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quinta-feira, 14 de maio de 2015

Após adiar casamento por causa de leucemia, enfermeira sobe ao altar


'Precisei ficar internada e passar por várias sessões de quimioterapia', diz.
Francianne, que é de Volta Redonda (RJ), ainda precisa de um transplante. 

Cristiane MendesVolta Redonda, RJ
Francianne conta que noivo também raspou a cabeça para incentivar tratamento (Foto: Francianne Azevedo/Arquivo Pessoal)Noivo também raspou a cabeça para incentivar tratamento (Foto: Francianne Azevedo/Arquivo Pessoal)
O ano de 2014 tinha tudo para ser de comemoração na vida da enfermeira de Volta Redonda(RJ), Francianne Azevedo, de 29 anos. Namorando há cinco anos e com o casamento marcado para novembro, ela viu os planos virarem de cabeça para baixo após descobrir uma leucemia mieloide aguda, um tipo de doença rara no sangue.
"A descoberta foi por acaso. Eu não sentia nenhum sintoma aparente, só muito cansaço, mas achava que era normal por causa da rotina agitada que levava. Eu fiz um exame demissional no serviço e nele constatou que meu hemograma estava muito alterado. Levei para um médico que pediu outros exames e diagnosticou que eu era portadora de câncer. Na hora, foi um susto. Mil coisas passaram na minha cabeça ao mesmo tempo", contou.
Com o diagnóstico de leucemia, Francianne começou uma corrida diária pela vida. Por conta da doença, alguns planos foram alterados. Entre eles o casamento.
"Já estava com quase tudo pronto para a cerimônia, mas  não tinha como casar naquele ano mais. Minha imunidade começou a ficar muito baixa, precisei ficar 28 dias internada, passei por várias sessões de quimioterapia e transfusão de sangue. Foi um período muito difícil, achava o tempo todo que iria morrer", explicou.
Segundo a enfermeira, a fase mais difícil do tratamento foi quando seu cabelo começou a cair. Muito vaidosa, ela lembra que já tinha até escolhido o penteado para o dia da cerimônia.
"Comecei a me sentir feia... Tinha um cabelo muito grande e de uma hora para outra tive que ficar careca. Lembro que meu noivo foi muito parceiro nessa hora. Para tentar me deixar mais alegre, ele até raspou a cabeça junto comigo. Brincava o tempo todo que nós éramos o casal 'careca' mais bonito do mundo. Ele me dava forças... Nunca deixou eu desistir de mim e nem da nossa história", disse.
Hoje, um ano após o início do tratamento, Francianne voltou a ter motivos para comemorar. Com a doença em remissão, ou seja, sem apresentar mais sinais de atividade do câncer, ela sobe ao altar no próximo sábado (16).
Após seis anos de namoro, casal realiza sonho de subir ao altar (Foto: Francianne Azevedo/Arquivo Pessoal)Após seis anos de namoro, casal realiza sonho de
subir ao altar (Foto: Francianne Azevedo/
Arquivo Pessoal)
"Graças a Deus a minha doença está estável e eu já consigo levar uma vida mais normal. Faço apenas a manutenção da doença, não fiquei mais internada e de três em três meses passo por exames para avaliar a minha saúde. Como estou bem, eu e o Rubem [o noivo], decidimos que essa era a época certa para gente realizar o nosso sonho. Acertamos todos os detalhes e vamos nos casar. Estou tão ansiosa para subir no altar de noiva que nem estou conseguindo dormir direito", contou.
O noivo, Rubem de Andrade Pessoa Junior, também comemora a chegada do grande dia. Orgulhoso, ele diz que Francianne é uma verdadeira guerreira.
"A Fran sempre foi muito determinada e mesmo no período mais frágil da vida dela, ela tentava encontrar um jeito para sorrir, sempre foi uma guerreira. Quando ela foi diagnosticada com câncer, eu quis deixar claro que iriamos enfrentar juntos essa batalha. Com cabelo, sem cabelo, ela sempre foi perfeita pra mim. Estou contando os minutos para o nosso casamento. É a realização do nosso maior sonho", disse.
Em busca de um doador
Apesar de estar com a doença estável, a enfermeira ainda precisa de um transplante de medula óssea para ficar 100% curada. Sem ter ninguém compatível na família e na busca de encontrar um possível doador, ela conta que irá participar de uma ação em Barra Mansa para cadastrar possíveis doadores.
"O evento acontece no fim de semana e é em parceria com o Grupo de Apoio à Pessoa Portadora de Leucemia. Essa campanha é muito importante porque a chance de encontrar um doador compatível é de 1 em 100 mil. Então, quanto mais doadores a gente conseguir reunir é uma chance a mais para quem está nessa luta. Estou na correria para o casamento, mas vou estar lá na sexta para divulgar a nossa causa", falou.
A campanha de cadastramento de medula óssea acontece nos dias 15 e 16 (sexta e sábado), das 8h as 17h, no Centro Integrado de Saúde do Centro Universitário de Barra Mansa (UBM). O local funciona na Rua Vereador Pinho de Carvalho, nº 267, no Centro. O interessado deve ter entre 18 e 55 anos e estar com boa saúde. É necessário também apresentar um documento de identidade original com foto e um comprovante de residência.
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