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segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

População da Bahia deixa de crescer e terá 65 idosos para cada 6 crianças

A perspectiva é que tal situação seja registrada no âmbito nacional em 2040

Albenísio Fonseca | 23/02/2015 - 08:10
A população da Bahia vai deixar de crescer em meados de 2030. A perspectiva é que tal situação seja registrada no âmbito nacional em 2040. A estimativa é do coordenador de Disseminação de Informação do IBGE, Joilson Rodrigues de Souza. O envelhecimento populacional impõe desafios que se estendem além dos campos da saúde, previdência e educação, com repercussões diretas sobre o planejamento e a gestão pública. Se a explosão demográfica é, sem dúvida, um dos maiores problemas da humanidade, a estagnação - com queda nas taxas de fecundidade e mortalidade – muito mais que alterar a ilustração estatística “da pirâmide para o cone” - tende a levar a impactos no desenvolvimento econômico do país, do estado e de Salvador, em particular.
De acordo com Joilson Souza, “a taxa de fecundidade da população baiana que no ano 2000 apresentou um índice de 2,49 filhos por mulher, em 2010 registrou redução para 1,89 filhos”. Conforme o técnico do IBGE, dois filhos por mulher é o limite para reposição de população: “Historicamente, quando a taxa de fecundidade cai desse número tem sido demonstrado que o equilíbrio populacional não se repõe”. Ele sinalizou, ainda, para o fato de que a Bahia tem uma média de equilíbrio populacional bem próxima da nacional, que caiu de 2,39, no ano 2000, para 1,74 filhos por mulher em 2010.
Conforme o IBGE, a taxa de crescimento populacional anual do estado que estava na casa de 1,07%, em 2000, passou a 0,7%, em 2010 e ganha projeções de 0,36% em 2020, reduzindo-se a 0,1% em 2030. A estimativa é que, a partir daí, em poucos anos, a população deixe de crescer. O rápido declínio da fecundidade abaixo do nível de reposição (com menos de dois filhos por mulher) é uma situação que passou a ser alcançada em 2008. 
Saldo migratório
A questão, contudo, não está restrita às taxas de fecundidade e mortalidade. Compreende, ainda, o saldo migratório – que corresponde aos contingentes que entram e saem do estado. No caso da Bahia, “o saldo migratório também é negativo”. Conforme Joilson,” isso decorre de vários fatores, mas principalmente por se tratar do maior território de semi árido do país, o que, por si só, configura um conjunto de dificuldades para permanência do homem no campo”. O técnico salienta que “há estados, como São Paulo, que são verdadeiros eldorados com mais oportunidades de trabalho entre outros atrativos”.
No que tange à população com mais de 60 anos, era de 7,7% em 2000 e aumentou para 9,28% em 2010. A projeção é que continue crescendo e alcance 12,46% em 2020 e chegue aos 17,02% em 2030. Ou seja, aumenta o número de idosos e reduz o de crianças. No ano 2000 havia 16,5 idosos para seis jovens de zero a 14 anos. Em 2010, chegamos a 23,8 idosos para o mesmo número de jovens. As estimativas são de 38,47 idosos em 2020 e 65 em 2030. O mito cultuado no século XX de que o Brasil era um país jovem perderá sua validade quando o número alcançar a razão de 100 idosos para cada seis crianças, de acordo com a avaliação do coordenador do IBGE.
Mulheres vivem mais que homens
Outro vetor de estudo populacional compreende as faixas etárias. Em 2000, a média de idade da população baiana era de 26,62 anos. Em 2010, alcançávamos 29,7. Em 2020, iremos a 33,38 e no ano 2030, mesmo a contragosto, festejaremos uma idade média de 37,2 anos. Mas há, ainda, outro dado, o do aumento da expectativa de vida. Nesse caso, valendo para ambos os sexos, no ano 2000 chegávamos aos 68,69 anos de existência e em 2010 aos 71,92. Em 2020, vamos aos 74,36 e, em 2030, aos 76,13 aninhos. Por gênero, a vantagem é das mulheres: Em 2030, viverão 80,78 anos. Os homens, 71,64. Em 2020, os homens viverão em média 69,86 anos, quase 10 a menos que as mulheres, com 79,11.
Em 2010, as baianas já viviam até os 76,43 anos enquanto os machos da terra chegavam aos 67,72. No ano 2000, os baianos alcançavam os 65,25 anos enquanto o mulherio atingia os 72,4. No início do século XX, os homens sonhavam em chegar aos 30 anos e as mulheres aos 35. De todo modo, a tendência é que a mortalidade infantil seja reduzida enquanto a dos mais velhos voltará a crescer. No ano 2000, a taxa bruta apontava a mortalidade madura de 6,88 para cada mil; em 2010, 6,46; em 2020, 6,84 e em 2030, 7,88.
Consequências
Sob a incógnita do comportamento das gestões públicas frente a tais dados, constroem-se os cenários dramáticos. No que tange à saúde, o elenco de problemas decorrentes dessas alterações populacionais, conforme avaliações do técnico do IBGE, teremos vertiginosas alterações na “mudança do perfil epidemiológico. Isto é, doenças típicas da infância passarão a perder espaço e destinação de recursos para doenças crônicas típicas dos mais velhos, como a diabete, hipertensão, de circulação, das articulações, enfisemas pulmonares, coronarianas e câncer, entre outras.
No campo da Previdência, o desafio é o do acúmulo de recursos que permitam garantir a aposentadoria face à população crescente de idosos. Ou seja, as pessoas tendem a trabalhar por um período maior que 35 anos (no caso dos homens) para obter uma desejável aposentadoria integral. Segundo Joilson, “a qualificação do vínculo empregatício é fundamental para aumentar a garantia previdenciária, assegurando o modelo ou a base de contribuição vigente. O que levará a uma maior vigilância do estado para o recolhimento das contribuições, inclusive a autônoma”. Nesse sentido, ele salienta o fato de a Bahia ser o “estado mais rural do país em termos absolutos, com 27,5% da população”.
Redução da natalidade
- Do ponto de vista social, na medida em que o envelhecimento leva à perda da competência e da autonomia passa, também, a requerer das famílias um preparo e disposição para superar tal lacuna. Bem entendido, complementar a renda que esse ente era capaz de gerar e dotar-se de renda suplementar para suprir as necessidades elementares dele, inclusive médicas e farmacêuticas.
O Coordenador do IBGE diz existir, hoje, na sociedade brasileira, uma “cultura antinatalista ou de controle, com disposição bem menor para aumentar o número de filhos”. Ele atribui tal tendência à entrada da mulher no mercado de trabalho e ao advento dos contraceptivos, entre outras.

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