Há exatamente 50 anos polícia reprimia centenas de manifestantes que exigiam direitos iguais nos Estados Unidos
O ato foi o primeiro daquela que ficou conhecida
como a Marcha de Selma a Montgomery, que acabou sendo responsável por
pressionar as autoridades a criarem a Lei dos Direitos ao Voto, segundo a
qual todos os cidadãos do país, incluindo afro-americanos e mulheres,
passaram a participar do processo eleitoral nos EUA, algo até então
proibido.
No
discurso, que ocorreu simbolicamente na Ponte Edmund Pettus de Selma,
onde a violência contra os manifestantes começou, Barack Obama elogiou
as figuras de uma era dos direitos civis que ele era jovem demais para
conhecer, chamando-os de "guerreiros da justiça", responsáveis
por "colocar a América mais próxima à uma união mais perfeita".
"Muito
de nossa turbulenta história – a mancha da escravidão e a angústia da
guerra civil, o jugo da segregação e da tirania de Jim Crow, a morte de
quatro meninas em Birmingham e o sonho de um pregador batista – se
reuniram nesta ponte", discursou o presidente. "Não foi um choque de
exércitos, mas um choque de vontades, uma competição para determinar o
significado da América."Fotos do filme "Selma", sobre marcha que resultou nos direitos civis universais:
Imagem do filme Selma, sobre a marcha que acabou resultando nos direitos de votos universais nos EUA. Foto: Divulgação
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Milhares
lotaram a cidade ribeirinha para as comemorações da marcha de 7 de
março de 1965, que se tornou a primeira de três com o objetivo de chegar
a Montgomery, Alabama, para exigir o fim da discriminação contra os
eleitores negros e todas as vítimas de segregação. Cenas de soldados e
manifestantes se enfrentando na ponte chocaram o país na ocasião, o que
encorajou líderes em Washington a aprovarem a Lei do Direito ao Voto
cinco meses depois.
Obama falou imediatamente após o
reverendo John Lewis, líder da marcha em Selma, que na ocasião foi
severamente espancado pela polícia. Seu crânio acabou fraturado naquele
dia. "Ainda há trabalho a ser feito", ponderou ele, fazendo coro ao
discurso do presidente dos EUA.No meio da multidão ficou Madeline McCloud, de Gainesville, Flórida, que viajou durante a noite com membros da NAACP (Associação Nacional para o Avanço das Pessoas de Cor), organização de direitos civis do centro do Estado que marchou na Geórgia pelos direitos civis nos anos 1960.
"Para mim, este poderia ser o fim da viagem, já que hoje tenho 72 anos", disse ela. "Estou colocando os pés de volta na história que construímos."
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Também presentes estavam Peggy Wallace Kennedy, filha de George Wallace, governador do Alabama que ficou conhecido pela promessa de "segregação para sempre."
Atual governador do Estado, Robert Bentley, um republicano branco que muitas vezes critica as políticas da administração Obama, foi recebido com vaias dispersas pelo público. Ele disse que espera que a comemoração do aniversário da marcha ajudem o Alabama a apagar imagens feias e curar feridas.
O ex-presidente dos EUA George W. Bush dividiu o palco durante os discursos que antecederam uma caminhada simbólica de Obama pela ponte ao lado de sua esposa, Michelle, e das filhas, Sasha e Malia.
"A nossa marcha ainda não terminou", disse o presidente. "239 anos após a fundação desta nação, a nossa união ainda não é perfeita. Mas estamos chegando mais perto. É nosso trabalho mais fácil, porque alguém já nos trouxe até aqui. Alguém já caminhou sobre esta ponte."
"Se você acha que nada mudou nos últimos 50 anos, pergunte a alguém que viveu em Selma, Chicago ou Los Angeles nos anos 50", continuou ele. "Pergunte à atual CEO do sexo feminino se nada mudou; pergunte ao seu amigo gay se é mais fácil se assumir na América agora do que era há 30 anos."
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