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domingo, 15 de fevereiro de 2015

À Mesa: Uma rota pelas bodegas argentinas Catena Zapata, Norton e Pulenta Estate

Giacomo Mancini (giacomo.mancini@redebahia.com.br)
Atualizado em 15/02/2015 17:54:22
  
A Bodega Catena Zapata, em Mendoza, tem forma que lembra pirâmide maia 
(fotos de Giacomo Mancini)
Em Mendoza há, pelo menos, 1.200 bodegas produzindo uvas e vinhos. Nem todas podem ser visitadas. Só umas 120! Algumas sequer têm placa indicando se há produção de vinhos ou apenas plantação de uvas. É que existem Fincas (fazendas) que produzem uvas para as bodegas maiores.
Ali, se há produção de vinho, é pequena, geralmente para a família. Num universo tão imenso de vinícolas, é claro que há as pequenas, consideradas como butiques de vinhos. Tem também as médias, com produção razoável, e as grandes, que já garantiram os nomes como excelentes produtoras de vinho e são donas de um bom mercado de exportação.
Talvez as duas maiores representantes das grandes vinícolas sejam a Norton e a Catena.
Barris abrigam vinhos produzidos em Pulenta Estate
Catena Zapata -  Sobre a Catena, nem é preciso falar muito. Nicolás Catena transformou uma empresa familiar numa das mais importantes vinícolas do mundo. A bodega produz  vinhos excelentes, altamente pontuados pelos mais importantes especialistas e ajudou a consolidar a uva Malbec como a melhor representante dos vinhos argentinos.
O prédio da Catena lembra uma pirâmide maia. A estrada que leva do portão até o edifício já prepara o visitante para a grandiosidade da vinícola. O atendimento é cordial e a degustação é bem conduzida. Mas... a Catena não é mais uma vinícola onde o tratamento é quase personalizado. Todos somos mais um visitante. É bem verdade que chegamos com um atraso de quase meia hora. Conseguimos fazer a degustação. Foram quatro vinhos.
Entre eles o Angélica Zapata, o Nicolas Catena Malbec e o Catena Alta. Mas não consegui visitar a adega e nem a área de produção. Fiquei vendo os barris de carvalho pelo vidro da sala de degustação. Ficou um gostinho de “quero mais”. Nada que prejudique minha paixão pelos vinhos da Catena.
Mesmo com grande produção, a Bodega mantém o alto padrão de qualidade e de respeito com as uvas e com os vinhos que faz. E a gente sai de lá, claro, com algumas  garrafas embaladas para viagem.
Norton - Outra vinícola grande que também vale uma visita é a Norton. É a maior exportadora de vinhos da Argentina. A Norton produz bebidas excepcionais, como os Lote A109 e também o Finca Perdriel Centenário. Foi o Perdriel, excelente, que nos acompanhou no almoço no restaurante que fica na sede da Norton. O La Vid, da chef Patricia Suarez, é pequeno, mas muito acolhedor.
O serviço é eficiente, simpático, atencioso. Do menu do dia, pedi o Ojo de Bife de 375g. Devo ter pensado em Asterix. Quando serviu a carne, ao ponto, o garçom disse baixinho: “É talvez a melhor que o senhor vai comer na Argentina”. Talvez tenha sido mesmo! Cocção perfeita. Perfeita.
Um Ojo de Bife alto, com gordura suficiente para deixar a carne macia, saborosa, fantástica. O La Vid é um dos poucos restaurantes de vinícolas em Mendoza em que há um menu degustação e outro menu fixo. Os dois são alterados a cada estação pela chef. No dia em que fomos à Norton, só a loja da vinícola e o restaurante estavam funcionando. Ponto para o restaurante.
Na saída, como éramos os últimos, invadi a cozinha para cumprimentar Patricia pela refeição. Ela explicou que o segredo é sempre pedir a carne ao ponto. Nem  mais e nem menos. O ponto do chef é a suprema dominação do fogo para uma cocção perfeita.
Vinhos produzidos em Pulenta Estate

Pulenta Estate - A Pulenta Estate não é tão grande como a Catena ou a Norton. É uma vinícola fundada pelos irmãos Eduardo e Hugo Pulenta. O outro irmão, Carlos, é dono da Vistalba. A Pulenta Estate é relativamente nova, foi fundada em 2002 e produz bebidas maravilhosas. Fomos lá provar dos vinhos. A recepção começa ao lado das parreiras, com um Sauvignon Blanc.
Depois, visitamos a adega onde estão os barris de carvalho franceses e americanos. Dois andares para baixo, há a sala de prova. Foram quatro vinhos, os top da bodega. O Gran Pinot Noir 2011, o Gran Malbec  2011, o Gran Cabernet Franc 2011 e o Gran Corte VII 2011 - que, para mim, é realmente “o vinho” da Pulenta.
O 2011 tem 43% de Malbec, 28% de Cabernet Sauvignon, 18% de Merlot, 8% de Petit Verdot e 3% de Tannat. Passa 18 meses em barricas de carvalho francesas novas. Pena que a degustação foi um pouco apressada. Naquele dia, havia uma sessão de fotos marcada com os irmãos Pulenta. E todos os funcionários estavam atentos aos chefes. Com razão, claro.
Eduardo Pulenta foi simpático, distribuiu apertos de mão e foi para a sessão de fotos. Nós, ainda com o sabor do Corte VII persistindo, pegamos a estrada e fomos para o Restaurante La Vid, na Norton. Felizes da vida.
Receita: Carne Braseada
Chef Patricia Suarez Roggerone
A Carne Braseada é tradicional em Mendonza, na Argentina 
(Foto: Divulgação)
Ingredientes para a carne (8 porções)1.800 gramas de carne fibrosa, que se desmanche quando cozida1 garrafa de vinho Sauvignon Blanc3 dentes de alho amassados1 cenoura1 cebola1 raminho de aipo1 buquê de ervasVinagre de vinho1 1/2 colher de sopa de pimenta moídaSal grosso de churrasco1 colher de sopa de pimenta preta moídaAzeite de oliva
Ingredientes para os legumes
400 g de batatas lavadas e cortadas em pedaços com a casca
400 g de batatas doces em pedaços
400 g de abóbora cortada em pedaços
Azeite de oliva
10 g de sal fino
3 g de pimenta
Tomilho fresco

Preparo

Para a carne: no dia anterior, marine a carne com todos os ingredientes, sem adição de sal. Em seguida, corte-a em 8 pedaços de igual tamanho. Numa assadeira profunda, coloque as peças de carne com a marinada, tempere com sal, e cubra com papel alumínio, certificando-se de fechar bem a assadeira para evitar que os sucos da carne escapem quando assar. Leve ao forno a 150°C por cerca de duas horas. Retire e sirva com legumes.

Para os legumes: bote os legumes cortados numa panela e regue com azeite, tempere com sal e pimenta e misture bem. Doure todos os lados e deixe no fogo até que estejam cozidos. Adicione o tomilho no final e sirva com a carne. Ela pode ser colocada numa travessa coberta com a massa de pão. Aí você pode voltar ao forno até que a massa fique dourada. Sirva bem quente.

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