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quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Sobrevivente da boate Kiss dá à luz gêmeos em Santa Maria, no RS

Crianças nasceram prematuras e ganharam os nomes de Sarah e Pablo.
Para mãe, nascimento dos filhos significa um novo recomeço na vida.

Hygino VasconcellosDo G1 RS
Crianças nasceram de 34 semanas em Hospital Universitário de Santa Maria (Foto: Michele dos Santos Pereira/Divulgação)Crianças nasceram de 34 semanas em Hospital Universitário (Foto: Michele dos Santos Pereira/Divulgação)
Uma sobrevivente da tragédia na boate Kiss deu à luz dois gêmeos no último domingo (8), no Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM), na Região Central do Rio Grande do Sul. Os bebês nasceram prematuros de 34 semanas e já ganham total atenção da mãe Michele  Pereira dos Santos, 37 anos.  Durante a conversa com o G1 nesta quinta-feira (12), a mãe precisou se dividir entre as crianças e o telefonema. "Espera um pouco que um deles está me chamando." Era Sarah. Pouco tempo depois, um choro prolongado praticamente interrompeu a conversa. Era Pablo.
Dois nomes que para a mãe significam um recomeço na vida. "É um presentão para mim", diz  Ela estava na boate Kiss no dia 27 de janeiro de 2013 e viu quando o fogo se alastrou pelo teto – o incêndio resultou na morte de 242 pessoas. Era a primeira vez que ia na casa noturna e tinha ido com uma colega do curso técnico de radiologia, Leandra Toniolo, 23 anos. "Eu estava próxima da saída, até comentei com minha amiga que era para a gente ficar ali. E disse 'não me pergunta o porquê ".
Michele conseguiu escapar a tempo da boate. "Senti cheiro de queimado e na mesma hora eu pensei 'vou sair daqui'." Em seguida, começou uma fumaça muito forte e gritaria de quem tentava escapar. Mas a amiga da jovem não teve a mesma sorte. Pouco tempo antes da confusão na casa noturna, ela foi ao banheiro e não conseguiu deixar o local a tempo. "Depois que eu sai, eu quis entrar para procurá-la, mas não me deixaram", recorda Michele.  

Na fuga, a jovem machucou um dos joelhos e inalou a fumaça tóxica. "Fiz nebulização por um tempo, mas a respiração continuava ofegante. Descobri que estava com uma crise de ansiedade e tive que fazer tratamento". Durante a gravidez, Michele tinha receio de que a substância inalada na tragédia pudesse passar, pela corrente sanguínea, para os filhos, o que acabou não ocorrendo. 

Michele diz que ficou surpresa quando soube que viriam gêmeos. Já o marido da jovem, o músico Lucas Dickel, 25 anos, não tinha dúvidas. "Ele já sabia, sempre dizia. Para mim foi uma surpresa, mas uma alegria. Dois filhos são muita responsabilidade", conta. Ele descobriu no último domingo  (8) que estava com eclampsia, um aumento da pressão arterial, e teve que fazer o parto às pressas. Mas apesar do susto, correu tudo bem. 


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