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quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Policiais são presos por tiros em marcha contra racismo em Brasília

PM disse que ele alegou ter sido ameaçado por integrantes de marcha.
Atirador faz parte de acampamento que pede volta dos militares ao poder.

Gabriel Luiz, Raquel Morais e Mateus RodriguesDo G1 DF
Dois policiais civis foram presos por disparar tiros para o alto durante marcha de mulheres negras contra o racismo na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, no início da tarde desta quarta-feira (18), informou a Polícia Militar. Pelo menos um dos dois presos integra grupo acampado em frente ao Congresso para defender a volta dos militares ao poder. Durante o tumulto, o deputado Paulo Pimenta (PT-RS) foi atingido com gás de pimenta, caiu no chão e precisou de socorro médico.
Policial civil Marcelo Penha é detido por atirar durante manifestação em Brasília (Foto: André Coelho/Agência O Globo)Policial civil Marcelo Penha é detido por atirar durante manifestação em Brasília
(Foto: André Coelho/Agência O Globo)
De acordo com a PM, um dos policiais, que é do Maranhão, disparou quatro tiros para o alto. Ele alegou ter se sentido ameaçado pelos integrantes da marcha. Houve corre-corre e um princípio de confusão entre participantes da manifestação antirracismo e o grupo acampado em frente ao Congresso.
Cápsula deflagrada achada por manifestantes em frente ao Congresso Nacional após confusão entre integrantes de acampamento que pede volta dos militares ao poder e participantes da marcha das mulheres negras (Foto: Gabriel Luiz/G1)Cápsula deflagrada achada por manifestantes em frente ao Congresso Nacional após confusão entre integrantes de acampamento que pedem volta dos militares ao poder e participantes da marcha das mulheres negras (Foto: Gabriel Luiz/G1)
De acordo com a Polícia Civil, ele já havia sido detido na semana passada por supostamente ameaçar com arma manifestantes que participavam de atos na Esplanada. Ele foi encaminhado para a Corregedoria da Polícia Civil do Distrito Federal para prestar depoimento. A polícia não deu informações sobre o outro preso.

Após o primeiro disparo, lideranças da marcha pediram às participantes que se afastassem do gramado central e "não aceitassem provocação". Outros tiros foram ouvidos no local, após o início da confusão.
"Pessoas que estavam no 'Fora, Dilma', por não adesão do movimento [de mulheres negras] à questão, agrediram, tacaram bombas e parece que tem um rapaz que deu tiro na comunidade da marcha. Racismo", afirmou uma participante da caminhada (veja vídeo).
O Corpo de Bombeiros enviou quatro veículos para atender eventuais feridos, mas até as 15h não havia informações sobre pessoas machucadas. A PM havia destacado cem homens para acompanhar a manifestação, mas deslocou mais policiais para a Esplanada depois da confusão.
Barracas em acampamento de defensores da volta dos militares ao poder e o impeachment da presidente Dilma Rousseff (Foto: Gabriel Luiz/G1)Barracas em acampamento de defensores da volta dos militares ao poder e o impeachment da presidente Dilma Rousseff (Foto: Gabriel Luiz/G1)
A marcha das mulheres negras reunia 10 mil participantes até o momento da confusão, segundo a Polícia Militar, ou 20 mil, de acordo com os organizadores. A manifestação tinha como objetivo "mostrar o respeito pela ancestralidade", disse Vanda Menezes, uma das organizadoras do evento.

Pimenta em deputado
Durante o tumulto, o deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) foi atingido por gás de pimenta. A assessoria do parlamentar informou que ele conversava com representantes das marchas, tentando evitar conflito, quando o incidente ocorreu. 
Pimenta caiu no chão e precisou ser levado para o departamento médico da Câmara dos Deputados. Após análise, ele foi encaminhado a um oftalmologista, que receitou medicamentos para o olho. A assessoria disse que o órgão ficou inchado.
O parlamentar retomou o serviço em seguida. Ele participava de sessão na Comissão de Direitos Humanos à tarde.

Presente à marcha, a deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) comentou os tiros em uma rede social.
"Três tiros, entre várias outras violências, aconteceram agora no gramado do Congresso. Até quando os fascistas impedirão nossa atuação? O Congresso Nacional está sitiado. Golpistas q se instalaram aqui em definitivo impediram a Marcha de Mulheres Negras de se aproximar daqui. Um Congresso pode ser livre se está cercado por esse grupo armado? A própria policia legislativa está em risco, imagine o povo q luta" (sic), escreveu.
O deputado Paulo Pimenta (PT-RS) é atingido por gás de pimenta durante tumulto na Marcha das Mulheres Negras, em frente ao Congresso Nacional, em Brasília, nesta quarta-feira (Foto: André Dusek/Estadão Conteúdo)O deputado Paulo Pimenta (PT-RS) é atingido por gás de pimenta durante tumulto na Marcha das Mulheres Negras, em frente ao Congresso Nacional, em Brasília, nesta quarta-feira (Foto: André Dusek/Estadão Conteúdo)

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