Segundo acordo com sindicato, a Volkswagen ainda pode colocar 150 trabalhadores em férias; objetivo é ajustar a produção à demanda de mercado e evitar demissões
A direção da fábrica da Volkswagen em Taubaté, no interior de São Paulo, concedeu férias coletivas de 20 dias a 250 funcionários a partir desta segunda-feira (23). Além das férias, a empresa suspendeu, por tempo indeterminado, a produção no terceiro turno na unidade.
De acordo com informações da montadora, o objetivo é ajustar a produção à demanda de mercado.
Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté e Região, as férias coletivas já estavam negociadas entre o sindicato e a montadora. A extinção do terceiro turno também havia sido acordada, já que a produção da montadora caiu de 1,3 mil unidades por dia para 850.
Conforme o sindicato, o acordo mantém os direitos dos trabalhadores e a garantia de que não haverá demissões. Também ficou acertado o direito ao reajuste salarial de 8%, fechado em 2012, com validade até 2016. A montadora poderá colocar mais 150 funcionários em férias.
Em São Bernardo do Campo, a Ford colocou 424 funcionários em banco de horas por tempo indeterminado. De acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, a medida ocorreu por causa da redução na produção, que passou de 17 caminhões/hora para 14 e de 55 carros/hora para 44.
A medida será mantida até que a produção retorne à normalidade. Representantes do sindicato acrescentaram que acompanham o procedimento, considerado normal e já acertado como ação para momentos como o atual.
Por meio de nota, a Ford informou que a medida foi implantada para adequação do volume de produção à realidade do mercado.
Na General Motors (GM), em São José dos Campos, a greve continua. A paralisação começou sexta-feira (20), em protesto contra a demissão de 800 funcionários na planta local. Os trabalhadores permanecem dentro da fábrica, mas sem produzir.
Veja imagens de manifestações de metalúrgicos neste ano:
Trabalhadores da GM de São José dos Campos chegam para assembleia em 20/02; Greve foi determinada pela categoria em retaliação à suspensão de contrato de trabalho . Foto: Lucas Lacaz Ruiz/Futura Press
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Para o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, são menos 300 veículos montados por dia. A GM tem 5, 2 mil trabalhadores na fábrica de São José dos Campos e produz os veículos S10 e Trailblazer, além de motores, transmissões e CKD.
O sindicato e a GM reúnem-se nesta tarde, no Tribunal Regional do Trabalho 15ª Região (TRT), em Campinas, para uma audiência de conciliação. Na última reunião, a GM propôs a abertura de um novo lay-off (redução temporária no período de trabalho) por dois meses para 798 trabalhadores.
Após esse período, todos seriam demitidos. Com a greve, a montadora fica legalmente impedida de fazer as demissões. “O sindicato concorda com a realização do lay-off, desde que haja garantia de estabilidade para todos os trabalhadores, ou seja, desde que não ocorra nenhuma demissão. Como a GM se recusa a conceder a estabilidade, chegou-se ao impasse”, ressalta a nota do sindicato.
“Não há qualquer hipótese de aceitarmos demissões na fábrica. Desde sexta-feira (20), o sndicato colocou-se à disposição da empresa para continuar negociando, mas, até agora, a GM não se manifestou. A única saída para garantir o emprego é a greve”, concluiu o presidente do sindicato, Antônio Ferreira de Barros.
Setor automotivo vive tempos difíceis e devem desempregar
Em 2014, o setor automotivo foi o que registrou a maior retração na indústria brasileira, recuo de 16,8%. As montadoras a demitiram 14.110 pessoas, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). O nível de emprego no setor fechou o ano em 144.623 postos ocupados, queda de 8,9% sobre 2013 (158.733 postos). O cenário tem feito uma série de montadoras ajustar a produção por meio de concessão de férias, suspensão de contratos de trabalho e redução de jornadas em fábricas.
No início deste mês, a General Motors abriu um Programa de Desligamento Voluntário (PDV) para os empregados horistas dos complexos industriais de São Caetano do Sul e de São José dos Campos no período de 2 a 10 de fevereiro de 2015. A medida tem como objetivo adequar a produção à atual demanda do mercado. A crise está tão séria que já tem 950 funcionários com os contratos suspensos (lay off), forma que a empresa utiliza para não demitir e, assim, não descumprir o compromisso com o governo e sindicato dos trabalhadores de não demitir até 2016.
Em janeiro, a Volks chegou a anunciar a demissão de 800 funcionários de São Bernardo do Campo, mas voltou atrás após 9 dias de greve geral na montadora. A Mercedes-Benz também demitiu 120 funcionários em janeiros, em São Bernardo. Ford, MAN, GM e Volkswagen planejam férias coletivas agora em fevereiro.
O setor automotivo viveu um dos anos mais difíceis em 2014, apesar dos incentivos do governo federal nos últimos anos. As desonerações do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), por exemplo, tinham como objetivo incentivar o consumo e, assim manter o nível do emprego, por meio de acordos com as montadoras de não demissão. Há ainda um acordo setorial com o governo federal de lay off (suspensão do contrato de trabalho) para evitar demissões.
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