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segunda-feira, 22 de junho de 2015

“É difícil saber quando a vacina da dengue ficará pronta”

Haja paciência:  equipe de Kalil testou mais de 80 fórmulas até encontrar a ideal (Foto: Luis Ushirobira/ Valor/ Agência O Globo)
OBrasil vive mais uma epidemia de dengue. A confirmação veio no início de maio, quando o Ministério da Saúde divulgou os dados de incidência da doença: entre os dias 1º de janeiro e 18 de abril deste ano, o país registrou 745,9 mil casos, ou 367,8 a cada 100 mil habitantes. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), há epidemia quando existem 300 casos a cada 100 mil pessoas. Nas últimas semanas, tanto o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aldo Rebelo, quanto o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, pressionaram a Anvisa pedindo agilidade na autorização para a última fase de testes da vacina que está sendo produzida pelo Instituto Butantan, de São Paulo. GALILEU conversou com o imunologista Jorge Kalil, diretor do instituto.
P: Qual é a explicação para esse quadro de epidemia?
Existem duas explicações principais. A primeira é que aumentou a quantidade de vetor, que neste caso é o mosquito Aedes aegypti, devido a condições do clima e da água e por causa da falta de combate ao transmissor. E a outra é que, na medida em que cresce o número de casos, aumenta também o de vetores contaminados — e, consequentemente, a transmissão.

P: A vacina que está sendo produzida pelo Instituto Butantan (veja boxe ao lado) começou os testes clínicos em 2013 e atualmente se encontra na segunda fase do processo. Como funciona cada fase e quantas ainda faltam até que ela possa finalmente ser comercializada?
Na primeira fase de testes, estuda-se a toxicidade da vacina, para definir qual deverá ser a composição ideal. Na segunda, começa-se a observar os efeitos em voluntários, sem necessariamente expô-los à dengue. Na terceira fase, são feitos testes mais abrangentes. No nosso caso, queremos testar com voluntários em todo o Brasil, em 15 centros de São Paulo até Manaus, com 17 mil voluntários de todas as faixas etárias. Destes, dois terços receberão a vacina e um terço não. Após a terceira fase, ela deve ser registrada na Anvisa, para então poder ser comercializada.
P: Nas últimas semanas, houve pressão de diversos políticos para que o processo fosse adiantado. Essa é uma possibilidade?
Não há pressão para que se pule alguma etapa, e sim para que a continuação dos testes seja liberada o mais rápido possível. A Anvisa está colaborando, mas é difícil saber quando a vacina estará pronta. Precisamos terminar os testes e observar a resposta na incidência da dengue — ajudaria se começássemos a terceira fase agora, quando há um grande número de casos. O problema é justamente que não há previsão de quando será o início dessa fase, porque não recebemos a autorização da Anvisa e da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep).
P: Em que a vacina produzida pelo Instituto Butantan difere, por exemplo, das que foram criadas pelo laboratório francês Sanofi (que aguarda liberação da Anvisa para ser comercializada) e pelo Instituto Oswaldo Cruz?
A vacina do laboratório Sanofi foi feita com partes do vírus da febre amarela e do vírus da dengue. Diferentemente da vacina do Instituto Butantan, ela requer três doses, e foi comprovada eficácia em 60% dos casos, o que é baixo. Existem outras vacinas sendo produzidas, mas elas estão em fases mais atrasadas.

P: Desde a primeira epidemia de dengue documentada pelo Ministério da Saúde, em 1986, discute-se a criação de uma vacina. Passados 30 anos, por que ainda há dificuldade de colocar uma vacina no mercado?
Não sei até que ponto foram feitas pesquisas naquela época, mas o processo de criação de uma vacina é demorado. Para começar, é fundamental descobrir exatamente como funciona o vírus. Na nossa vacina, por exemplo, foram testados mais de 80 tipos de atenuações até descobrirmos qual iríamos usar. Depois, é necessário realizar muitos testes em voluntários. Se você observar bem, ainda não existe uma vacina contra o HIV, e mesmo vacinas que já existem, como a da tuberculose, não têm eficácia completamente comprovada. Todo trabalho de pesquisa leva muito tempo.
MEUS ANTICORPOS, MINHAS REGRAS
Como funciona a vacina produzida pelo Instituto Butantan
 (Foto: Revista Galileu)

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