Novo medicamento adiciona uma etapa no tratamento para pacientes com Linfoma de Hodgkin, tipo mais comum de câncer na faixa etária dos 15 aos 30 anos
Tipo mais comum entre 15 e 30 anos de idade, o Linfoma de Hodgkin é um câncer com altas taxas de cura, mas com sinais e sintomas desconhecidos por 70% da população. Para tratá-lo, é preciso recorrer a quimioterapias tradicionais e, para aqueles que não respondem bem a esse tratamento, ao transplante de medula.
Para quem, porém, não obtém resultados com o transplante de medula, o tratamento a partir de então era paliativo, evitando a progressão da doença e tentando oferecer mais qualidade de vida. Não havia nada efetivo para tratar o paciente a partir daquele estágio. Agora, no entanto, existe.
Otávio Baiocchi, professor de hematologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), conta que um novo medicamento de última geração, dos chamados terapia-alvo – em que o remédio ataca exatamente o câncer e não as células saudáveis ao redor – foi lançado para preencher a lacuna existente no tratamento da recidiva do Linfoma de Hodgkin. “É um câncer com incidência maior entre 15 e 30 anos de idade, tendo um segundo pico, não tão expressivo, após os 70 anos”, conta ele.
O diretor clínico do Hemocentro da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, Carlos Chiattone, comenta que há muitos outros medicamentos inovadores, mas esse vem preencher um lugar em que não havia mais nada de efetivo para o tratamento.
O Linfoma de Hodgkin é um tumor das células brancas do sangue, os linfócitos, que são responsáveis pela defesa do organismo do sistema linfático. Não há uma razão específica para o câncer surgir, mas, quanto antes os sintomas forem detectados, mais chances de o tratamento ser bem sucedido.
“Nós temos um problema no Brasil que é a demora no diagnóstico, começando pelos primeiros sinais e sintomas até o diagnóstico, porque os caminhos que o paciente faz no SUS, desde o atendimento básico até o especializado, não é feito de forma adequada”, diz o médico, se referindo à lei que obriga o Sistema Único de Saúde tratar o paciente em até 60 dias a partir do diagnóstico do câncer. Com a demora do diagnóstico, o tratamento consequentemente demora a começar.
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Chiattone explica que os sintomas mais comuns do Linfoma de Hodgkin são ínguas, gânglios e nódulos que aparecem na região lateral do pescoço, axilas, região inguinal.
“Às vezes, esses pacientes têm sintomas como febre por uma ou duas semanas, sem infecção evidente, além de suor noturno, de molhar pijama, travesseiro e cama”, conta. Esses sinais, juntamente com uma coceira, completam o diagnóstico do câncer.
“É claro que apenas uma parcela das coceiras são linfomas, muitas vezes é só um quadro alérgico. Mas é preciso que esse câncer esteja no rol de diagnósticos”, diz o médico.
Efeitos colaterais
Chiattone conta que a quimioterapia causa câncer a longo prazo. Parece um paradoxo, mas hoje só se sabe desse problema secundário por causa do sucesso dos tratamentos que proporcionaram uma ótima sobrevida aos pacientes.
Mito: ingestão de leite prejudica o tratamento do câncer. Foto: Getty Images
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“Mal comparando, esse é um bom problema, porque é tardio, não é depois de um ou dois anos, mas sim depois de 10 ou 15 anos que acontecem esses cânceres secundários”, conta o médico. “O objetivo hoje não é curar o paciente, mas sim curá-lo pensando daqui a 10, 15 ou 20 anos, procurando tratamentos que sejam tão efetivos quanto os atuais, mas com menos efeitos colaterais”.
Além de câncer, podem ocorrer alterações de tireoide, esterilidade, alterações cognitivas. “É uma série de alterações que acontecem em 10 ou 20 anos e que antes a gente não via, porque esses pacientes não viviam esse tempo todo”, diz o hematologista.
É justamente esse o diferencial que a terapia-alvo pode proporcionar. Por atingir exatamente o tumor e preservar as células ao seu redor, as chances de as células saudáveis serem danificadas são mínimas.
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