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sábado, 16 de maio de 2015

Previsão é de mais chuva forte em Salvador até quarta-feira

Frente fria estaciona e meteorologia indica ‘perigo’. Na primeira quinzena do mês de maio, já choveu mais de 350 mm
Amanda Palma (amanda.palma@redebahia.com.br)
Atualizado em 16/05/2015 12:31:15
  
Já gastou todo o estoque de casacos e capas de chuva? Pois pode se preparar para continuar gastando o guarda-roupa. Isso porque o céu cinza, o ventinho mais frio e a chuva vão continuar fazendo parte da rotina dos soteropolitanos por mais alguns dias. Tudo por conta de um fenômeno meteorológico que  tem origem bem longe daqui — mais especificamente no Atlântico Sul.
Trata-se de uma  zona de alta pressão que se formou nessa região, próximo à Argentina, e  acaba criando um bloqueio, que impede que uma frente fria que estacionou por aqui se dissipe. A explicação é do meteorologista do CPTEC/Inpe Fábio Rocha.
Caminhão passa por trecho alagado da Rua Artênio Castro Valente, no bairro de Canabrava, próximo ao estádio do Barradão. Chuva já causou transtornos ontem (Foto: Evandro Veiga)
“Esse bloqueio acaba estimulando a presença de umidade no litoral da Bahia. Isso acontece eventualmente. Esse sistema também influencia em outras áreas do país, mas acaba atingindo mais o litoral”, explica o meteorologista.
Segundo o Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC/Inpe), Salvador deverá ter chuva significativa, de forma intermitente, pelo menos até a próxima quarta-feira.
Segundo o meteorologista, esse fenômeno não é comum nesta época do ano, especialmente por tanto tempo. O que acontece é que essa zona de pressão direciona os ventos para o Sul e o Recôncavo da Bahia e mantém as pancadas de chuva no estado.
A meteorologista do  Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) Cláudia Valéria Silva explica ainda que os ventos trazem as nuvens que estão nos oceanos para o litoral. “A gente tem esse sistema que antes de chegar à Bahia vai para o oceano, e muitas nuvens são trazidas pelos ventos ao longo de todo o litoral baiano, que se juntam com as nuvens que já estavam aqui no fim de semana passado”, diz.
Muita água 
Somente na primeira quinzena do mês de maio, já choveu mais de 350 mm, sendo que a média histórica (média dos últimos 30 anos) para o mês inteiro é de 359,9 mm, segundo o Inmet.
“Do dia 1º de maio até ontem (quinta-feira), choveu 350,3 mm, que equivale a 97% do que está previsto para acontecer ao longo do mês, faltando ainda 17 dias para acabar”, analisa a meteorologista Cláudia Valéria. Os dados são coletados às 9h de cada dia, no posto pluviométrico de Ondina.
Ônibus passa por poção no bairro do Uruguai, ontem pela manhã
(Foto: Evandro Veiga)
Os meses de maio mais chuvosos nos últimos anos foram 2009 e 2012, quando houve um acumulado de 411,5 mm e 549,3 mm, respectivamente. O que causa estranhamento aos especialistas, na verdade, é que os últimos dois anos não tenham sido tão chuvosos como costuma acontecer nesse período do ano.
“Já choveu mais do que em relação ao ano passado, que choveu 247,2 mm (no mês de maio), e em 2013, que foram 230 mm”, diz a meteorologista. A distribuição de chuvas na cidade também é irregular, por causa da movimentação das nuvens e outros fatores locais.
“A chuva não tem a mesma intensidade, são nuvens diferentes, que têm intensidade diferenciadas. Em todos os pontos temos diferenças de volume. Não exatamente chove mais, mas existem algumas outras influências locais, como áreas vegetadas no entorno, é tudo consequência de um conjunto”, explica Cláudia Valéria.
Monitoramento
Em Salvador, a chuva é monitorada a partir de 15 pluviômetros  instalados pela cidade, que transmitem as precipitações acumuladas, em intervalos de 10 em 10 minutos. Os medidores estão no Cabula, São Cristóvão, Paripe, Águas Claras, Alto do Peru, Alto de Pituaçu, Brotas, Gomeia, Pirajá, Rio Sena, Valéria, Caminho das Árvores, Mont Serrat, Dois de Julho e Federação.
Todas as informações sobre as chuvas são enviadas diretamente ao Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden). Depois, são repassadas as informações de alerta em diversos níveis para o Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (Cenad).
Perigo
Ontem, o Inmet soltou um aviso de “perigo potencial”, válido até as 23h59 de amanhã, em que informa que “as condições meteorológicas persistem e são favoráveis à ocorrência de acumulado significativo de chuva no Recôncavo da Bahia”.
O aviso é estendido ao Centro Sul Baiano, Centro Norte, Sul, Nordeste, e Região Metropolitana de Salvador. Ainda de acordo com o instituto, de hoje até quarta-feira, a temperatura deve variar entre 21°C e 27°C.
Já de acordo com o instituto Climatempo, “o fim de semana ainda será marcado pela chuva e pelos deslizamentos de terra”. Em seu site, o instituto informa que  “o solo continua encharcado, o que pode provocar mais desabamentos”. De acordo com o meterologista do instituto, Vitor Kratz, a previsão é de que chova um acumulado de 100 mm  até quarta-feira. 
Estrada de Periperi é interditada e imóvel desaba | Luana Amaral
A chuva que atingiu Salvador, ontem, provocou estragos na cidade. A Codesal informou que um imóvel desabou, por volta das 16h, na Estrada do Derba, em Águas Claras. Não houve vítimas. A Rua das Pedrinhas, conhecida como Estrada Velha de Periperi, foi interditada, pela manhã, por conta de um deslizamento de terra.
Na região central da cidade, a retirada de uma árvores que corria risco de queda, na altura do Viaduto Menininha do Gantois, levou a Transalvador a bloquear o tráfego num trecho entre o  Canela e o Campo Grande. A Secretaria de Manutenção (Seman) registrou dois novos buracos na capital. O maior deles está localizado na Avenida Dorival Caymmi, em Itapuã.
O segundo se encontra na Rua dos Comerciários, em São Caetano. A Seman cadastrou um total de 648 solicitações. Dessas, 155 estão ligadas a problemas na rede de esgoto, 282 desobstruções da rede de drenagem, 51 limpezas de canais e 23 recuperações em escadarias e ruas.
Em Salvador, ainda foram contabilizados 26 pontos de alagamento, sendo que os locais mais críticos se concentraram no bairro da Calçada e na Rua Luiz Maria, Baixa do Fiscal.  
O município de Lauro de Freitas, assim como a capital, também permanece em estado de alerta. Foram registrados um deslizamento de terra, cinco quedas de árvore e sete pontos de alagamento.
O secretário de Defesa Civil de Lauro de Freitas, Davi Santana, informou que a cidade traçou um plano de operação para prevenir os estragos das chuvas que são aguardadas até a próxima semana: “As secretarias e o gabinete do prefeito estão atuando em conjunto. Temos um pessoal nas ruas colocando lonas em zonas com risco de desabamento e realizando a limpeza de córregos e bueiros”.
Em Santo Amaro, no Recôncavo, a chuva provocou alagamentos. Segundo a assessoria da prefeitura, equipes monitoram a situação da cidade e nenhuma família precisou ser retirada de casa.

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