Rede Bitcoin é dividida em duas para criar o 'Bitcoin Cash'
Um racha entre os desenvolvedores do Bitcoin criou uma fissura na rede da moeda virtual, que foi dividida em duas no dia 1º de agosto. A estrutura tradicional segue sendo chamada de Bitcoin, enquanto a nova recebeu o nome de "Bitcoin Cash".
Chamada de "hard fork", a medida não divide os Bitcoins existentes entre as duas moedas. Em vez disso, todo mundo que possuía Bitcoins imediatamente passa a possuir também o Bitcoin Cash. Quem tinha 3 Bitcoins (BTC) no dia 31 de julho, passou a ter também 3 Bitcoin Cash (BCH) no dia 1º de agosto, podendo gastar suas moedas em ambas as redes.
O Bitcoin Cash flexibiliza o tamanho dos chamados "blocos", um pilar do Bitcoin: criptomoedas não armazenam "saldos" ou "balanços", mas sim um histórico de transações. É a partir desse histórico de transações, agrupadas em blocos sequenciais, que os saldos são calculados. Um bloco deve ser gerado a cada dez minutos, e a totalidade dos blocos e as transações neles contidas formam o "banco de dados" da moeda virtual.
Como o tamanho do bloco do Bitcoin é fixo, ele pode armazenar um número limitado de transações. Esse limite passou a tornar as transferências de Bitcoin mais caras, exigindo que quem tivesse pressa para ter sua transferência confirmada em um bloco pagasse uma tarifa para incentivar os chamados "mineradores" da moeda a preferir a inclusão de sua transferência em detrimento de outras. Em outras palavras, era preciso pagar para "furar a fila" ou aguardar até dias para ter uma transferência confirmada, já que não havia espaço suficiente nos blocos para todas as transações.
Os desenvolvedores do Bitcoin não chegaram a um consenso sobre como resolver o impasse. Com isso, foi criado o Bitcoin Cash, que usa um tamanho de bloco maior, permitindo que mais transferências sejam confirmadas em um único bloco.
O Bitcoin Cash, porém, não é uma moeda inteiramente nova. Isso porque ele leva em conta todo o histórico do Bitcoin até a data da divisão. Por isso, quem detinha Bitcoins também é dono de Bitcoin Cash. A diferença, porém, é o valor de mercado da moeda. Enquanto o Bitcoin tradicional vale cerca de US$ 3,3 mil, o Bitcoin Cash está cotado a US$ 300 flutuando bastante (a moeda chegou a passar dos US$ 700).
Com a criação do "fork", existem duas linhas de blocos vindas de uma mesma origem e que, a partir de agora, seguirão independentes. Normalmente, blocos "concorrentes" são ignorados pela rede, cedo ou tarde, para que apenas uma cadeia continue a receber novos blocos. O "fork" garante a manutenção das duas linhas (confira a imagem).
(Foto: Andy Clark/Reuters)
Tarifa menor pode ser risco
Com um bloco até oito vezes maior que o Bitcoin tradicional, o Bitcoin Cash pode confirmar mais transações em menos tempo. Isso, porém, reduz a necessidade de tarifas maiores.
Como as tarifas são parte do incentivo para o trabalho dos chamados "mineradores", é provável que menos mineradores tenham interesse no Bitcoin Cash. Com menos mineradores atuando, a rede fica mais vulnerável a um ataque de "controle", em que um único indivíduo ou grupo assume 51% do poder de processamento da moeda. Com isso, esse indivíduo ou grupo passaria a poder determinar quais transferência são ou não aprovadas pela rede.
Quando há mais mineradores envolvidos em uma moeda, esse tipo de ataque é mais difícil, pois é necessário um poder de processamento muito maior para atingir os 51% exigidos pelo ataque.
Ethereum também teve 'divisão'
A criptomoeda Ethereum também teve um "fork" em setembro de 2016. As duas moedas são hoje chamadas de Ethereum (cotada em US$ 280) e Ethereum Classic (cotada em US$ 15).
Além de questões técnicas, o Ethereum teve seu "fork" para ignorar uma série de blocos já computados na rede e que colocaram milhões de dólares na mão de um golpista. A divisão partiu de um bloco mais antigo da rede, antes das transferências fraudulentas, o que na prática desfez essas transferências e devolveu as moedas aos seus donos.
Sem esse tipo de "divisão", não é tecnicamente possível que alguém obrigue a devolução de criptomoedas.
Dúvidas sobre segurança, hackers e vírus? Envie para g1seguranca@globomail.com
Chamada de "hard fork", a medida não divide os Bitcoins existentes entre as duas moedas. Em vez disso, todo mundo que possuía Bitcoins imediatamente passa a possuir também o Bitcoin Cash. Quem tinha 3 Bitcoins (BTC) no dia 31 de julho, passou a ter também 3 Bitcoin Cash (BCH) no dia 1º de agosto, podendo gastar suas moedas em ambas as redes.
O Bitcoin Cash flexibiliza o tamanho dos chamados "blocos", um pilar do Bitcoin: criptomoedas não armazenam "saldos" ou "balanços", mas sim um histórico de transações. É a partir desse histórico de transações, agrupadas em blocos sequenciais, que os saldos são calculados. Um bloco deve ser gerado a cada dez minutos, e a totalidade dos blocos e as transações neles contidas formam o "banco de dados" da moeda virtual.
Como o tamanho do bloco do Bitcoin é fixo, ele pode armazenar um número limitado de transações. Esse limite passou a tornar as transferências de Bitcoin mais caras, exigindo que quem tivesse pressa para ter sua transferência confirmada em um bloco pagasse uma tarifa para incentivar os chamados "mineradores" da moeda a preferir a inclusão de sua transferência em detrimento de outras. Em outras palavras, era preciso pagar para "furar a fila" ou aguardar até dias para ter uma transferência confirmada, já que não havia espaço suficiente nos blocos para todas as transações.
Os desenvolvedores do Bitcoin não chegaram a um consenso sobre como resolver o impasse. Com isso, foi criado o Bitcoin Cash, que usa um tamanho de bloco maior, permitindo que mais transferências sejam confirmadas em um único bloco.
O Bitcoin Cash, porém, não é uma moeda inteiramente nova. Isso porque ele leva em conta todo o histórico do Bitcoin até a data da divisão. Por isso, quem detinha Bitcoins também é dono de Bitcoin Cash. A diferença, porém, é o valor de mercado da moeda. Enquanto o Bitcoin tradicional vale cerca de US$ 3,3 mil, o Bitcoin Cash está cotado a US$ 300 flutuando bastante (a moeda chegou a passar dos US$ 700).
Com a criação do "fork", existem duas linhas de blocos vindas de uma mesma origem e que, a partir de agora, seguirão independentes. Normalmente, blocos "concorrentes" são ignorados pela rede, cedo ou tarde, para que apenas uma cadeia continue a receber novos blocos. O "fork" garante a manutenção das duas linhas (confira a imagem).
(Foto: Andy Clark/Reuters)
Tarifa menor pode ser risco
Com um bloco até oito vezes maior que o Bitcoin tradicional, o Bitcoin Cash pode confirmar mais transações em menos tempo. Isso, porém, reduz a necessidade de tarifas maiores.
Como as tarifas são parte do incentivo para o trabalho dos chamados "mineradores", é provável que menos mineradores tenham interesse no Bitcoin Cash. Com menos mineradores atuando, a rede fica mais vulnerável a um ataque de "controle", em que um único indivíduo ou grupo assume 51% do poder de processamento da moeda. Com isso, esse indivíduo ou grupo passaria a poder determinar quais transferência são ou não aprovadas pela rede.
Quando há mais mineradores envolvidos em uma moeda, esse tipo de ataque é mais difícil, pois é necessário um poder de processamento muito maior para atingir os 51% exigidos pelo ataque.
Ethereum também teve 'divisão'
A criptomoeda Ethereum também teve um "fork" em setembro de 2016. As duas moedas são hoje chamadas de Ethereum (cotada em US$ 280) e Ethereum Classic (cotada em US$ 15).
Além de questões técnicas, o Ethereum teve seu "fork" para ignorar uma série de blocos já computados na rede e que colocaram milhões de dólares na mão de um golpista. A divisão partiu de um bloco mais antigo da rede, antes das transferências fraudulentas, o que na prática desfez essas transferências e devolveu as moedas aos seus donos.
Sem esse tipo de "divisão", não é tecnicamente possível que alguém obrigue a devolução de criptomoedas.
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