Cratera aberta para extração de pedra brita acumulou água com as chuvas.
Coloração azul da água provocou intensa visitação de moradores ao local.
A cidade de São Raimundo Nonato, a 530 km de Teresina, é conhecida por atrair visitantes que se deslumbram com as belas paisagens do Parque Nacional da Serra da Capivara, mas nos últimos dias, a campeã de selfies e postagens nas redes sociais na cidade tem sido a "Lagoa Azul". Uma paisagem exuberante provocada por escavações para extração de brita no local.
A coloração azulada da água e a bela paisagem chamam atenção dos moradores. A cratera aberta a 6 km da zona urbana acumulou bastante água durante o período chuvoso, e logo o líquido ganhou tom azul. Encantados com a beleza da paisagem, os moradores passaram a chamar o local de "Lagoa Azul".
De acordo com a fotógrafa Kalyssa Macêdo, que possui um sítio próximo ao local, a empresa iniciou as escavações há alguns meses e quando começou a chover nos primeiros meses do ano o buraco encheu. Segundo ela, as visitas ao local tem sido constantes todos os dias da semana.
"O pessoal está indo lá direto e toda hora eu vejo foto na internet. Realmente ficou bonito e interessante, principalmente para tirar fotos", disse.
Mas o sucesso da paisagem bonita tem despertado a preocupação das autoridades deSão Raimundo Nonato. É que além de tirar fotos no local, alguns visitantes têm tomado banho nas águas. A preocupação é que a coloração azul possa representar contaminação do local, provocada pela extração mineral.
Procurada pela reportagem do G1, a Secretaria de Saúde de São Raimundo Nonato disse que já está adotando medidas com relação à lagoa. O secretário Robson Aguiar Barreto informou que uma equipe da prefeitura visitou o local para coletar uma amostra da água para realização de exames.
"Enviamos uma equipe lá para coletar o material e mandar para o Laboratório Central do Piauí (Lacen) em Teresina. Vamos fazer o encaminhamento dessa amostra em caráter de urgência para ser analisada, pois provavelmente essa água seja contaminada", disse o secretário. Segundo ele, o resultado da análise deve sair até a próxima semana.
Robson Barreto afirmou que enquanto o resultado não for divulgado, a prefeitura vai orientar a população a evitar entrar na lagoa. "Nós vamos fazer uma orientação na cidade para que as pessoas não utilizem a água até que se chegue a um resultado, pois não sabemos o que ela pode conter", concluiu.
O G1 procurou um especialista para comentar o assunto. Segundo o professor doutor do Departamento de Química da Universidade Federal do Piauí (UFPI), Edmilson Miranda, apenas com uma amostra é possível dar um parecer seguro sobre a água. No entanto, ele destaca que é arriscado ter contato com o líquido sem saber sua composição.
"Essa coloração pode ser decorrência de algum metal pesado. É uma água que está visivelmente alterada e ninguém sabe a composição química e biológica dela", falou.
A reportagem não conseguiu contato com a empresa responsável pelas escavações no local.
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