Festa junina tenta se igualar ao carnaval para atrair atenção de estrangeiros
Davi Brandão
São Paulo - Dos xadrezes das camisas masculinas aos bordados e babados das saias longas rodadas femininas, o mês de junho ganha destaque na cena nacional, quando a programação cultural é intensificada com os festejos de São João.
Segundo o presidente do Instituto Pensar, de Salvador (BA), Domingos Leonelli, as festas do período detém um enorme potencial econômico para diversas cidades, tendo representação de até 30% do Produto Interno Bruto (PIB) de alguns municípios nordestinos. "Hoje o Brasil tem apenas um produto turístico em caráter nacional que é o carnaval. Precisamos unificar estas festas e transformá-las em uma atração turística que possa ser comercializada no país e no exterior e promover o desenvolvimento de toda a cadeia produtiva do turismo e do setor de serviços de uma maneira geral", enfatiza.
Leonelli destaca que antes de comercializar e transformar o "São João do Brasil" em um produto internacional é extremamente necessário que todas as festas ganhem força no mercado regional e se tornem, com a ajuda do Ministério do Turismo um produto, inicialmente, para o mercado interno. "Essa formatação como produto turístico também permitirá a preservação da cultura da festa", pontua.
Neste roteiro que contempla diversas festas, Leonelli destaca grandes eventos, como o "Arraiá de Belo", em Minas Gerais; "Arraiá do Centro de Tradições Nordestinas (CTN)", de São Paulo, "Arraiá de Campina Grande", na Paraíba; o "Arraiá do Cerrado", em Goiânia, "Arraiá de Parintins "Arraiá em Parintins", no Amazonas entre outros.
Tradições mantidas
Para gerente do Patrimônio Imaterial da Secretaria de Cultura de Fortaleza, "apesar das modificações das festas em virtude da contemporaneidade, elas mantém o registro da cultura brasileiro. "Repassamos nossas tradições para o jovens", enfatiza.
Com orçamento de R$ 720 mil, a prefeitura da capital cearense incentiva 50 quadrilhas e 25 festivais da cidade. "Aqui temos muitas apresentações e os festejos são acompanhados pelos residentes da cidade. Eles não vão para outros municípios", pontua Graça.
"Fortaleza conta a sua própria história. Somos muito autênticos e este é um de nossos diferenciais diante de outras festividades realizadas pelo Brasil a fora", analisa. Ela completa: "Existe um produto muito bom para ser trabalhado, mas ainda é pouco explorado."
Sem crise
A crise econômica que assombra o país não atinge diretamente os preparativos das festas no nordeste. Tanto Leonelli quanto Graça, durante conversa com a reportagem do DCI, afirmam que o momento trouxe aprendizado e redução de custos. "O São João se beneficiará com a crise. As prefeituras foram obrigadas a substituir algumas atrações musicais com custos elevadores para apostar em artistas locais", diz Leonelli.
"Não teremos queda de apoios e patrocínios, em especial os pequenos empresários que veem no período uma grande oportunidade para exposição de suas marcas à comunidade", finaliza Graça.
Nenhum comentário:
Postar um comentário