Hélmiton Prateado, Da editoria de Política
O megatraficante goiano Marcelo Gomes de Oliveira, o “Zói Verde”, que saiu da cadeia na última quarta-feira e está foragido por conta de outro mandado de prisão, deve estar na Bolívia, de acordo com fontes do Serviço de Inteligência da Polícia Civil de Goiás. Equipes de policiais estão no encalço do traficante, com um pedido para que a Interpol o procure no país vizinho.
A libertação de Marcelo “Zói Verde” ocorreu depois de uma manobra processual no Tribunal Regional Federal da 1ª Região (Brasília) conseguir arrancar um habeas corpus para o traficante e a Justiça Federal de Goiás determinar sua soltura. O prazo extrapolado na instrução criminal que foi determinante para os desembargadores federais concederem a ordem de liberdade é questionado como ilegítimo por especialistas em processo penal.
INDIGNADOS
Pedindo para não serem identificados, por causa do receio do poderio do traficante, processualistas se dizem indignados com a postura dos magistrados do TRF-1, porque em seu entender o interesse público deveria se sobrepor ao particular em casos de grande repercussão social como esse. “Um traficante com o poder que esse indivíduo tem não pode ser solto porque a instrução criminal está demorada. O risco que ele oferece para a sociedade é potencialmente muito superior ao malefício de sua prisão”, explica um advogado.
O poder de “Zói Verde” foi demonstrado ao longo dos últimos três anos quando a Polícia Civil de Goiás montou a maior operação de sua história na área de narcóticos. O delegado Odair José Soares, que em maio do ano passado era titular da Delegacia de Narcóticos de Goiás (Denarc) e comandou a megaoperação em que o traficante foi preso citou um detalhe de onde chegava a força que o marginal exercia nas instituições.
Os policiais tiveram de recompor todo o conjunto probatório para poder dar um golpe certeiro no coração do esquema criminoso. Marcelo já respondeu a duas ações penais em Goiânia por tráfico, mas com o poder do dinheiro e advogados inescrupulosos ele conseguiu fazer desaparecer os dois processos físicos do Fórum de Goiânia, bem debaixo dos narizes de juízes e sob as barbas da corregedoria. “Não é tão fácil fazer sumir dois processos assim”, comentou o delegado à época. Os autos foram recompostos, ele voltou a responder por esses crimes e por um deles foi novamente decretada sua prisão.
Alterações
Ao longo dos últimos anos o traficante vinha sucessivamente mudando de estratégias e abandonou a violência como forma de dominação no mundo do crime. “Ele passou a não se valer de violência para resolver suas pendengas, afim de não chamar a atenção da polícia”, comentou um policial.
“Zói Verde” se deu ao luxo de passear nos Estados Unidos e foi seguido por policiais em Las Vegas, Miami e Nova York, como consta dos relatórios que o serviço de inteligência dispõe. Um delegado que atuou nas investigações diz que o custo da operação para prender o traficante superou a casa dos R$ 3 milhões, um valor considerado astronômico para a força policial dispender em uma única operação.
A organização empresarial que a quadrilha de “Zói Verde” adotou impressionou os policiais. “A hierarquia era respeitada e as determinações seguidas com presteza”, revela um delegado que acompanha o caso. Em uma ocasião o imediato do traficante na organização recebe ordem para comprar novos aparelhos celulares, com linhas desconhecidas da polícia e no dia seguinte de forma disciplinada todos os integrantes da quadrilha procederam à troca de números e aparelhos.
Apesar da possibilidade de fuga do traficante considerado o “Pablo Escobar” do Cerrado, os policiais acreditam que vão descobrir o paradeiro dele e recolocá-lo atrás das grades.
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