Michael Zehaf-Bibeau foi responsável pelo ataque que deixou um soldado morto em Ottawa, no dia 22 de outubro de 2014
O comissário da Guarda Montada Real do Canadá, Bob
Paulson, apresentou o vídeo por volta das 11h (horário local), enquanto
atualizava o Comitê de Segurança Pública da Câmara dos Comuns sobre as
investigações do crime. Após o ataque, Zehaf-Bibeau fugiu para o
interior do Parlamento, onde foi morto.
No
vídeo, o canadense de 32 anos, convertido ao radicalismo islâmico,
declara que queria atingir apenas alguns soldados para mostrar que os
canadenses não estão seguros em seu país. “O Canadá não deveria ter se
tornado oficialmente um de nossos inimigos, amedrontando e
bombardeando-nos, ameaçando-nos e criando terror e matando-nos em nosso
país e matando nossos inocentes”. A gravação tem menos de um minuto.
Zehaf-Bibeau
condena os canadenses por terem “se esquecido de Deus” e permitido
“todo tipo de indecência”. No fim, evoca Alá, e diz: “Não vamos parar
até vocês decidirem ser um país pacífico, ficarem em seu próprio país e
parar de ir a outros países e matar pessoas corretas como nós”.Veja fotos do atentado ocorrido em outubro:
Agentes da polícia se escondem perto do Parlamento Hilll após tiroteio em Ottawa (22/10). Foto: Reuters
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O
vídeo foi gravado no próprio carro de Zehaf-Bibeau, próximo ao Memorial
da Guerra do Canadá, nas imediações do Parlamento, poucos minutos antes
de ele matar o militar que fazia a guarda do monumento. Nas imagens o
terrorista aparenta estar lúcido.
Segundo o
representante da Polícia Nacional do Canadá, o vídeo não foi divulgado
antes para não atrapalhar as investigações. Mas, mesmo na exposição
desta sexta-feira, o ele teve 18 segundos de imagens retiradas,
consideradas importantes para as buscas policiais. Outra preocupação das
autoridades era a de que o vídeo servisse como uma incitação à
radicalização, ao recrutamento e ao financiamento de atividades ligadas
ao terrorismo. O país está preocupado com jovens que têm deixado seu
território para combater pela jihad islâmica.
Para parte da
opinião pública, o fato de o vídeo estar sendo divulgado agora tem razão
política, pois o projeto de lei antiterrorista, apresentado pelo
governo conservador do primeiro-ministro, Stephen Harper, será discutido
na próxima semana. Outro projeto de lei de autoria do governo – que propõe prisão perpétua sem possibilidade de liberdade condicional para crimes hediondos de primeiro grau, entre eles o terrorismo – foi apresentado na última quarta-feira (4). As eleições gerais no Canadá ocorrem em outubro deste ano. O comissário da Guarda Montada Real negou veementemente a relação.
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Sobre as investigações, Bob Paulson, destacou que 130 investigadores têm se debruçado no processo. Até agora foram interrogadas 400 pessoas. Michael Zehaf-Bibeau nasceu em Montréal, no Canadá, de mãe canadense e pai líbio. Ele tinha problemas com uso de drogas e já havia sido preso por outros crimes.
Segundo a autópsia, o corpo de Zehaf-Bibeau – morto pelas forças policiais no dia do atentado – não apresentou sinais de drogas ou álcool. Nos últimos anos, ele vinha se aproximando cada vez mais das ideologias radicais islâmicas. No mês de setembro de 2014, tentou obter um passaporte canadense em Vancouver, mas seu pedido foi negado.
Como tinha dupla nacionalidade – também era líbio –, foi para Ottawa, onde procurou a Embaixada da Líbia para renovar seu passaporte vencido. O procedimento iria demorar de três a quatro semanas. Sua intenção era viajar para a Síria, onde deveria se juntar às forças jihadistas do Estado Islâmico.
No dia 4 de outubro, ele participou de uma visita guiada no edifício do Parlamento, em Ottawa. E dois dias antes de invadir a sede parlamentar do Canadá, comprou um carro. No dia do atentado, colocou uma arma – que a polícia não soube dizer a origem – no porta-malas do automóvel e levava um facão atado ao corpo.
Para a polícia canadense, Zehaf-Bibeau não agiu sozinho e agora busca os possíveis coautores do atentado.
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