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domingo, 6 de dezembro de 2015

Virada Ocupação celebra suspensão de reorganização de escolas em SP

Evento tem shows como o do cantor Criolo, o primeiro a se apresentar.
Comemoração acontece na Zona Oeste, diante de escola ocupada.

Fábio TitoDo G1 São Paulo
Estudantes acompanham show durante a Virada Ocupação (Foto: Fabio Tito/G1)Estudantes acompanham show durante a Virada Ocupação (Foto: Fabio Tito/G1)
O cantor Criolo e diversos outros artistas se apresentam na tarde deste domingo (6) no evento Virada Ocupação, que celebra as manifestações das últimas semanas contra a reorganização da rede estadual de ensino de São Paulo e a suspensão das mudanças anunciadas pela Secretaria da Educação. O adiamento foi comunicado pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) na sexta-feira (4) e confirmado em Diário Oficial no sábado (5).
A Virada Ocupação acontece em uma praça da Rua Cristiano Viana, no Sumaré, Zona Oeste de São Paulo. A praça fica em frente à Escola Professor Antônio Alves Cruz, uma das 195 ocupadas por estudantes contrários à reorganização. O número é da Secretaria da Educação. Já a Apeoesp, o sindicato dos professores, afirma que são 205 as unidades ocupadas.
A virada foi convocada pela Rede Minha Sampa, que se define como uma rede de alerta e mobilização independente e “em prol de São Paulo”. Segundo a rede, também farão apresentações neste domingo as seguintes bandas e artistas: Maria Gadú, Bárbara Eugênia, Vanguart, Cidadão Instigado, Céu, Pequeno Cidadão, Paulo Miklos, Tiê e André Whoong, Arnaldo Antunes, Vespas Mandarinas, 2 Reis, Pitty, Chico César, Fresno, Bixiga 70, Yiago Iorc, Lucas Santana, Karina Buhr e Metá Metá.
As apresentações começaram às 15h45 com o cantor Criolo. “Estou aqui por cidadania, por uma escola pública de qualidade. Não tem nada a ver com partido político, não tem nada a ver com guerra por poder. São crianças ensinando a nós, adultos, como a gente pode melhorar”, diz.
Vários estudantes compareceram ao evento com faixas e cartazes contendo frases bastante usadas por eles nos protestos contra a reorganização das escolas. “Tira a minha escola e eu tiro o seu sossego”, diz um dos cartazes.
Segundo a Secretaria da Educação, o objetivo da reorganização era melhorar o ensino concentrando alunos de determinadas faixas etárias em escolas de ciclo único. No processo, 93 escolas seriam fechadas.
Segundo o governador Geraldo Alckmin, com a suspensão da reorganização, as medidas para reestruturar a rede serão discutidas com pais e alunos ao longo de 2016.
Estudantes durante Virada Ocupação (Foto: Fabio Tito/G1)Estudantes durante Virada Ocupação (Foto: Fabio Tito/G1)
Criolo se apresenta na Virada Ocupação (Foto: Fabio Tito/G1)Criolo se apresenta na Virada Ocupação (Foto: Fabio Tito/G1)
Protesto
Manifestantes voltaram a protestar no sábado contra a reestruturação do ensino paulista. Um grupo caminhou pela Avenida Paulista e pela Rua da Consolação até a Praça da República, onde fica a Secretaria da Educação. Eles pediram o cancelamento da reorganização escolar no estado.
Os manifestantes levaram faixas e cartazes dizendo que "a luta só acaba quando a vitória for completa". O protesto começou às 15h e acabou por volta das 18h.
O protesto foi pacífico. A Polícia Militar acompanhou o trajeto. Alguns estudantes fizeram um "catracaço" no Metrô República, saltando ou passando por baixo das catracas. Houve um princípio de confusão com os seguranças do Metrô, mas o tumulto acabou rapidamente.
Vitrola Sintética em apresentação na Virada Ocupação (Foto: Fabio Tito/G1)Vitrola Sintética em apresentação na Virada Ocupação (Foto: Fabio Tito/G1)
Suspensão
O governador Geraldo Alckmin recuou e suspendeu a reestruturação afetaria mais de 300 mil alunos nesta sexta. Na mesma data também foi divulgado pelo instituto Datafolha que o governador teve seu índice de popularidade mais baixo, com apenas 28% de aprovação.
Durante os protestos, a Polícia Militar foi criticada por agir com truculência com os estudantes que interditaram vias públicas da capital paulista.
O tucano disse que irá dialogar com pais e alunos no ano que vem a respeito da reorganização da rede de ensino estadual e que os estudantes permanecerão em suas unidades em 2016.
O secretário de Educação do Estado de São Paulo, Herman Voorwald, em foto de 2013 (Foto: Tiago Queiroz/Estadão Conteúdo)O ex-secretário de Educação do Estado de São Paulo, Herman Voorwald (Foto: Tiago Queiroz/Estadão)
Após o governador suspender a reforma da rede de ensino, o secretário da Educação do Estado de São Paulo, Herman Voorwald, pediu para deixar o cargo. A carta com o pedido de demissão foi entregue ao governador, que aceitou a decisão de Voorwald. Alckmin deve anunciar o nome do novo secretário no início da próxima semana.
O governo defende que a reorganização vai melhorar o ensino. Os alunos, porém, contestam e reclamam que não foram ouvidos pelo governo sobre as mudanças e sobre o fechamento das unidades onde estudam. Em protesto, eles passaram a ocupar, desde 9 de novembro, escolas em todo o estado.
Ocupação continua
Os estudantes comemoraram a suspensão, mas afirmaram que vão continuar ocupando as escolas até que Alckmin revogue a lei que determina a reorganização escolar.
No anúncio da suspensão da reorganização, o governador defendeu a proposta citando dados do desempenho escolar na rede estadual.
"Somos o quarto colocado no IDEB no ciclo 1, o terceiro no ciclo 2, e o segundo no ensino médio. Avançamos muito com escolas de tempo integral, a maior rede de ensino técnico do país, somos o único estado brasileiro que investe 30% em educação; ninguém investe tanto no Brasil", afirmou.
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No fim do pronunciamento, Alckmin leu uma frase do Papa Francisco: "Sempre que perguntado entre a indiferença egoísta e o protesto violento, há uma solução sempre possível, o diálogo." Ele saiu sem conceder entrevista aos jornalistas.
A frase foi dita pelo pontífice em um discurso no Theatro Municipal do Rio de Janeiro em sua visita ao Brasil em 27 de julho de 2013.
Queda na popularidade
Alckmin recuou da decisão no dia em que uma pesquisa Datafolha indicou que a popularidade do governador chegou ao menor índice já registrado.
Os dados mostraram que 28% consideram o governo dele ótimo ou bom – na pesquisa anterior, o percentual era de 38%. Segundo o Datafolha, dois fatos influenciaram essa queda: a crise hídrica e a reorganização escolar.
Promotoria
Na quinta-feira (3), o Ministério Público e a Defensoria Pública pediram a suspensão da reorganização em todo o estado. A Justiça tinha dado prazo de 72 horas para que a Fazenda Pública do Estado se manifestasse sobre as alegações do processo.
Segundo a Promotoria, a ação foi a última medida adotada após diversas tentativas de diálogo com o governo.
O pedido de liminar determinava que a reorganização fosse suspensa, que os alunos permanecessem em suas escolas e que o governo apresentasse um calendário para um amplo debate, durante o ano de 2016, sobre a proposta.
Guarulhos
Nesta sexta, a Justiça concedeu liminar que suspende a reestruturação da rede estadual de ensino em Guarulhos, na Grande São Paulo. Segundo a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça (TJ), em caso de descumprimento, o governo teria de pagar multa de R$ 200 milhões.
A decisão valia apenas para a cidade de Guarulhos e foi resultado de uma ação civil pública proposta pelo Ministério Público (MP). O governo paulista pode recorrer da decisão.
Protestos
Ao iniciarem os protestos dos alunos interditando importantes vias da capital, a Polícia Militar foi instruída a não permitir que as avenidas fossem ocupadas. Para isso, a corporação utilizou bombas de efeito moral e de gás lacrimogêneo, como ocorreu nesta sexta na Rua da Consolação (G1 acompanhou o protesto em tempo real).
Segundo levantamento da TV Globo, 33 pessoas foram detidas nos atos. Os alunos afirmam que a PM foi truculenta.
Entre os detidos, a maioria é de alunos. Os adultos são presos e os adolescentes apreendidos. Policiais disseram à equipe de reportagem que tentaram negociar a liberação das vias com os estudantes, mas, como eles se recusaram, foi preciso agir, inclusive com o “uso progressivo da força”.
Na quarta (2), o governador criticou os protestos e disse que havia motivação política por trás do movimento. "Não é razoável obstrução de via pública, é nítido que há uma ação política no movimento. Há um nítida ação política", disse.
Bombas de efeito moral e sprays de gás pimenta foram usados pelos agentes para dispersar os bloqueios das vias.
Ao menos na capital não há relatos de que balas de borracha foram usadas. Segundo a PM, algumas pessoas foram detidas por desacato, desobediência, resistência, dano ao patrimônio e corrupção de menores.
“A SSP permanecerá atuando para impedir que haja dano ao patrimônio, seja público ou privado, incitação de crime ou tumultos e badernas nas ruas, que prejudicam o acesso de milhões de paulistas ao trabalho”, afirmou a secretaria em nota.
PMs acompanham protesto (Foto: Márcio Pinho/G1)PMs acompanham protesto de alunos contra a reestruturação de ensino em SP (Foto: Márcio Pinho/G1)
Polícia usa gás lacrimogêneo para tentar dispersar um protesto de estudantes e apoiadores contra o fechamento de escolas previsto pelo governo do estado de São Paulo, na Zona Oeste da capital (Foto: Taba Benedicto/Agência O Dia/Estadão Conteúdo)Polícia usa gás lacrimogêneo para dispersar protesto de estudantes contra o fechamento de escolas em São Paulo (Foto: Taba Benedicto/Agência O Dia/Estadão Conteúdo)

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