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sexta-feira, 29 de maio de 2015

Policial que bateu em aluna da USP durante manifestação é afastado

Além dele, agente que atirou contra grupo também foi afastado.
Aluna agredida diz que 'não estava fazendo nada de errado'.


Glauco AraújoDo G1 São Paulo

O secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo, Alexandre de Moraes, ordenou o afastamento de dois policiais envolvidos na confusão com funcionários e estudantes da Universidade de São Paulo durante protesto contra medidas políticas e econômicas pela manhã desta sexta-feira (29), no Butantã, Zona Oeste da capital paulista.
Foram afastados um policial que agrediu uma aluna da USP durante a detenção de outro estudante(veja no vídeo acima), e um agente que de dentro da viatura sacou uma arma e atirou contra manifestantes (não foi divulgada se a munição era bala de borracha ou bombas de gás).
Em nota, a SSP disse que "a Polícia Militar atuou nas várias manifestações que ocorreram em todo o estado de São Paulo para que o impacto fosse o menor possível na rotina do cidadão. Foram utilizados os meios necessários para que vias não fossem fechadas pelos manifestantes. No entanto, todos os fatos e denúncias estão sendo apurados. Por determinação do secretário da segurança pública, Alexandre de Moraes, os dois policiais militares citados foram afastados".
Policial Militar agride manifestante durante protesto na Universidade de São Paulo (USP) (Foto: Reprodução/Sintusp)Policial Militar agride manifestante durante protesto na Universidade de São Paulo (USP) (Foto: Reprodução/Sintusp)
Os estudantes que foram agredidos dizem que se sentem fortalecidos para outras manifestações. “Não estava fazendo nada de errado”, disse Jéssica, de 24 anos, a manifestante que levou um soco e uma rasteira do policial.
Viatura da PM avança para dispersar manifestantes (Foto: Reprodução/TV Globo)Viatura da PM avança contra
manifestantes (Foto: Reprodução/TV Globo)
Ao menos cinco manifestantes ficaram feridos, e um deles foi detido. Um vídeo feito pelo Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp) e obtido pelo G1 mostra a abordagem da Polícia Militar (PM) aos manifestantes.
Nas imagens, um estudante é detido pela polícia. Jéssica se aproxima dos policiais e, logo depois, pega uma mochila que estava no chão. Um PM de capacete tenta retirar. Ela, por outro lado, tenta ficar com a mochila e o agente usa spray de pimenta. A jovem, então, o agride com um guarda-chuva. Outro PM retira o objeto, mas a garota continua dando socos no policial com capacete, que reage com uma rasteira e um soco no rosto dela. A mulher cai na rua e os policiais se afastam.
Jéssica mostra o rosto marcado após levar soco de PM (Foto: Glauco Araújo/G1)Jéssica mostra o rosto marcado após levar soco de PM (Foto: Glauco Araújo/G1)
Estudante do 4º ano de letras na USP, Jéssica (cujo sobrenome ela não quis divulgar) é quem aparece no vídeo. A jovem afirmou que apanhou após questionar um policial que imobilizava seu amigo. "Eu só lembro de ter caído, não sei como caí, mas todos me disseram que fui empurrada por um policial”, disse. “Depois eu me levantei e tomei uma rasteira e uma porrada no rosto. Caí de novo. Fui socorrida por uma pessoa do Sintusp."
A jovem acredita que a agressão sofrida seja mais um motivo para voltar às ruas. "Vendo o que aconteceu só me dá mais vontade para lutar contra esse tipo de coisa. Fiz o B.O., mas não sei se vou representar. É uma corporação inteira que faz esse tipo de coisa. Não é processando um só que vai mudar."
Para Carlos Alberto Camargo, 27 anos, estudante do 2º ano de ciências sociais na USP, a agressão sofrida nesta sexta-feira pode desencadear uma represália por parte da corporação. "Não sei como será daqui para frente. Tenho receio de que meu rosto seja exposto e os policiais fiquem atrás de mim", disse ao G1.
Ainda abalado e sofrendo dores por conta da agressão sofrida pelos policiais, ele lembra como tudo começou. "No momento a gente estava gritando palavra de ordem sobre a morte de um menino no Grajaú. Estava de costas, falando que a PM era assassina. Aí os ânimos se exaltaram e os policiais jogaram spray de pimenta. Aí me acertaram com cassetete na cabeça", afirmou ele.
Carlos Alberto mostra machucado na cabeça (Foto: Glauco Araújo/G1)Carlos Alberto mostra machucado na cabeça (Foto: Glauco Araújo/G1)
PM afastado
Procurada, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou que "preliminarmente, foram utilizados os meios necessários para que o cruzamento não fosse fechado pelos manifestantes. No entanto, a conduta posterior dos policiais será objeto de apuração"..
No momento do confronto entre policiais e manifestantes, cerca 300 pessoas caminhavam da Avenida Alvarenga, em frente ao portão principal da USP, em direção à Rodovia Raposo Tavares. O levantamento havia sido feito pela PM às 8h. Barricadas de pneus com fogo haviam sido colocadas pelo grupo que protestava nas ruas próximas.
Imagens da TV Globo mostram policiais atirando e jogando artefatos explosivos em direção a um grupos de pessoas durante o conflito (veja o vídeo abaixo). Numa das cenas, um policial militar aparece com metade do corpo para fora do carro da viatura atirando contra pessoas. O titular da SSP, Alexandre de Moraes, mandou afastar este PM, "pois o procedimento em questão foi totalmente irregular".
'Repressão'
O Sintusp divulgou nota repudiando a ação da PM (leia íntegra abaixo). Nela, os sindicalistas relataram que protestavam no portão da USP, como parte do dia nacional de paralisação contra medidas provisórias, e contra demissões e corte de verba para a universidade, quando fomos atacados por policiais no momento que se dirigiam à Rodovia Raposo Tavares.
"A PM descumpriu o que combinamos com ela, que era acompanhar a nossa caminhada do portão da USP à rodovia", afirmou Pablito. "Houve repressão duríssima da polícia, que machucou mulheres, estudantes e trabalhadores da universidade".
De acordo com o Sintusp, o estudante detido pela PM foi levado para uma delegacia da região. “Estamos indo para o distrito policial para saber por que ele foi detido e tentar liberá-lo”, disse Pablito. "O rapaz ficou ferido pela truculência dos policiais".
Protesto tem confusão entre policiais militares e manifestantes perto da USP, na Zona Oeste de São Paulo (Foto: Sintusp/Divulgação)Protesto tem confusão entre policiais militares e manifestantes perto da USP, na Zona Oeste de São Paulo (Foto: Sintusp/Divulgação)
Policial joga spray de pimenta em uma manifestante na rodovia Raposo Tavares, em São Paulo. Funcionários e estudantes da Universidade de São Paulo (USP) fizeram barricadas no local em protesto contra a terceirização e o ajuste fiscal (Foto: Werther Santana/Estadão Conteúdo)Policial joga spray de pimenta em uma manifestante na rodovia Raposo Tavares, em São Paulo. Funcionários e estudantes da Universidade de São Paulo (USP) fizeram barricadas no local em protesto contra a terceirização e o ajuste fiscal (Foto: Werther Santana/Estadão Conteúdo)
Policiais seguram manifestante no chão na rodovia Raposo Tavares, em São Paulo. Funcionários e estudantes da Universidade de São Paulo (USP) montaram barricadas bloqueando a rodovia durante protesto contra a terceirização e o ajuste fiscal (Foto: Fábio Vieira/Código 19/Estadão Conteúdo)Policiais seguram manifestante no chão na rodovia Raposo Tavares, em São Paulo. Funcionários e estudantes da Universidade de São Paulo (USP) montaram barricadas bloqueando a rodovia durante protesto contra a terceirização e o ajuste fiscal (Foto: Fábio Vieira/Código 19/Estadão Conteúdo)
Barricada com pneus em chamas é montada por Funcionários e estudantes da Universidade de São Paulo (USP) na Rodovia Raposo Tavare. Mais cedo, o grupo fechou o Portão 1 da Cidade Universitária, na zona oeste da capital (Foto: Werther Santana/Estadão Conteúdo)Barricada com pneus em chamas é montada por Funcionários e estudantes da Universidade de São Paulo (USP) na Rodovia Raposo Tavares. Mais cedo, o grupo fechou o Portão 1 da Cidade Universitária, na Zona Oeste da capital (Foto: Werther Santana/Estadão Conteúdo)
Policial atira durante ato próximo à USP (Foto: Werther Santana/ Estadão Conteúdo)Policial atira durante ato próximo à USP (Foto: Werther Santana/ Estadão Conteúdo)
Funcionários e estudantes da Universidade de São Paulo (USP) entram em confronto com a polícia ao tentarem bloquear a Rodovia Raposo Tavares. O protesto faz parte do Dia Nacional de Paralisações e Manifestações contra a Terceirização e o ajuste fiscal (Foto: Marco Ambrosio/Estadão Conteúdo)Funcionários e estudantes da Universidade de São Paulo (USP) entram em confronto com a polícia ao tentarem bloquear a Rodovia Raposo Tavares. O protesto faz parte do Dia Nacional de Paralisações e Manifestações contra a Terceirização e o ajuste fiscal (Foto: Marco Ambrosio/Estadão Conteúdo)
Viatura da PM avança para dispersar manifestantes (Foto: Reprodução/TV Globo)Viatura da PM avança para dispersar manifestantes (Foto: Reprodução/TV Globo)
Veja a nota do Sintusp
"Na manhã de hoje, 29/5, estudantes e trabalhadores da USP realizamos uma manifestação, como parte do Dia Nacional de Paralisação e Manifestações, convocado por diversas centrais sindicais, com manifestações em todo o país, contra a terceirização, a retirada de direitos trabalhistas e sociais e o ajustes fiscal dos governos.

A manifestação ocorria pacificamente, quando a força policial reprimiu duramente o ato, atirando bombas, balas de borracha e gás lacrimogêneo e agredindo dezenas de estudantes e trabalhadores, deixando vários feridos, entre eles duas mulheres espancadas, uma funcionária, e uma estudante que foi socada no rosto, jogada no chão e pisoteada pelos policiais.

Neste momento a polícia mantém detido um estudante do curso de Ciências Socais da USP, por participar do ato, criminalizando a manifestação. Ele está sendo levado agora do hospital, com a cabeça enfaixada em função dos ferimentos causados pela polícia, para o 34º DP.
Publicaremos gravações e imagens da violência policial em nossas redes sociais.
Denunciamos a repressão policial e exigimos a imediata libertação do estudante detido de forma arbitrária por motivos políticos.
Diretoria Colegiada Plena do Sindicato dos Trabalhadores da USP"
Veja a nota da Secretaria de Segurança Pública
"A Polícia Militar está atuando nas várias manifestações que estão ocorrendo em todo o estado de São Paulo para que o impacto seja o menor possível na rotina do cidadão.
Preliminarmente, foram utilizados os meios necessários para que o cruzamento não fosse fechado pelos manifestantes. No entanto, todos os fatos e denúncias serão apurados.
Por determinação do secretário da segurança pública, Alexandre de Moraes, o policial militar que aparece atirando para fora da viatura foi afastado, pois o procedimento em questão foi totalmente irregular."

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