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domingo, 27 de dezembro de 2015

Usar comida para compensar estresse atrapalha a dieta; especialista explica como se controlar

Antes de pensar em perder peso, a pessoa deve buscar ajuda especializada
Carmen Vasconcelos (carmen.vasconcelos@redebahia.com.br)
Atualizado em 27/12/2015 09:21:26
  
Subestimar o papel emocional da alimentação pode ser um dos motivos que levam muitas pessoas a recuperar o peso original depois de uma dieta. Isso foi o que mostrou um estudo feito pela Orlando Health. A pesquisa mostrou ainda que o problema ocorre quando as pessoas começam a usar a comida como um sistema de recompensa para ser acionado em momentos de estresse.
Para a neuropsicóloga Diane Robinson, diretora do Programa de Medicina Integrativa da Orlando Health, muitas pessoas voltam a ganhar peso justamente por ignorar o papel emocional da alimentação. O que deve ser levando em conta antes ou durante uma dieta. 
Para evitar o mecanismo da compensação, a especialista recomenda que as pessoas que estão buscando emagrecer mantenham um diário para registrar as comidas ingeridas e o humor de cada dia, para facilitar o reconhecimento de padrões ruins. Além disso, antes de comer qualquer coisa, é importante se perguntar se está realmente com fome ou se a comida está sendo usada para obter algum conforto.
Compensações De acordo com o psicólogo Helder Farias, especialista em Psicologia Hospitalar, na rotina diária, sobra pouco tempo para a família, lazer e atividades prazerosas. A comida, então, deixa de ter um papel de alimentação e passa a ser um apaziguador desses conflitos. 
Helder ressalta que a comida não deve ser vista como vilã e que antes de pensar em perder peso, a pessoa deve buscar ajuda especializada, em vez de usar, por exemplo, a experiência de um vizinho ou amigo que perdeu peso. 
O cirurgião bariátrico e diretor do Núcleo de Tratamento e Cirurgia da Obesidade (NTCO) Erivaldo Alves lembra que obeso não é aquele que come muito. “Em 80% dos casos de obesidade, o fator genético é preponderante”, esclarece o médico. 
Ele destaca ainda que o gordo não é a pessoa desleixada e preguiçosa. “A ciência tem pontuado tantas causas para o ganho de peso, com aspectos que vão desde as questões psíquicas, como um trauma, até a poluição”, diz. Dentro desse contexto atual, o médico lembra ainda alguns estudos mostrando que até o estilo de vida pode determinar o ganho de peso e a obesidade. “Alguns trabalhos demonstram que quem vive só tem mais predisposição ao ganho de peso”, esclarece. 
Enivaldo Alves destaca que a obesidade traz consigo mais de 20 outras doenças, conhecidas como comorbidades. “Mais que questões estéticas, é bom destacar que obesidade mata. Cerca de 70% das pessoas com obesidade morrem entre os 45 e 55”, ressalta. 
Para se ter uma ideia da dimensão do problema, basta lembrar que atualmente, o Brasil é o quinto país do mundo no ranking da obesidade, mas a perspectiva é que ele suba para o terceiro em 2020.

Superação 

Um bom exemplo de como o fator psicológico pode ser um determinante para a redução de peso aconteceu com o estudante baiano Franklin Silva, que conquistou uma bolsa do Ciências Sem Fronteiras para estudar na College of San Francisco (EUA).  Os amigos diziam que seu peso, já em estágio preocupante, sairia de controle. Aquela corrente negativa, porém, mexeu com seus brios. 

No início de 2013, em sua primeira viagem internacional aos 19 anos, desembarcou em San Francisco, pesando 112 quilos. A preocupação imediata passou a ser em como lidar com a tentação em provar novidades gastronômicas. Logo percebeu, porém, que o estilo de vida dominante da Califórnia seria uma inspiração para o desafio mais importante: emagrecer. 
“Quase todos praticam esporte e cultuam a alimentação saudável, nunca tinha visto tantos vegetarianos!”, recorda. Mas a dica que fez toda a diferença não veio de um californiano e nem mesmo em inglês. Numa conversa com uma amiga brasileira, via chat no WhatsApp, lamentava com ela a falta em sua dieta de uma ferramenta que o ajudasse a controlar o consumo de alimentos sem lhe tomar muito tempo. Foi aí que ela  contou sobre o aplicativo MyFitnessPal, que poderia ser um valioso aliado na luta contra a balança. 
Ele também passou a pesar os alimentos antes de comer para se certificar das porções corretas de nutrientes. “Foi a partir dali que comecei a introduzir importantes mudanças em meus hábitos diários”, conta. Frequentar academia também começou a acelerar seus resultados. 
Ao final de seu primeiro semestre, caiu para 93 quilos, superando com folga a primeira meta de ficar abaixo dos 100 kg. “Meu dia não terminava sem ver a previsão de peso. MyFitnessPal era aquele amigo que no final do dia sempre me dizia: vai, Franklin, você consegue”. 

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