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quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Rio São Francisco sobe 200% e vazão da Casca D'Anta triplica após chuvas

Há oito anos cachoeira não tinha uma vazão tão intensa, segundo ICMbio. 
Turistas devem evitar local; cidades do Centro-Oeste adotam medidas.

Anna Lúcia Silva e Ricardo WelbertDo G1 Centro-Oeste de Minas
Há oito anos a vazão da Cachoeira Casca D'anta na Serra da Canastra, em São Roque de Minas, não era tão intensa como a que foi registrada nesta quarta-feira (20), segundo o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMbio). As chuvas frequentes de uma semana inteira elevaram o nível do Rio São Francisco em quatro metros. O volume é de 200% a mais que em 2014 e 2015, quando o rio enfrentou seca drástica da nascente histórica.Ainda na região Centro-Oeste de Minas, as cidades de Divinópolis, Córrego Danta e Conceição do Pará adotam medidas para reduzir o prejuízo causado pelas chuvas.
O trecho de um vídeo enviado por um morador mostra que não é possível chegar próximo da cachoeira. O ICMbio informou que não há proibição de tráfego de turistas no local, contudo, a orientação é não se aproximar da cachoeira por conta do chamado "spray de água" lançado pela cachoeira. Também não é aconselhável nadar pelos riscos de tromba d'água.
O chefe substituto do Parque Nacional da Serra da Canastra e representante do ICMbio, Vicente Faria, disse que o Rio São Francisco percorre 14 quilômetros até a cachoeira Casca D'anta. As nascentes estão jorrando água, mas por conta das condições das estradas não é possível chegar a nenhuma delas. Turistas com carros de passeio não conseguem subir a serra.
O ICMbio monitora áreas de risco de desmoronamento e informa que até o momento está tudo sob controle. A recomendação é que os turistas esperem as chuvas cessarem para então visitarem a região da Serra da Canastra.
Serra da Canastra, São Roque de MInas, seca, nascente, Rio São Francisco (Foto: Anna Lúcia Silva/G1)Nascente do Rio São Francisco secou em 2014
(Foto: Anna Lúcia Silva/G1)
Seca
Em 2014 a falta de chuvas na região provocou uma seca drástica que culminou naseca da nascente histórica do Rio São Francisco. A nascente é a principal de toda a extensão do rio, que tem 2.700 km.
O fato alarmou o país, já que o São Francisco é o maior rio totalmente brasileiro, e sua bacia hidrográfica abrange 504 municípios de sete unidades da federação – Bahia, Minas Gerais, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Goiás e Distrito Federal. Ele nasce na Serra da Canastra, em Minas, e desemboca no Oceano Atlântico na divisa entre Alagoas e Sergipe.
Só agora, em janeiro de 2016, o cenário aponta para uma recuperação efetiva da nascente histórica e das demais que fazem parte da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco.

Cheias em cidades da região
Várias cidades do Centro-Oeste de Minas enfrentam problemas por causa das chuvas nos últimos dias. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a situação deve continuar até sábado (23).
Em Divinópolis a Defesa Civil informou nesta quarta-feira (20) que o nível do Rio Itapecerica alcançou nível médio de 5,3 metros – três metros acima do normal. O órgão monitora todo o trecho do rio que corta a cidade e prevê estabilização da cheia, possibilidade de baixa no volume de água.
Divinópolis, rio, Itapecerica, nível, chuva (Foto: JOsé Júnior/Divulgação)Nível do Rio Itapecerica, em Divinópolis, subiu
(Foto: Jsé Júnior/Divulgação)
A Defesa Civil também retirou duas famílias de áreas de risco na noite desta terça-feira (19). Havia possibilidade de as casas desabarem depois que água invadiu os imóveis, nos Bairros Danilo Passos e Candelária. Os moradores foram encaminhados a um ginásio poliesportivo na região central.
Na mesma noite um barranco desmoronou e atingiu o muro de uma casa no Alto São João de Deus. Os escombros já foram removidos do local. Houve alagamento no Bairro Quintino, em um trecho da MG-050. A água na pista deixou o trânsito lento na região. A concessionaria que administra o trecho enviou equipes para drenar a água e sinalizar a pista.
Na Vila João Cota, moradores passaram a noite se revezando para verificar o nível de um córrego, que não parava de subir. A ação foi uma medida preventiva adotada há anos pela comunidade, que já perdeu muitos pertences em enchentes anteriores.
No domingo (17) ocorreu na cidade uma reunião que discutiu informações sobre as chuvas que têm atingido a região nos últimos dias. O encontro foi solicitado pela administração municipal e contou com a presença do Conselho Municipal de Defesa Civil, Corpo de Bombeiros, Polícia Militar e da Companhia de Saneamento (Copasa), que faz o monitoramento constante do nível do Rio Itapecerica.
Córrego Danta, chuva, alagamento, córrego,  (Foto: Reginaldo Satorino Cardoso/Divulgação)Córrego Danta subiu cerca de seis metros (Foto: Reginaldo Satorino Cardoso/Divulgação)
Córrego Danta
A água que transbordou no Córrego Danta, no município que tem o mesmo nome, baixou devido ao ritmo de chuvas que também diminuiu na região. Os mais de 500 moradores que estavam ilhados agora conseguem passar de um bairro para outro sem transtornos.
Segundo a Prefeitura, o nível do Córrego subiu seis metros nesta terça-feira (19) e dividiu o Centro e dois bairros populares do Bairro do Rosário. Não houve desabrigados ou acidentes causados pela água. Equipes ajudaram as famílias ribeirinhas a retiram os móveis das casas, mas já retornaram.
Ainda conforme o Executivo, há seis anos o Córrego Danta não atingia um nível ao alto. Em 2010 houve um registro de alagamento na cidade. A área rural também está afetada, já que o córrego corta o município ao meio. A Secretaria de Obras informou que o único dano causado pelas chuvas no município foram as estradas na zona rural e asfalto na área urbana que ficaram danificados.
Conceição do Pará
Alguns moradores de Conceição do Pará passaram esta quarta e terça-feira de olhos no nível do Rio Pará, que corta a cidade. A intensidade da chuva nos últimos dias e a abertura de comportas nas barragens de Carmo do Cajuru e na Usina do Gafanhoto elevaram o nível da água. Parte da população ribeirinha preferiu não esperar a cheia virar enchente e decidiu retirar os móveis de casa.
Uma régua instalada em um ponto do rio na área urbana mostra que o local tem sete metros de profundidade. Segundo moradores, há poucos meses a marca não passava de três metros. Por causa do tempo fechado, a Polícia Militar recomendou cautela a pescadores que navegam pelo rio.
Previsão para a região
Ainda de acordo com o Inmet, depois de quinta-feira (21) a chuva deverá reduzir durante o dia e cair em forma de pancadas somente à tarde nas cidades do Centro-Oeste. Isso ocorrerá porque a umidade ficará elevada e assim a temperatura também se eleva a e a reposta disso é chuva em forma de pancada.
O Inmet ainda informou que para as próximas horas a temperatura mínima é de 16 graus e máxima de 30º. A umidade relativa do ar ficará entre 70% e 100%. O céu continua nublado e com chuva frequente.
Segundo o meteorologista Luiz Ladeia, desde 2011 não chovia como tem ocorrido na região. "Pelo menos os níveis pararam de baixar. Mas as principais reservas ainda estão necessitando de complemento. Em termos de agricultura e reservatórios, essa chuva frequente e mais branda ajuda muito, afinal, os lençóis freáticos vão sendo cada vez mais umedecidos", disse.

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