Microsoft quer aliciar consumidores e criadores de aplicações, que não ficaram convencidos com o Windows 8.
A Microsoft mudou de estratégia. Numa tentativa de convencer consumidores que alternam entre smartphones, tablets e computadores, o sistema será o mesmo em todos os aparelhos e grátis ao longo do primeiro ano.
Numa apresentação nesta quarta-feira, a Microsoft revelou que o Windows 10 vai ser disponibilizado sob a forma de actualização gratuita aos utilizadores que já tenham aparelhos com o Windows 7 (que ainda é a versão mais popular do Windows), com o Windows 8 ou com a versão mais recente do Windows Phone, o sistema para telemóveis.
É a primeira vez que a Microsoft decide não cobrar por uma nova versão do Windows. Segue, assim, as pisadas da Apple, que em 2013 começou a disponibilizar gratuitamente o seu sistema operativo Mac OS, para computadores, tal como já fazia com o sistema iOS, para tablets e telemóveis.
Com esta decisão, a empresa espera uma adesão mais rápida do que aconteceu com o Windows 8, lançado em finais de 2012 e cujas mudanças radicais face aos antecessores motivaram uma torrente de queixas. Este Windows não conseguiu conquistar mais do que 14% do mercado de computadores, segundo números da empresa de análises Net Applications. O Windows 7 ainda é líder, com uma fatia de 56%.
Uma das grandes novidades da versão 10 (que já tinha sido antecipada na imprensa, mas sem confirmação oficial) é a inclusão da Cortana, a assistente pessoal digital da Microsoft, que pode ser usada com comandos de voz e que já estava disponível para os telemóveis com Windows.
Avisando a audiência (o que inclui milhares de pessoas que seguiram o evento na Internet) de que o desenvolvimento não estava terminado e que poderia haveria falhas, o vice-presidente Joel Belfiore fez uma demonstração da Cortana. A assistente foi capaz de responder a perguntas do que parecia ser uma conversa informal (uma das questões foi sobre desporto), mostrou uma previsão meteorológica quando Belfiore lhe perguntou se precisaria de um casaco, e surgiu, sem ser chamada, com informação adicional sobre o restaurante cujo site Belfiore estava a consultar.
A descrição que o executivo da Microsoft fez da Cortana – sabe cada vez mais sobre o utilizador e está na Internet sempre a aprender – parecia um decalque da personagem Samantha, do filme de ficção científica Her (2013), em que uma assistente virtual e o seu utilizador se apaixonam.
O reconhecimento de voz e de linguagem natural (aquela que é usada por humanos e que difere dos comandos rígidos que tradicionalmente se dão aos computadores) tem sido uma das apostas das empresas de tecnologia e também a Apple e o Google têm os respectivos assistentes digitais. Porém, não é certo que a Cortana chegue ao mercado português. A versão para telemóveis só foi lançada nos EUA, China e Reino Unido, e as versões para Espanha, França, Itália e Alemanha ainda estão numa fase inicial de testes.
Tal como já tinha antecipado em Setembro, a Microsoft frisou que o Windows 10 será o sistema operativo para todos os aparelhos de consumo:smartphones, tablets e computadores. A ideia é não só permitir aos utilizadores uma experiência semelhante entre dispositivos, mas também facilitar o desenvolvimento de aplicações e assim aliciar criadores, que têm preferido os rivais Android e iOS. O sistema, porém, terá uma adaptação para os ecrãs com menos de oito polegadas, ou seja, para telemóveis e pequenos tablets. Feitas as contas a todos estes tipos de aparelhos, os sistemas Windows são apenas 14% do mercado, uma quota que a Microsoft quer aumentar.
A Microsoft arranjou também uma forma de tornar o Windows 10 mais adequado tanto a computadores com rato e teclado, como a equipamentos com ecrãs sensíveis a toques e gestos, resolvendo uma ambiguidade que foi prejudicial à adopção do Windows 8. O menu Iniciar (cuja ausência foi uma das grandes reclamações no 8) está de regresso e adopta o estilo de mosaicos coloridos que caracteriza os novos sistemas da empresa. Oferece uma experiência semelhante ao menu com que os utilizadores estavam familiarizados desde o antigo Windows 95, mas é possível ampliá-lo e usá-lo em ecrã inteiro, numa interface mais apropriada para tablets.
Confirmando também o que já circulava na Internet, a Microsoft anunciou estar a trabalhar num novo browser para substituir o decano Internet Explorer. Terá uma funcionalidade que permite sublinhar e anotar páginas na Web, e um modo de leitura, que (tal como no Safari, da Apple) extrai o texto de uma página e apresenta-o livre de distracções. Por ora, foi apresentado com o nome de código Spartan.
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