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sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Em assembleia, alunos decidem seguir em escolas ocupadas em SP

Geraldo Alckmin anunciou nesta sexta-feira que suspendeu reestruturação. Estudantes devem voltar a discutir as ocupações em reunião no domingo.
04/12/2015 21h06 - Atualizado em 04/12/2015 21h29

Por Roney Domingos
Do G1 São Paulo


Cerca de 70 representantes dos estudantes que ocupam escolas no estado de São Paulo decidiram, em assembleia realizada na noite desta sexta-feira (4), permanecer nas unidades de ensino. A reunião foi realizada no pátio da Escola Estadual Caetano de Campos, no Cambuci, região central de São Paulo.
O governador Geraldo Alckmin (PSDB) anunciou nesta tarde que suspendeu o projeto, que estava previsto para começar em 2016. O governo informou que a suspensão do decreto sobre a reestruturação vai ser publicada no Diário Oficial neste sábado (5).
Os estudantes leram uma carta pedindo garantias da revogação da reestruturação na rede escolar no Diário Oficial do estado antes da desocupação. Além disso, querem a garantia de que não haverá repressão e nem perseguição.
Os alunos esperam reunir todas as escolas no domingo (6) para um novo encontro para discutir as ocupações. Atualmente, 196 escolas estão tomadas por alunos, segundo a Secretaria da Educação. Para o Sindicato dos Professores (Apeoesp), são 205 escolas.
"Não acreditamos na palavra do governador, não podemos baixar a guarda, nossa luta definitivamente não acabou. Não desocuparemos as escolas enquanto Geraldo Alckmin não revogar oficialmente a sua proposta de reorganização e de fechamento das nossas escolas", diz a carta divulgada durante a assembleia.
 Em outro trecho, os jovens falam sobre o que querem para as escolas: "O espaço educacional com o qual sonhamos precisa estar conectado com a diversidade da juventude. Somos a juventude que quer mudar o mundo, e com muita irreverência começaremos essa transformação pelas nossas escolas. Vamos conquistar laboratórios para todas as matérias, um material didático que contribua efetivamente para nossa formação, bibliotecas, salas de musica, teatros, quadras cobertas e toda a infraestrutura que sempre sonhamos e agora está mais perto do que nunca conquistarmos".
 Após o anúncio do governador nesta tarde, estudantes já tinham dito que não vão sair das escolas ocupadas porque eles querem que o governador revogue o decreto. O documento, publicado no Diário Oficial de terça-feira (1º) autoriza a transferência de funcionários da Secretaria da Educação de uma escola para outra dentro do programa de reestruturação.
Assembleia acontece em escola na Aclimação na noite desta sexta-feira (Foto: Roney Domingos/G1)
Assembleia aconteceu em escola na Aclimação na noite desta sexta-feira (Foto: Roney Domingos/G1)
Assembleia
 O representante dos estudantes da EE Caetano de Campos pregou união durante a assembleia desta noite. "Se for para acabar, tem de acabar todo mundo junto e, se for para continuar, tem de continuar todo mundo junto", afirmou.
 "A gente começa em clima de comemoração porque conseguimos a primeira vitória que é a suspensão da reorganização em 2016", disse uma dirigente. "A gente deu uma resposta muito ousada. Acho que não podemos baixar a guarda", afirmou.
Outra manifestante sugeriu resistir e desocupar apenas quando Alckmin publicar no Diário Oficial a revogação da reestruturação. Ela sugeriu pautar uma reforma na estrutura física das escolas. "Tem que meter o dedo na ferida. Os estudantes não vão parar enquanto não tiverem um padrão ostentação de qualidade", afirmou. "A gente tem que pautar a reestruturação do ensino médio. Nas próximas semanas serão de resistência bruta", afirmou.
 Durante a tarde, os jovens disseram que temiam estar "tomando mais um golpe". "A gente não vai arredar o pé dessa luta que a gente acha tão importante nas nossas escolas", disse a presidente da União Paulista dos Estudantes Secundaristas (Upes), Angela Meyer.
Na Escola Estadual Fernão Dias, em Pinheiros, segunda a ser ocupada no estado, os estudantes garantiram que vão seguir onde estão.
"Fizemos a assembleia e não vamos desocupar a escola! A ocupação continua e a galera está indo para a rua. O governador está fazendo uma manobra pra dispensar, porque queremos que ele revogue [o decreto que determinou a reorganização escolar]. Ele não tem espaço para dialogar com a gente!", disse um dos alunos.
A Fernão Dias foi ocupada no dia 10 de novembro, um dia após a ocupação na Escola Estadual Diadema, na Grande São Paulo. A escola ficou marcada por resistir a uma ação com mais de 100 policiais militares. A Justiça chegou a determinar a reintegração de posse, mas depois voltou atrás.
Nesta sexta-feira, após uma semana de intensos protestos nas ruas e repressão policial às ações dos estudantes, o governador Geraldo Alckmin anunciou a suspensão da reorganização e disse que os alunos vão continuar nas escolas onde estão e o governo vai intensificar o diálogo com pais e alunos 'escola por escola (veja no vídeo abaixo). O secretário da educação Herman Voorwald deixou o cargo após o anúncio.

Os estudantes aguardam mais detalhes do planejamento da Secretaria de Educação para definir os próximos passos do movimento. Segundo a presidente da Upes, o pronunciamento de Geraldo Alckmin não deixou claro como será a discussão com alunos, pais e professores.
"Todo mundo tem um monte de coisa para perguntar. E a gente não conseguiu entender qual é a proposta. Até quando vai suspender? É o ano de 2016 inteiro? Para fazer quais tipos de debate? Quantas audiências públicas? A gente precisa saber de tudo isso para saber se a gente vai desocupar, ou não, as escolas", questionou.

Na página de uma organização ligada aos estudantes no Facebook, uma mensagem foi postada na tarde desta sexta falando para que os alunos continuem ocupando as escolas.
"Vamos aguardar a decisão e pronunciamento do Comando das Escolas Ocupadas sobre os próximos passos da luta, pois a luta é dos estudantes secundaristas que ocuparam as suas escolas e travaram avenidas por todo Estado de SP."
"E o que vai acontecer com estudantes , professores e apoiadores presos e processados? Mas que diálogo pode haver com um governo que prendeu, perseguiu, processou, agrediu e torturou estudantes? E os diretores que oprimiram os estudantes?", diz o post.



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