias ao ensino de questões de gêneros pelas escolas.
O tema acabou provocando polêmica nas últimas semanas, reta final de implantação dos planos municipais e estaduais de educação pelo país. Em São Paulo, a discussão do plano ainda não foi finalizada.
Em 19 de junho, a Comissão de Finanças e Orçamento aprovou por unanimidade o texto do Plano Municipal de Educação sem a inclusão dos parágrafos sobre a discussão de gênero nas escolas paulistanas. O texto foi aprovado por nove votos a zero pela comissão.
A discussão de gênero foi incluída no texto original aprovado em outra comissão da Câmara, de Constituição e Justiça, junto com a Comissão da Educação. No entanto, ao chegar na Comissão de Finanças, os vereadores retiraram o termo. Essa, porém, não é a determinação final. O texto ainda deverá receber mais sugestões da comissão e ser votado, finalmente, a partir do dia 11 de agosto.
Discussão polêmica
A polêmica não é exclusiva da cidade de São Paulo. Por todo o país, o debate sobre incluir ou não a questão de gênero no plano que norteará a política educacional das redes públicas até 2024 apareceu em diversas câmaras municipais e assembleias legislativas.
A polêmica não é exclusiva da cidade de São Paulo. Por todo o país, o debate sobre incluir ou não a questão de gênero no plano que norteará a política educacional das redes públicas até 2024 apareceu em diversas câmaras municipais e assembleias legislativas.
Segundo o ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro, a polêmica acabou afetando o debate de outros temas importantes sobre os planos, mas, independente da inclusão ou não do termo, a Constituição Federal proíbe a discriminação. Por isso, Janine afirma que as escolas não poderão implementar políticas que promovam a discriminação de pessoas com base em gênero, etnia ou orientação sexual.
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