Segundo um alto funcionário, Maduro denunciará as ações dos EUA pessoalmente quando se encontrar com Obama e outros líderes regionais na Cúpula das Américas, marcada para abril
Todos os sancionados são do alto escalão do
aparato de segurança do Estado, responsável por reprimir protestos
anti-governo que abalaram a Venezuela no ano passado e por perseguir
opositores.
"Ações corruptas por parte de funcionários
do governo da Venezuela impedem o investimento de recursos econômicos
necessários que poderiam chegar ao povo venezuelano e ser usados para
estimular o crescimento econômico", disse o secretário do Tesouro, Jacob
Lew, em comunicado. "Essas ações também minam a confiança dos cidadãos
nas instituições democráticas e os direitos humanos aos quais os
cidadãos venezuelanos têm direito."
As
sanções são confirmadas após o Congresso dos EUA ter aprovado uma
legislação, no final do ano passado, que autoriza medidas que congelem
bens e proíbam a emissão de vistos para qualquer acusado de realizar
atos de violência ou violação de direitos humanos no exterior.
Diosdado
Cabello, o poderoso chefe da Assembleia Nacional da Venezuela, criticou
as sanções, afirmando serem mais uma prova de que os EUA tentam semear
instabilidade no país sul-americano. Ele disse que o presidente Nicolas
Maduro vai denunciar pessoalmente as ações dos Estados Unidos quando
ele, Obama e os outros líderes regionais se reunirem Cúpula das
Américas, no mês que vem.Veja fotos dos violentos protestos na Venezuela:
Polícia
nacional da Venezuela dispara gás lacrimogêneo enquanto manifestante
antigoverno se ajoelha segurando pedra durante confrontos em Caracas
(6/4). Foto: Reuters
1/34
"Senhor
Obama, você e seus imperialistas vão ter de impor sanções
a muitos venezuelanos que estão dispostos a darem suas vidas para
defender a revolução bolivariana e o projeto iniciado pelo Comandante
Hugo Chávez", disse Cabello em um comício de simpatizantes do governo.
Maximilien
Sanchez Arvelaiz, o principal diplomata venezuelano em Washington, foi
chamado para Caracas para consultas imediatas, nesta segunda-feira (9).
As duas nações não trocam de embaixadores desde 2010.As tensões entre EUA e Venezuela só têm aumentado nos últimos meses. No verão passado, o Departamento de Estado impôs uma proibição de viagens a funcionários venezuelanos acusados de abusos durante protestos de rua que deixaram dezenas de mortos.
Na semana passada, a Venezuela deu aos EUA duas semanas para reduzir a sua missão diplomática no país para menos de 20% de seu tamanho atual. Os norte-americanos criticaram os sul-americanos pela atitude.
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Ainda assim, os EUA seguem mantendo laços econômicos profundos com a Venezuela, em particular no setor da energia. De acordo com a Secretaria de Estado, a nação sul-americana foi um dos cinco principais fornecedores de petróleo estrangeiro para os norte-americanos.
Veja abaixo quais são os funcionários sancionados:
-Antonio José Benavides Torres, comandante da Força Armada Nacional Bolivariana e ex-diretor de operações GNB Venezuela
-Gustavo Enrique González López, diretor-geral do Serviço Nacional de Inteligência Bolivariana da Venezuela. Os EUA dizem que ele é responsável por atos de violência e outros abusos de direitos humanos contra manifestantes anti-governo
-Justo José Noguera Pietri, presidente da Corporação Venezuelana de Guayana, entidade estatal, e ex-comandante-geral da GNB
-Katherine Nayarith Haringhton Padron, procurador nacional que acusou vários membros da oposição de conspiração
-Manuel Eduardo Pérez Urdaneta, diretor da Polícia Nacional Bolivariana da Venezuela. Os EUA dizem que a polícia têm se envolvido em "atos significativos de violência que constituem um grave abuso ou violação dos direitos humanos"
-Manuel Gregorio Bernal Martínez, chefe da 31ª Brigada Blindada de Caracas do Exército Bolivariana da Venezuela e ex-diretor-geral dos serviços de inteligência nacionais. Ele era chefe de inteligência em 12 de fevereiro de 2014, quando oficiais dispararam suas armas contra manifestantes matando duas pessoas perto do gabinete do Procurador-Geral da República
- Miguel Alcides Vivas Landino, inspetor-geral das Força Armada Nacional Bolivariana da Venezuela
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