Bronze nas Paralimpíadas de Pequim e com doença degenerativa, Verônica Almeida tem desafio de nadar 12km em Salvador: "Uma pessoa disse que eu não conseguiria"
Verônica Almeida vai encarar desavio de nadar 12km na Baía de Todos os Santos (Foto: Washington Alves/CPB/MPIX)
A nadadora paralímpica Verônica Almeida começará 2015 com o desafio de nadar um percurso de 12km na Baía de Todos os Santos, em Salvador, na Bahia. A largada será na próxima segunda-feira, às 5h (horário local e 6h de Brasília), em Mar Grande, e a expectativa é que a travessia dure de oito a dez horas. O trajeto será feito no estilo borboleta. O percurso é o mesmo da Travessia Mar Grande-Salvador, prova que completará 52 anos em 2015.
A baiana de 39 anos é paratleta há nove devido a um distúrbio hereditário do tecido conjuntivo, chamada Síndrome de Elhers-Danlos. A doença, degenerativa e progressiva, ainda não tem cura e ela se locomove em cadeira de rodas. Medalha de bronze nas Paralimpíadas de Pequim 2008 e no Mundial da Holanda em 2010 nos 50m borboleta da categoria S7, Verônica pretende entrar para o Livro dos Recordes como primeira nadadora paralímpica a completar o percurso. Ela nada praticamente com um braço só e ganhou quatro quilos para encarar o desafio, que surgiu quando duvidaram da sua capacidade.
- Fiz essa travessia em 1998, quando ainda era atleta convencional. Decidi nadar novamente, agora como atleta paralímpica, pelo desafio mesmo. Há dois anos, quis fazer e uma pessoa disse que eu não conseguiria. Fiquei com aquilo na cabeça e me programei para nadar neste início de 2015. Nos últimos meses, depois de todos os compromissos na piscina, intensifiquei o treinamento para o mar. Não tive férias. Ganhei quatro quilos para ter gordura para queimar, já que será uma prova muito desgastante. O ritmo é mais forte no mar e eu nado borboleta praticamente só com um braço – disse Verônica, que integra a Seleção Paralímpica de Natação, que este ano vai disputar o Mundial de Glasgow, em julho, e no Parapan-Americano de Toronto, em agosto.
Durante a travessia, Verônica passará por locais com profundidades que chegam a 40 metros. As correntes marítimas locais são constantes, podendo ser favoráveis ou não, dependendo da maré. A atleta contará com um suporte de três barcos: um da ambulância, outro da equipe técnica e um terceiro com um grupo que está gravando um documentário sobre a vida da nadadora.
Baía de Todos os Santos, cenário do desafio de Verônica Almeida (Foto: Divulgação FBDA)
Na praia do Porto da Barra, local de chegada, uma ambulância ficará a postos durante todo o tempo. Alexandre Vieira, um dos técnicos da seleção Brasileira Paralímpica de Natação, acompanhará a prova. Um juiz da Federação Baiana de Desportos Aquáticos também estará presente para validar o recorde mundial de Verônica em águas baianas.
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