Presidente francês responde fala de Donald Trump, que disse que tentará negociar os moldes do compromisso contra mudanças climáticas para "deixar acordo mais justo" para os EUA.
O presidente da França, Emmanuel Macron, disse nesta quinta-feira (1º) que o Acordo de Paris "não será renegociado" e que "não há plano B para as mudanças climáticas". Ele se pronunciou logo após o anúncio de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, de que o país deixaria o grupo que assinou o compromisso de medidas contra o aquecimento global e outras questões para proteger o planeta.
Macron chamou cientistas e pesquisadores americanos para trabalhar na França e combater as mudaças do clima. Aos quais "a decisão do presidente dos Estados Unidos tiver decepcionado, encontrarão na França uma segunda pátria", afirmou Macron.
O Acordo de Paris foi firmado em 2015, com o apoio de 195 países e com liderança francesa. O presidente anterior dos Estados Unidos, Barack Obama, havia se comprometido com as medidas e lamentou a saída do país.
"Ainda que este governo tenha se unido a um pequeno grupo de países que ignoram o futuro, confio nos nossos estados, empresas e cidades que darão um passo a frente e farão ainda mais para liderar o caminho", disse o presidente francês.
Após seu discurso, postou no Twitter a frase "Fazer nosso planeta grande de novo", em referência ao slogan "Fazer a América grande de novo", do presidente americano.
Os governos da Alemanha e Itália também asseguraram em um documento conjunto à França o posicionamento de que "não se pode voltar a renegociar" o Acordo de Paris.
"Estados Unidos e França continuarão trabalhando juntos, mas não sobre a questão do clima", disse o presidente francês em uma ligação telefônica de cinco minutos com Trump, de acordo com a agência Reuters.
O anúncio
Trump anunciou a saída do Acordo de Paris no fim da tarde desta quinta, mas prometeu negociar um retorno ou um novo acordo climático em termos que considere mais justos para os americanos. Ele disse que o atual documento traz desvantagens para os EUA para beneficiar outros países, e prometeu interromper a implementação de tudo que for legalmente possível imediatamente.
"Para cumprir o meu dever solene de proteger os Estados Unidos e os seus cidadãos, os Estados Unidos vão se retirar do acordo climático de Paris, mas iniciam as negociações para voltar a entrar no acordo de Paris ou em uma transação inteiramente nova em termos justos para os Estados Unidos, suas empresas, seus trabalhadores, suas pessoas, seus contribuintes ", disse Trump.
"Estamos saindo, mas vamos começar a negociar e veremos se podemos fazer um acordo justo. Se pudermos, ótimo. Se não pudermos, tudo bem", disse. "Fui eleito para representar os cidadãos de Pittsburgh, não Paris", completou.
Ao iniciar os procedimentos oficiais de retirada, respeitando a forma de saída prevista no acordo, Trump desencadeia um longo processo que não será concluído até novembro de 2020 -- no mesmo mês em que concorrerá à reeleição, garantindo que a questão se torne um grande tema de debate na próxima campanha presidencial.
O acordo, assinado em dezembro de 2015 durante a cúpula da ONU sobre mudanças climáticas, COP 21, prevê que os países devem trabalhar para que o aquecimento fique muito abaixo de 2ºC, buscando limitá-lo a 1,5ºC em relação aos níveis pré-industriais.
A saída dos EUA, segundo maior produtor mundial de gás de efeito estufa, pode minar o acordo internacional, o primeiro da história em que quase 200 países da ONU se comprometem a reduzir suas emissões.
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