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domingo, 22 de novembro de 2015

Muçulmanos que vivem no Rio sofrem ataques virtuais após atentados em Paris

Por O Dia - Nicolás Satriano  - Atualizada às 
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Mensagens como "mandem esta gente de volta para o país deles" são algumas das que aterrorizam esses estrangeiros

O Dia
Outra ameaça caminha junto ao horror dos ataques terroristas em Paris que chocaram o mundo na semana passada: o preconceito. Preocupados com o crescimento dos ataques pela internet, principalmente, seguidores do Islã no Rio criaram uma espécie de manual sobre como os fiéis devem se comportar para se proteger.
O temor é tamanho que os comentários na página oficial da Sociedade Beneficente Muçulmana do Rio de Janeiro (SBMRJ) foram desabilitados. “Este grupo que se autoproclama Estado Islâmico não é o verdadeiro Estado Islâmico. Suas práticas são condenadas pelo Islã”, explica o diretor do Departamento Educacional da SBMRJ, Sami Isbelle.
Sami Isbelle, da Sociedade Beneficente Muçulmana:
João Laet / Agência O Dia
Sami Isbelle, da Sociedade Beneficente Muçulmana: "A religião nada tem a ver com o terrorismo"
Dos quase 3 mil muçulmanos que vivem no Rio, cerca de 120 vão à mesquita frequentada por Sami, na Tijuca. Lá, muitos passaram a seguir as recomendações do líder religioso para garantir a própria segurança. Registrar agressões nas delegacias, evitar reações a insultos e não revidar as provocações são alguns dos itens sugeridos.
“Muitos têm feito uma ligação automática do Islã com tais crimes. O Islã é uma religião de paz, que busca aperfeiçoar o caráter e a conduta do ser humano para que a pessoa seja melhor e mais benéfica à sociedade”, diz. Sami prega que o diálogo é sempre o melhor caminho, desde que se perceba que há vontade para tanto do interlocutor. “Sempre que questionados, devemos mostrar que o que aconteceu na França nada tem a ver com o Islã”, complementa. No Brasil, a estimativa é que vivam mais de 1 milhão de muçulmanos.
Desde março deste ano, a instituição organiza um dossiê com denúncias de mensagens preconceituosas contra adeptos do Islã. Das 49 páginas que tinha no início, o documento cresceu e chegou a 100 páginas na última semana. Mensagens como ‘mandem esta gente de volta para o país deles’ ou ‘esquerdopatas querem trazer o islamismo para o Brasil’ se destacam. Nem a presidente Dilma Rousseff escapa da fúria segregacionista e é acusada de apoiar a entrada do Estado Islâmico no Brasil. "Ela quer f... mais ainda o País", diz uma delas.
A compilação de queixas de cunho islamofóbicos foi entregue à Secretaria de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos, que ficou responsável pelo envio do dossiê à Polícia Federal e ao Ministério Público. “Mas não houve resultado prático. Algumas páginas foram excluídas, mas não acreditamos que tenha sido devido às denúncias”, disse o assessor da SBMRJ, Fernando Celino, que é convertido ao Islã.
Registros em qualquer delegacia
A Polícia Civil informou que casos de intolerância religiosa podem ser registrados em qualquer delegacia e que por isso é difícil calcular o número de registros. Antes havia um núcleo especializado, mas desde 2010, o que passou a existir é uma parceria com a Comissão de Combate à Intolerância Religiosa, na Cidade da Polícia, no Jacarezinho. Já a Comissão de Combate à Intolerância Religiosa organizou para esta segunda-feira (23) um ato público de solidariedade na UFRJ.
Fonte: O Dia
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