Por Flávia Mantovani

O argentino Gabriel Heredia, de 43 anos, passou um mês viajando para chegar ao Rio na Olimpíada. Ele decidiu largar tudo em sua cidade, Santa Fé, e veio para os jogos alternando ônibus e carona, passando pelo Uruguai e pelo Sul do Brasil.

Chegando aqui, alugou um apartamento na favela Ladeira dos Tabajaras, na Zona Sul, com outros sete conterrâneos. “Além de ser muito mais barato, achei que seria uma experiência interessante”, diz.
Eles alternam a ida aos jogos da Olimpíada com alguns trabalhos para se sustentarem aqui – de garçons ou DJs, por exemplo.

Ex-proprietário de um bar em sua cidade, Gabriel agora vende na rua empanadas feitas por uma argentina amiga dele. Ele passa o dia todo caminhando na praia e depois precisa subir cerca de 400 degraus até o prédio onde fica o apartamento. No edifício, ainda são sete andares sem elevador. "Vou ficar tão forte que posso competir na próxima Olimpíada", brinca. E elogia a casa: "Tem reboco, piso de porcelanato, é ótima. Sem falar na vista da cidade, que é excelente.”

O argentino diz que já viu homens armados na comunidade, mas não se assustou e sempre foi bem tratado. “Lá é muito tranquilo. Mais de 90% dos moradores são trabalhadores, gente comum. Costumamos voltar à noite, de madrugada, e nunca tivemos problema”, afirma.

Ele gostou tanto do Rio e dos brasileiros que pensa em ficar pelo menos até setembro. “Quando acabar essa aventura vou ter que começar algo novo na Argentina. Mas agora não penso nisso”, diz.

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