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quarta-feira, 20 de abril de 2016

OMS respalda uso de mosquitos transgênicos para combater o zika

A organização insta aos países a buscar novas formas para erradicar ao inseto transmissor

Na falta de um tratamento e de uma vacina, frear a propagação do zika vírus passa por erradicar o mosquito que o transmite, oAedes aegypti. Uma das fórmulas é evitar que o inseto se reproduza; outra, que morra antes de transmitir a doença. Para ambas podem ser usados mosquitos geneticamente modificados, um sistema que ainda está sendo testado, mas que a Organização Mundial de Saúde (OMS) respaldou na terça-feira. A agência, que afirmou que ainda são necessários mais estudos para estender seu uso, instou os Governos a buscarem novos métodos para conter a epidemia que já atingiu 34 países da América e que pode afetar entre três e quatro milhões de pessoas.
"Diante da magnitude da crise do zika, a OMS encoraja os países afetados e seus parceiros a incentivarem o uso de antigas e novas abordagens para o controle de mosquitos como a linha mais imediata de defesa contra o vírus", afirmou a organização em um comunicado. A OMS fala, por exemplo, de um projeto que consiste em liberar mosquitos Aedes geneticamente modificados para que seus descendentes morram antes de atingir a idade adulta e, assim, terem sua reprodução impedida. O sistema, desenvolvido pela empresa britânica Oxitec, foi testado nas Ilhas Cayman e já foi usado na cidade paulista de Piracicaba. O Brasil é o país mais afetado pelo surto.
Em um documento em que detalha novas formas de combater o vírus, a OMS também fala de outros dois métodos: liberar em massa insetos machos esterilizados com doses baixas de radiação –estratégia que a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) já usou para lutar contra outros insetos em partes da África–; e o uso de mosquitos portadores da bactéria Wolbachia, que não infecta os humanos, mas inutiliza os ovos colocados pelas fêmeas que se reproduzem com machos portadores dessa bactéria. Uma estratégia "promissora", diz a OMS, que já demonstrou ser eficaz para frear a transmissão de dengue, uma infecção que também é transmitida pelo mosquito Aedes aegypti.
A organização liderada por Margaret Chan, que em 1º de fevereiro declarou um alerta global de saúde pública, disse, no entanto, que para se ampliar o uso de mosquitos geneticamente modificados e outros métodos similares é preciso realizar mais testes. A utilização desses sistemas, que implicam na erradicação do Aedes aegypti –que a OMS define como uma "ameaça tenaz e oportunista"– é polêmica. Várias organizações ambientais têm alertado sobre o que o seu desaparecimento pode significar para a diversidade.

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