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sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Professora demitida durante ditadura militar é reintegrada à UFBA

'Reintegração é algo que o estado brasileiro me devia', disse Mariluce Moura.
Cerimônia foi realizada nesta sexta-feira (18), em Salvador.

Do G1 BA
Professora Mariluce Moura foi reintegrada ao corpo docente da Universidade Federal da Bahia (UFBA) após ser afastada por conta da ditadura  (Foto: Divulgação/ UFBA)Professora Mariluce Moura foi reintegrada ao corpo
docente da UFBA após ser afastada por conta da
ditadura (Foto: Divulgação/ UFBA)
A professora Mariluce Moura foi reintegrada ao corpo docente da Universidade Federal da Bahia (UFBA), em uma cerimônia realizada nesta sexta-feira (18), em Salvador, após perder em 1976 o direito de exercer as funções profissionais na universidade durante a Ditadura Militar.
A docente foi presa e torturada pelos agentes da repressão e também foi demitida de sua função no Departamento de Comunicação daUFBA. Ela foi absolvida posteriormente pela própria Justiça Militar, mas só conseguiu recuperar o emprego após um pedido de processo de anistia, iniciado em 2011.
"Eu poderia escolher uma indenização, mas do ponto de vista simbólico, moral, profissional, minha reintegração é algo que eu achava que o estado brasileiro me devia. Não sei ainda a data exata de quando vou voltar para universidade, mas em janeiro vou conversar com a UFBA e com o pessoal da Facom (Faculdade de Comunicação da UFBA) para definir o calendário", disse Moura.
Faculdade de Comunicação, UFBA, Salvador (Foto: Facom/Divulgação)Faculdade de Comunicação, UFBA, em Salvador
(Foto: Facom/Divulgação)
A decisão pela reitegração de Mariluce ocorreu no dia 14 de outubro deste ano, em uma sessão da Comissão de Anistia realizada em homenagem ao Dia do Professor, comemorado no dia 15 do mesmo mês, onde foi oficializado o pedido de desculpas do governo brasileiro aos professores perseguidos durante a Ditadura Militar. A comissão reconheceu o período em que a professora Mariluce Moura ficou afastada de seu emprego e, através de Portaria do Ministério da Justiça, lhe concedeu o direito de ser reintegrada à UFBA.
"Eu me formei em jornalismo em 1972, com 22 anos, e com essa idade fui presa. Meu marido foi preso no mesmo dia que eu. Em 1973 eu fui solta, mas meu marido foi assassinado. Fui julgada na auditoria militar em outubro de 1974 e absolvida por unanimidade. Esta sentença do Superior Tribunal Militar confimou a sentença de que eu era inocente e fui absolvida", contou a docente aoG1.
"Em julho de 1975 prestei concurso no departamento de comunicação da UFBA para professor. Passei em primeiro lugar e fui contratada em agosto. Em 1976, quando estava me preparando para fazer mestrado no Rio de Janeiro, fui avisada que estava demitida. Saí foi sob consternação total, mas todos ficaram calados porque era um clima de muito medo. Consegui um documento que mostrava que minha demissão foi motivada por comunicado do MEC [Ministério da Educação], enviado para UFBA em 1975, dizendo que meu contrato não intressava à universidade por conta do meu passado político. Após passar no concurso, eu ensinei o segundo semestre de 1975 e fui demitida", acrescentou Mariluce.
De acordo com o reitor da universidade, professor João Carlos Salles, que presidiu a solenidade, o ato tem um significado especial. "Esse processo reforça o que é essencial em uma universidade como instituição democrática, além da rica história de Mariluce e da grande profissional que ela é. É uma história que vai enriquecer a universidade e tem um simbolismo extraordinário, para que haja reflexão sobre o tempo obscuro do autoritarismo", disse Salles.
Diplomada em jornalismo pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), Mariluce Moura é mestra e doutora em Comunicação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Há cerca de 32 anos ela saiu de Salvador e já morou no Rio de Janeiro, Brasília e atualmente reside em São Paulo. Mariluce Moura criou a revista de pesquisa FAPESP, que dirigiu entre 1999 e 2014. Lançou no mercado baiano a revista Bahiaciência , com o firme propósito de incluir no debate sobre o desenvolvimento do estado de qual é originária os temas da produção local do conhecimento científico, da tecnologia e da inovação.
Foi também presidente da Associação Brasileira de Jornalismo Científico e desenvolveu, em parceria com o grupo de pesquisa Labjor, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), um projeto multimídia de difusão científica no país, voltado ao público de 14 a 25 anos, que denominou "Ciência na rua".

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