Cerca de 100 imóveis tiveram perda total por desabamento. As 400 casas oferecidas fazem parte do Minha Casa, Minha Vida
O serralheiro Renato de Jesus, 33 anos, viu o sonho da casa própria desmoronar junto com obarranco que cedeu e soterrou seu imóvel, na Baixa do Fiscal, semana passada. Ele, a mulher, os dois filhos e os dois enteados só não morreram porque deixaram o local minutos antes do deslizamento. O pai dele, no entanto, morreu soterrado.
Na sexta-feira (15), Renato teve a esperança de novamente ter sua casa quando soube que a prefeitura vai entregar 400 novas moradias para as famílias desabrigadas por conta da chuva. Ele tem o perfil exigido para ter prioridade na entrega dos imóveis, que ficam no Loteamento Lagoa da Paixão, em Fazenda Coutos.
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Conjunto habitacional para famílias atingidas pelas chuvas fica em Fazenda Coutos; imóvel tem sala, cozinha, banheiro, dois quartos e área de serviço
(Foto: Valter Pontes/Agecom) |
De acordo com o secretário municipal de Promoção Social, Esporte e Combate à Pobreza (Semps), Bruno Reis, a seleção prioriza famílias que tiveram perda total do imóvel, com mortes de parentes em desabamentos ou tenham filhos pequenos.
“Primeiro serão priorizadas as famílias que perderam tudo, depois as que tiveram perda parcial dos imóveis e, em seguida, as que estão em área de risco”, afirmou Reis. Segundo o secretário, cerca de 100 imóveis tiveram perda total por desabamento em Salvador.
Renato é pai de duas crianças de 6 e 4 anos e padrasto de outras duas, de 10 e 13. A mulher está grávida de nove meses. “Desde que o acidente aconteceu (no último domingo), estou morando na casa de minha sogra. Levei muitos anos para levantar minha casa e agora não tenho onde morar”, contou o serralheiro, que morava há 20 anos no local.
As 400 casas oferecidas fazem parte do programa Minha Casa, Minha Vida e serão destinadas aos moradores do Marotinho, Boa Vista do Lobato, Plataforma, Campinas de Pirajá e outros bairros com áreas de risco. O secretário informou que ninguém é obrigado a aceitar a casa e que os moradores têm a opção de esperar por outros loteamentos que serão oferecidos pela prefeitura.
“Estão sendo estudadas outras áreas, mais próximas no local dos acidentes, que também possam ser aproveitadas”, disse Reis. Os desabrigados do Barro Branco, Fazenda Grande do Retiro e entorno da Avenida San Martin serão contemplados com o Loteamento São Luís, que será construído na região e foi anunciado anteontem pelo prefeito ACM Neto.
Os imóveis da Lagoa da Paixão têm sala, cozinha, banheiro, dois quartos e área de serviço. O secretário explicou que a Semps tem o cadastro das famílias mais necessitadas e que a lista dos 400 beneficiados está sendo preparada. A assessoria da prefeitura, no entanto, informou que as famílias que se enquadrarem no perfil podem procurar também a sede da Secretaria de Infraestrutura e Defesa Civil (Sindec), na Avenida Vale dos Barris, 125, nos Barris.
É preciso levar a carteira de identidade e CPF do titular que fez o cadastro na Defesa Civil de Salvador (Codesal), além do laudo da Codesal sobre o imóvel. Os documentos serão encaminhados para a Caixa Econômica Federal (CEF), que depois convocará as famílias para assinatura do contrato. A espectativa é de que as chaves sejam entregues até outubro.
Atualmente, 140 pessoas estão vivendo nos abrigos oferecidos pela prefeitura e outras 1.155 famílias recebem o aluguel social, no valor de R$ 300. O prefeito prorrogou o pagamento do benefício por até um ano. Apesar de ter direito ao aluguel social, Renato ainda não começou a receber o benefício.
“Fiz o cadastro no dia do sepultamento de meu pai, terça-feira, mas não foi liberado. Amanhã (hoje), vou no abrigo pra ver se consigo algum colchão, roupas e alimentos”, contou. Ele é filho do cadeirante Delcik Barreto Venas, 64 anos, uma das quatro vítimas da Baixa do Fiscal.
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